"Não sei o que eu senti na hora, acho que alívio. Eu o conquistei e consegui o estágio. E ali estava o meu novo, maravilhoso e lindo chefe, que posteriormente se tornaria o mais insuportável que existe, mas como iria adivinhar?"
Dedicada e preocupad...
Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.
Setembro passado
Cheguei mais cedo no local e me certifiquei meu sistema nervoso estava controlado, ou seja, detonei uma barra inteira de chocolate e um café duplo minutos antes. O elevador estava abarrotado de pessoas, algumas vestiam terno e outras roupas mais descoladas. Eu usava o meu blazer caramelo, uma calça social preta e uma sapatilha sem saltos. Meu cabelo estava escovado e carregava uma bolsa apoiada nos ombros presa ao meu corpo.
Ao chegar ao andar que a mulher do setor de recursos humanos me indicou, a porta estava escancarada e havia algumas pessoas sentadas nas mesas. Não notaram, ou fingiram que não, a minha presença. Com receio de ser mal educada, bati e esperei alguém me recepcionar. Dei uns passos e fiquei parada no meio do corredor que dava acesso às mesas. Observei as capas das revistas nas paredes e o estilo das pessoas que ali trabalhavam. Elas ostentavam roupas e cortes de cabelo que eu nunca usaria, porém admiro. Comecei a me arrepender por ter escolhido uma roupa tão formal e sem graça.
Peguei o celular na bolsa e conferi o endereço novamente pensando que tinha errado de local.
Maldito cérebro, sempre me sabotando.
Estava concentrada e levei um susto quando ouvi uma voz masculina permitindo a minha entrada.
– Pode entrar.
Olhei ao redor procurando quem tinha falado e não tinha sido ninguém dali. Até que vi a sala separada com a porta aberta. Antes de entrar, respirei fundo e engoli em seco. A sala não era grande, porém organizada e limpa. Havia um homem sentado atrás da única mesa disponível e não tirou os olhos dos papéis que analisava.
– Feche a porta, por favor. – e assim o fiz.
Andei em passos lentos até me aproximar o suficiente da mesa, implorando para que não houvesse nenhum cabo solto no chão para me derrubar.
Observava cada movimento que ele fazia ao desenhar uma assinatura no final de uma folha e quando ele ergueu o rosto para olhar para a tela do computador à sua frente, senti meu coração saltar. Ele não era o tipo de chefe que esperava encontrar.
– Pode se sentar, por favor. – disse educadamente, porém sem me olhar de fato.
Sentei e cruzei minhas pernas, ainda sentindo meus batimentos cardíacos sem controle. Coloquei minhas mãos sobre os joelhos, que já denunciavam o meu nervosismo. Quando tive absoluta certeza que ele não ia me encarar, o observei. Ele estava concentrado demais para notar.
Ele era um homem lindo. Depois de bombear oxigênio para o meu pulmão, fixei meu olhar na mesa. Quando ele finalmente me encarou, todo o meu corpo reagiu ao ver aqueles maravilhosos olhos azuis. Olhar para eles era como mergulhar dentro de um oceano. Desejei que sua audição não fosse aguçada para ouvir meu coração que batia forte.