Capítulo 9

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Tao foi o primeiro a golpear. Com um dos pés preso, saltitou até próximo de seu amigo. O soco, fraco, passou longe do rosto do adversário. Fuku deu um pulo para trás. Ambos ainda estavam se adaptando à nova realidade, mas o garoto de olhos azuis não podia pensar muito. Tao saltitou novamente, desta vez ainda mais rápido. Uma sequência de golpes foi distribuída. Fuku desviou de alguns e se defendeu de outros como pôde.

— Ataque! — Tao esperou o ataque do amigo, que não veio. — Por que não me ataca?

— Não consigo, desculpe.

— Não consegue, Olhos Azuis?

— Fui treinado minha vida toda para não atacar, e agora...

O mestre analisava a situação. Calado, penteou com os dedos sua espessa barba.

Tao Chan fitou o amigo. — Eu demorei muito para conseguir ser treinado pelo mestre, não vou desrespeitá-lo agora — disse, saltitando até próximo de Fuku. — Ataque! — berrou o garoto de mancha no rosto, sem obter reação nem resposta do amigo. — Ataque! — Mais socos foram dados, pegando Fuku de surpresa. Não apenas Fuku, como o mestre também. A agressividade de Tao era inédita. — Ataque! — ele não parava de repetir enquanto dava mais e mais golpes. Um potente soco acertou em cheio o rosto de Fuku, que rodopiou no ar e caiu pesadamente sobre uma pedra.

O ar abandonou seus pulmões rápido demais. Sentiu uma dor lancinante nas costelas. Algo estava errado. O mestre Feng correu em direção ao garoto, que gritava de dor.

— Calma, Fuku. Calma. Respire fundo — disse, tirando o elástico que prendia a perna do menino ao pescoço.

— Está doendo muito. Está queimando — seus olhos lacrimejavam.

— Talvez algumas costelas tenham trincado ou quebrado. Não se desespere. Ainda que a dor pareça insuportável, domine-a. Ela não é dona do seu corpo, nem da sua mente. Feche os olhos e se concentre em respirar.

Tao estava assustado. Tentava de toda forma se explicar, mas as palavras morriam em sua garganta. O mestre se aproximou do garoto e também retirou o elástico que o prendia. — Corra até o Templo e busque uma maca.

— Desculpe — foi o que Tao conseguiu falar no momento.

—Depois conversaremos sobre isso — disse Feng. — Agora vá!

Algum tempo se passou após aquele evento

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Algum tempo se passou após aquele evento. O mestre Feng, aproveitando o infortúnio, e a fim de poder dar total atenção ao seu pupilo, concedeu férias antecipadas a todos. O mestre até cogitou banir Tao por tempo indefinido; só não o fez pela intervenção de Fuku. Mesmo sofrendo na cama, o garoto pediu para Tao ficar. Falava repetidas vezes:

— Foi sem querer. Ele não queria fazer o que fez. Dê mais uma chance a ele.

Por fim, o mestre acatou seu pedido.

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