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Voltar para o Brasil foi mais estranho de que pensei, a viagem não durou muito, mas era tudo diferente na Noruega. As casas, a arquitetura, as pessoas, o clima, e claro Andrew. Sei que ela não seria capaz de mudar sua relação comigo, mas é estranho pensar que estamos em um relacionamento sério.

Nunca tinha namorado sério antes, contando que meu namoro com doze anos não foi relevante. Aqui no Rio nunca tive tempo ou oportunidade para tal coisa. Daí do nada me aparece um Andrew da vida e me hipnotiza completamente.

Estou confusa e feliz, mas acima de tudo, estou ansiosa para o que a vida me preparou a seguir. Não tenho certeza de nada, só sei que vai dar tudo certo se estivermos juntos.

Levanto da cama e jogo meu pacote de biscoitos vazio na lixeira da cozinha, assim que abro a tampa um cheiro forte de lixo acumulado invade meu nariz.

-Isso está horrível! – Pego uma sacola de lixo grande e esvazio a lixeira, amarrando-a depois. É melhor tirar isso daqui antes que junte bicho. Saio do quarto e aproveito para esvaziar a lixeira da lavanderia também.

- Bom dia, Charlotte. Como foi a viagem? –Toni aparece me assustando.

- Olá, Toni, foi muito boa. –Sou vaga na resposta pois aposto que ele já sabe sobre mim e Andrew. - E a sua?

- Normal. O senhor Crewe saiu cedo e pediu para te entregar.

Toni me entrega um telefone igual ao meu antigo, só que o meu teve toda a tela rachada pelo tombo, esse está novinho. Não acredito que ele comprou outro telefone para mim.

-Obrigada, Toni. – Digo pegando o telefone.

- Por nada, com licença. – Ele se vira.

-Toni, sabe se Jonas já colocou o lixo para fora?

-Na verdade ele acabou de sair para isso.

-Ah sim, vou tentar alcança-lo, até mais Toni. – Grito e saio correndo para tentar alcançar Jonas.

Dou a volta no lago e quando estou quase chegando ao portão, avisto Jonas vindo em minha direção.

-Já colocou o lixo pra fora? –Digo sem fôlego.

-Desculpe acabei de pôr, mas pode me dar a sacola que eu volto lá. – Ele oferece sorrindo.

-Não, eu mesma vou lá, obrigada. – Agradeço a ajuda e vou até o portão que estava destrancada e jogo a sacola na enorme lata de lixo laranja na lateral do portão. Limpo minha mão no meu avental e entro.

Ando lentamente em volta do lago que parece nunca acabar quando o telefone no meu bolso começa a tocar. Tinha até me esquecido dele.

-Alô?

-Liguei para minha mãe e vamos lá hoje à tarde quando eu voltar da empresa. –Andrew vai direto ao ponto.

-Sem problemas, vou tentar adiantar as coisas por aqui. A viagem me acumulou muita roupa para passar.

-Sim, fique pronta as seis.

-Ok. Andrew, você não pode me comprar um telefone toda vez que eu quebro-o.

-Na verdade posso...

-Andrew, não começa.

-Não, eu quis dizer que posso, mas esse é o seu antigo telefone, só mandei que trocassem a película. –Tiro o celular do ouvido e observo uma pequena falha na tintura no topo do aparelho vinda do tombo que levou.

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora