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Tento levantar da cama mas todo meu corpo é puxado para baixo, como se tivesse um tijolo pesando toneladas em cima de mim.

Minha visão está falha, mas consigo perceber que não estou no meu quarto, esse é maior. Respiro fundo e consigo sentir um perfume familiar.

-Andrew. –Só pode ser o quarto dele, mas o que estou fazendo aqui?

Como um sopro, toda a noite de ontem vem a minha mente.

- Ah não... - Resmungo baixinho. Não passei essa vergonha.

Pego o travesseiro e o coloco tampando meu rosto com força. Por sorte eu desmaiaria de novo e morreria sufocada.

Estava tentando tirar uma foto da iluminação do topo das montanhas com neve, mas me veio uma tontura chata e deixei meu telefone cair da janela, em um reflexo tentei alcança-lo mas me desiquilibrei e acabei caindo junto, batendo com tudo no chão amortecido pela neve gelada.

Não sei bem o que aconteceu, mas minha cabeça doía demais. Eu não conseguia me mover de tanta dor latejante.

A partir daí não consigo me lembrar de quase nada. Lembro-me de sentir dor e não conseguir me levantar, lembro-me de encolher no chão gelado tentando me aquecer. Lembro vagamente de alcançar meu telefone e ligar para o número de emergência, no caso Andrew.

Levanto da cama relutantemente e tento me manter de pé, estou meio fraca, mas consigo andar. Abro a porta do quarto e desço para sala escorando no corrimão para descer as escadas.

Passo pelo corredor e avisto Andrew lendo jornal no sofá. Ele levanta seu olhar das paginas e me observa passar por ele e ir até a cozinha procurar algo para comer. Meu estômago está praticamente vazio.

-Onde a senhorita pensa que vai? - Andrew levanta do sofá e vem atrás de mim.

-Comer alguma coisa, você também quer? – pergunto abrindo a geladeira. Tiro um tipo de queijo meio esquisito e um suco de manga de caixinha.

-Você deveria estar em repouso, quando acabar aí você vai voltar para o quarto. –Ele me ordena, se ele não estivesse tão lindo com essas roupas casuais, eu teria ficado com raiva.

-Tá bom, viu onde fica a faca? – Ele mesmo anda até uma gaveta e a abre tirando e me entregando uma faca. Corto um pedaço do queijo e me sirvo suco.

-Como está se sentindo? –Andrew senta-se a minha frente na mesa.

-Meio fraca, meio dolorida e com fome, mas esse último já está sendo resolvido. - Digo enfiando um pedaço de queijo na boca.

-O médico receitou alguns comprimidos para dor, Toni já foi busca-los, estão ao lado da cama.

-Ah sim, vou precisar de alguns. - Minha coluna está me matando, fora toda a parte direita do meu corpo. - Você chamou um médico? Não me lembro.

-Sim, você estava desmaiada, ele retirou seus pontos também. – Olho para o meu braço no mesmo instante, a linha entre a ferida havia sumido.

-Nossa, eu realmente desmaiei. Não me lembro de nada.

Andrew me observa por alguns segundos com uma expressão que não consigo decifrar.

-Qual a última coisa da qual se lembra? – ele abaixa a voz. Eu faço força para me lembrar de algo relevante, mas não tenho muito sucesso.

-Não sei, acho que lembro de me encolher de frio e conseguir ligar pra você...

-Só isso? – Ele parece magoado.

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora