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- É um banheiro feminino. - Minha voz sai rouca e meio esganiçada ao mesmo tempo.

- Por que você está assim? - Andrew me pergunta preocupado, ignorando completamente que está em um banheiro feminino.

- Estou tão desarrumada assim? - Tento fazer algum sorriso mas deve ter saído algo mais assustador no lugar.

- Para de brincadeira, Charlotte! - Ele me repreende sério. - Estou preocupado com você.

- Meu estômago está meio fraco esses dias. Deve ser alguma coisa que comi.

- Vem, vou te levar no médico . - Ele segura meu braço e faz menção de me levantar mas eu puxo de volta

- Não! - Eu quase grito. - Só preciso de um sal de frutas ou algo assim. Nunca teve dor no estômago antes? - Pergunto tentando familiariza-lo.

- Tem certeza? - Ele questiona ainda sério e preocupado.

Se eu for em um médico, será só para que outra pessoa diga no meu lugar que eu estou grávida, no caso o médico, talvez eu deva fazer isso e acabar logo com essa saga. Mentira, não posso ser tão covarde ao ponto.

- Sim, mas nós podemos ir embora agora?

- Óbvio que vamos embora agora, olha seu estado! - Ele me ajuda a levantar do chão e me encaro no espelho. Pareço uma palhaça de circo daqueles filmes de terror.

- Deixa eu só lavar meu rosto. - Eu peço e abro a torneira alta da pia quadrada. Andrew abaixa a minha mão do meu rosto e retira um lenço do bolso, ele o molha debaixo da torneira para o passar delicadamente pelo meu rosto, retirando assim toda mancha preta dos meus olhos e as vermelhas do batom borrado da boca, ou pelo menos o que conseguiu.

- Naturalmente linda, como sempre. - ele anuncia me fazendo sorrir timidamente.

- Vamos embora? - Eu pergunto.

- Claro. - Ele tira seu paletó e o envolve no meu ombro agora gelado e trêmulo.

- Vai ficar cheirando a vomitado. - Eu o aviso quando o pano preto toca meu vestido que era branco mas que agora está sujo.

- Não se preocupe com isso, a moça que lava minhas roupas, trabalha muito bem.

- Ah é?

- Ela é muito bonita também.

- Acho que está querendo me deixar com ciúmes, senhor Crewe.

- Creio que tenha que ficar mesmo, pois sou incondicionalmente apaixonado por ela.

- Idiota. - Eu solto uma risada, senti falta das suas piadas sarcásticas. Senti falta dele.

Ele da de ombros e me arrasta pela cintura para fora do banheiro.

- E a conta,- pergunto quando ele me direciona para sairmos pelas portas do fundo, próximas de onde estamos.

- Não se preocupe com isso. - Ele diz despreocupado e eu logo entendo.

- É seu, não é ?

- Talvez... - Ele responde com um sorriso de lado. Eu reviro meus olhos e o sigo até o estacionamento me xingando mentalmente por ter escolhido salto no lugar de confortáveis sapatilhas.

Meia Noite e Um - Completo ✔Onde histórias criam vida. Descubra agora