09 CTt

154K 14K 961
                                    

-Ela não está acordando - Digo para Carla, a dona da pensão.

A menina que resgatei do córrego está deitada na minha cama, ela está desacorda há meia hora, Carla a dona da pensão foi simpática o bastante me ajudando a cuidar dela. Nós tiramos suas roupas molhadas e vestimos um vestido meu. Ficou muito largo, claro, mas era só o que tínhamos.

-É normal, daqui a pouco ela acorda. - assim que ela termina suas palavras, a menina acorda assustada tossindo repetidamente. -Calma flor, não se esforce . - Carla a ajuda a se sentar na cama, ela se encosta na cabeceira da cama e olha perdida para ao redor do quarto. Talvez esteja procurando reconhecer algo.

- Como você está se sentindo? - pergunto - Você demorou a acordar, estávamos preocupadas.

-Eu... eu acho que estou bem- ela fala, mas começa a tossir novamente para tirar o resto de água dos pulmões.

- Agora que vejo que já está bem, vou descer para cuidar da cozinha. Me mantenha informada Charlotte. E você mocinha- Carla se vira para a menina sentada em minha cama.- Trate de comer toda sopa quente que eu fiz.- ela diz e vai embora nos deixando sozinhas.

- Tome, coma a sopa ainda quente pois vai ser bom pra você que estava congelando minutos atrás- coloco a bandeja com o prato no colo dela, ela encara a sopa mas logo pega a colher e começa a comer.

-Como é seu nome? - estou muito curiosa sobre ela. Não espero que ela coma a sopa e já começo meu interrogatório.

-Meu ... Nome ?

-Sim, seu nome. O meu é Charlotte, e o seu é...?

-Isobel.

-Isobel ? Que nome diferente, diferente mas lindo. - me sento na beirada da cama e a observo comer.

-O que estava fazendo perto da água, você não pareceu saber nadar.

-Eu não sei nadar- ela responde. Suas respostas estão vagas. Ela parece confusa.

-Isso eu percebi.- solto uma risadinha. - de onde você é ?

-Eu ... eu .. Não... Eu não me lembro.

-Não se lembra? Você é do Rio de janeiro?

-Rio de Janeiro? -ela realmente está confusa.

-Sim, é onde estamos.

-Ah....Você é minha mãe ?

Mãe ? Será que ela está delirando ?

- Não, não sou, eu sou sua amiga. Sua mãe deve estar te procurando nesse momento.

-Está?

-Claro que sim, um menina tão meiga como você, ela deve estar desesperada. Quem são seus pais?

- Eu não sei. Acho que não me lembro.

Ela olha perdida em direção da parede e balança a cabeça, deve estar tentando voltar a mente ao seu normal. Ela faz cara de perdida e eu começo a imaginar que ela realmente não se lembra de nada.

Ai meu Deus!!

-Isobel ? Você se lembra de alguma coisa antes de cair no rio? - pergunto aflita. Ela ia colocar a colher na boca mas deixa o talher no ar, ela pensa um pouco, seus olhinhos arregalam e ela apenas balança sua cabeça de um lado a outro em sinal negativo.

Ela perdeu a memória? Pobrezinha. Eu coloco uma mão na boca sem perceber. Ela deve ter batido a cabeça ou algo assim, o barranco era muito alto, a queda deve ter causado essa perda de memória.

-oh minha querida, esta tudo bem, eu vou te ajudar a voltar para sua família. Você quer ficar comigo por enquanto ?

-sim, eu acho. -ela olha para baixo, encarando novamente o prato e continua a comer.

》》》♡《《《

Acordo com meu despertador natural e com a ajuda da claridade da janela. -mas que droga! - levanto pisando duro e vou até a janela para fechar a cortina, mas quando estou quase lá, meus olhos se movem para a menininha sentada na beirada da cama me encarando. Ela está com meu vestido caindo no seu ombro. Seus pés estão balançando no ar. Acho que nunca vou me acostumar com ela no meu quarto.

-Acordou cedo. Esta com fome?

-Sim, muita fome. Eu podia comer um elefante.

-Acho que um elefante não ia caber na sua barriga, mas vamos pedir a Carla para fazer um no almoço.- brinco com ela.

Isobel me surpreendeu, ela é bastante desinibida. Em pouco tempo já estávamos conversando como se nos conhecemos a muito tempo. Ela não se lembra de nada além de seu nome, mas mesmo assim não reclama de nada de sua vida.- vamos arrumar esse vestido seu e descer para tomar café.

Dona Carla tem me ajudado bastante, depois que contei a história de Isobel e sua perda de memória, ela me cedeu um quarto com duas camas e ainda irá me cobrar o preço de sempre até que eu encontre os pais dela. Agradeço imensamente a ela, eu nunca conseguiria cuidar de uma criança sozinha na minha condição financeira.

-Eu gosto desse vestido. Acho que temos gostos parecidos. - ela sorri e eu também.

-Temos bom gosto então. O que você trouxe naquela mochila ?- aponto para a mochila molhada que deixei atrás da porta .Me arrependo na mesma hora do que digo, esqueci que ela perdeu a memória. Mas ela não parece ficar chateada. Apenas se levanta e pega a bolsa a colocando na nossa frente.

-Talvez tenha o nome dos meus pais.- ela diz esperançosa abrindo o fecho rapidamente

A mochila está cheia de roupas dela, estão todas molhadas. Teremos que lava-las depois do café. Também tem algumas barrinhas de cereal que terão que ir para o lixo, pois estão molengas e cheias de água. Tem algumas pulseiras também mas nada de informações sobre sua família. Ela entristece.

-Não faz mal, vamos começar do zero então. Mas nós vamos encontrar sua família. Eu prometo.- digo fazendo um gesto meio bagunçado com a mão tentando representar um juramento. Ela ri do meu gesto e parece se esquecer da decepção.

-Tá bom.

-Vem cá, vamos resolver esse vestido.- ela para na minha frente e eu dou alguns nós nas alças o tornando um pouco mais curto. Ela segura a barra do vestido e sorri - nós vamos lavar suas roupas e você vai poder usar coisas do seu tamanho.

-Eu gosto desse, Não me importo. - não discuto.

-Vem, vamos tomar café. Vamos procurar seu elefante com dona Carla.

nós duas rimos e saímos do quarto.

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora