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Não dormi nada a noite, dei alguns cochilos mas não foram o suficiente. Não sei quantas horas agora, não posso nem pegar meu telefone para ver se já é manhã. Se bem que já não faz diferença nenhuma se é noite ou dia.

Só desconfiei que a manha chegou quando escutei os passos de Andrew entrando no quarto. Senti seu cheiro viciante, mas ele não chegou perto de mim, ficou o tempo todo sentado em uma poltrona ao lado da cama. Eu nem me mexi, tentei fingir dormir até que ele deixou o quarto.

Estou um lixo de pessoa hoje, não quero levantar, não quero me mexer, não quero falar com ninguém. Quero só ficar quieta comigo mesma, mas sei que pra isso tenho que sair dessa casa rapidamente.

Nunca fui tão iludida na minha vida, aquelas festas, vestidos e sapatos caros, sabia que nada disso era para mim. Eu tentei me avisar, mas a droga do meu coração só faz besteira. Mas eu amava Andrew.

Quem eu quero enganar... eu ainda amo ele.

Estou com tanta raiva de mim, mas a pior coisa é que para me livrar de Andrew, basta eu ir embora, mas para minha visão voltar... não tem solução aparente.

Algum tempo depois que Andrew saiu, levantei da cama e decidi tomar um banho até Isobel acordar.

No mesmo ritmo, andei lentamente e tateando a parede e os móveis. Tranquei a porta e tomei meu último banho aqui.

Entro no quarto e Isobel já está me esperando.

-Charlotte. Vou sair com meu pai, só vim ver você.

-Precisava mesmo de você, Isobel. - Caminho até a cama e me certifico que ela está no mesmo local antes de me sentar. -Pode pegar meu telefone para mim? Deve estar em cima da cômoda. -Peço a ela e sinto o colchão mexer.

-Está aqui. -Isobel põe o telefone na minha mão e eu tateio até encontrar o botão em alto relevo de ligar.

- Preciso que você entre no contatos pra mim. -Estendo o telefone pra ela e no mesmo instante ela fala o que pedi.

-Pra quem vai ligar?

-Procure por 'Amanda'. Sabe ler?

-Acho que consigo. A-M-A-N-D-A.- Ela soletra e me entrega o telefone.

-Isso, agora coloca pra chamar nesse botãozinho verde que deve estar aparecendo.

-Tudo bem. -Ela aperta e consigo escutar o barulho do aparelho fazendo a chamada.

Coloco-o no ouvido e espero até que Amanda atenda.

-Charlotte? Como você enxergou seu telefone para me ligar?-Ela atende com sua voz escandalosa de sempre.

-É muito bom ouvir você também, Amanda. -Solto uma risada, estava com saudades dela, da última vez não conseguimos conversar muito já que tive que ir para o hospital.

-E aí? Como estão as coisas? Já se acostumou...? É muito cedo para perguntar isso? Foi mal.

-Não vai nada bem, mas é uma longa história.

-Tenho tempo, pode falar.

Lembro que Isobel está no quarto e não quero falar mal do seu pai perto dela.

-Depois eu te conto. Amanda, preciso da sua ajuda.

-Pode falar.

-Você tinha me oferecido morar com você e ...

Ela me corta antes que eu termine a frase.

-Morar comigo? Claro que pode, obviamente, se não fosse você... -Ela fica calada, mas sei que esta pensando na época que 'vivia' nas ruas. Mas e Andrew? Ele não vai incomodar?

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora