Capítulo 4

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A classe permaneceu calada.

— Fuku — o silêncio foi quebrado pela professora —, estamos muito felizes por você estar aqui. Esperamos que esteja gostando de nossa cidade e de nosso país. Tenho certeza que você fará muitos amigos aqui e que todos estão curiosos para saber mais sobre você. Não estão? — sugeriu, olhando para os alunos.

Brian foi categórico e incisivo:

— Boa sorte em fazer amigos.

O diretor levantou os ombros e as mãos, e olhou fixamente para Brian. O garoto ficou sem graça e se encolheu na cadeira.

— Não ligue para isso — tranquilizou Richard. — Você poderia se sentar... deixe-me ver. Alguém se dispõe? — O silêncio permaneceu por poucos segundos. Uma mão no centro da classe foi levantada.

— Eu!

Zamir contraiu os músculos faciais. Queria rir, mas não podia. Katy o olhava como se o mesmo houvesse cometido algum delito grave. Com suaves passos, Fuku se aproximou de seu anfitrião.

— Bom dia.

— Muito prazer! Me chamo Ernest. E posso te falar? Você parece um personagem de anime que assisti na semana passada. Depois te falo mais sobre isso, mas, no anime, o personagem vence qualquer um com um golpe só.

Ambos sorriram. Ernest puxou a cadeira vazia ao seu lado.

— Sente-se.

O diretor sorriu e, antes de sair da sala, deu uma leve piscadela para a professora. Sarah não pestanejou e mordeu o lábio sensualmente, sem se preocupar com os alunos.

— Fuku? — Ernest chamou.

— Oi.

— Faz tempo que está em nosso país?

— Cheguei há pouco tempo. Ainda estou me habituando a toda esta rotina.

— Estou impressionado, seu inglês é muito bom — sorriu, sendo retribuído. — Você está morando onde?

— No casaréu do irmão do meu mestre. Como convivíamos e treinávamos juntos, passei a chamá-lo de tio. Ele é um senhor bem extravagante e super do bem. E a casa, mesmo antiga, é tão espalhafatosa quanto ele. Eu moro aqui perto. Ela fica próxima de uma farmácia e uma padaria. É impossível não reconhecê-la por causa das cores de suas paredes, pintadas em vermelho-vivo. Conhece?

— É claro que conheço! — disse, também balançando a cabeça. — É perto da banca de jornal que eu compro minhas HQs. Você coleciona também? Gosta desse universo nerd?

— Desculpe, mas não sei do que está falando.

A garota de cabelo encaracolado sentada na frente de Ernest levantou-se e, calada, mudou-se de carteira.

Ernest prosseguiu. — Você já leu alguma revista do Super-Homem, Batman, Homem Aranha, Capitão América...

— Não. Eu acho que não.

— Credo! Em que mundo você vive? Eles são os maiores super-heróis da Terra.

Fuku, impressionado, levantou as sobrancelhas. — Não conhecia. Eles são desta cidade?

O obeso garoto gargalhou, interrompendo a explicação da professora sobre mais um mistério de nosso planeta. — Desculpe, professora — disse. — Fuku, desculpe, mas não resisti — gargalhou, um pouco mais baixo desta vez. — Jura que você não conhece esses super-heróis?

— Eu passei minha vida toda em um monastério. Não tive tempo para... enfim, eu não conheço, não, mas adoraria conhecê-los.

Ernest concordou com a cabeça. — Gostei de você. Acho que seremos bons amigos.

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