58 Ctt

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Amo livros de viagens no tempo, já li vários desde Outlander até o maravilhoso  ( na minha humilde opinião) romance nacional 'perdida'.

Nesse último a protogonista só jogou o telefone no vaso sanitário e viajou para mil oitocentos e uns quebrados. Não seria tão ruim fazer isso, estou quase saindo correndo do quarto até o banheiro jogar meu celular na privada para ver se tem como voltar ao tempo. Mas felizmente Andrew me prendeu ao século 21, me prendeu e não quero que solte nunca.

Estou no quarto do hospital prestes a tirar o curativo do olho, é apenas uma faixa enrolada bem forte para que eu não abrisse os olhos antes da data marcada, que segundo o médico era a ideal para o 'repouso'. Eu estou nervosa. Estou colossalmente nervosa, sei que essa palavra nem existe, mas é que não encontro palavra que define agora o estado dos meus nervos em geral.

Não que eu não queira voltar a ver, não é isso, eu quero ver o dia e poder diferenciar dá noite, quero ver Andrew e Bel e quero ver meu rosto, já nem lembro que aparência eu tenho mais. Eu só estou com medo. Tenho muito medo... Medo de não dar certo e ter passado por tudo isso sem motivo . Além disso, eu já fiquei muito tempo assim e me acomodei, acho que vou me assustar...

Talvez então, pensei, não quero voltar ao tempo quero adiar ele. Não anos, mas apenas 5 dias, nesse tempo já terei me acostumado seja qual for o resultado de hoje.

Segundo o médico a cirurgia foi tudo bem, mas os resultados são outras coisas não enumeradas ainda. Só saberemos quando tirarmos o curativo. E esse momento chegou.

- Quer saber, talvez eu devesse simplesmente arrancar essas faixas dá minha cara e tirar essa dúvida que está me matando. O médico está demorando uma eternidade e eu vou pirar aqui com tanta frustração. - Falo enquanto batuco meus pés no chão fazendo barulhos ocos da minha bota de cano baixo.

- Foi você que quis vir mais cedo. - Andrew me responde. Claro que pedi! Ficar em casa também estava me matando.

- Não está tão cedo assim, Andrew.

- Nos viemos uma hora mais cedo, Charlotte! - Ele me diz como se fosse um absurdo esperar uma hora em um hospital. Ele esperou muito mais que isso no dia da cirurgia!

- Eu estava nervosa.

- Sua conjugação de verbo está errada. - Ele ri. - Você está nervosa. E vir mais cedo não ajudou em nada.

- Eu só quero tirar isso dá cabeça. De todos os sentidos possíveis. - Tirar o curativo, esse problema e a incerteza.

- Não vai demorar. O doutor só vai terminar a última consulta. Parece que houve uma desistência na sua agenda.

- Tudo bem, eu consigo aguentar mais alguns minutos.

- OK, vamos falar sobre alguma coisa. - Ele diz tentando encontrar algum assunto. - O que você fez hoje?

- Acordei e vim para cá.

- OK vamos abordar outro assunto.

- Sim...

- Ah só quero te avisar para não se assustar quando me ver...

Fico um pouco paralisada, será que ele se machucou e feriu ou ...

- Você pintou seu cabelo de verde ou algo assim?

- O que!? Argh não! Eu não pintei meu cabelo.

- Então o que? - Só sobrou o machucado...

- Talvez eu tenha ficado mais bonito nesse tempo, mas você vai conseguir reparar com certeza.

Não consigo e solto uma risada

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora