PROTETOR DA GALÁXIA

Capítulo 21

Os candidatos se entreolharam. Mas não tardou para ouvirem um grito ao fundo. E mais outro. Então auras foram usadas. Seres voadores se digladiavam nos céus. Feixes de luzes se chocavam na redoma protetora. O torneio começara.

Fuku olhou para Zamir, que olhou para Arkor. — O que faremos? Não seria melhor... — a conclusão fora perdida devido a um golpe recebido por uma gigantesca mão adiamantada em seu tronco. Fuku foi arremessado para longe, caindo desacordado. A plateia fez um som de gemido de dor e logo em seguida bateu palmas.

Zamir tentou ajudar, mas não houve tempo. O raquítico patrono do planeta de diamante partiu para cima do terráqueo. Seu corpo se transformou completamente em pedaços da pedra preciosa formada por carbono puro cristalizado, tornando-o gigante e potente. O terráqueo se abaixou com o primeiro soco recebido. O segundo golpe fez com que percebesse o quanto seu treinamento fora eficaz. Havia melhorado muito sua esquiva. Todavia, não precisou usar sua aura ou força física, afinal, no instante em que esquivou do segundo golpe, uma lacraia voadora agarrou abruptamente o adversário adiamantado e o levou para longe.

Zamir procurou Fuku, mas não o encontrou. Para onde quer que olhasse, via um participante sendo aniquilado, principalmente pelos seres de Nível Alto. A pilha de diversos pedaços de participantes já começava a se formar. O terráqueo sentiu nojo. Aquilo era um massacre. Sangue de todo tipo de cor e consistência estava espalhado pelos quatro cantos. Seu coração estava acelerado. Olhava para um lado e para o outro sem saber qual passo dar. O que fazer? Como fazer? Estava em uma guerra. Uma maldita guerra galáctica.

— Aqui! — gritou uma voz em meio a tantas outras. Arkor surgira flamejante.

— Ainda bem que te encontrei. Estou... — não sabia como terminar a frase.

— Acalme-se. Você precisa se concentrar. Foque na Categoria dos seres e fuja quando encontrar uma maior que a sua. Logo restarão apenas os mais poderosos. Eles são orgulhosos, vão lutar entre si. Espere. O importante é sobreviver e passar para a próxima fase — orientou o tigre flamejante enquanto esquivava de um cuspe ácido e lançava uma labareda, torrando instantaneamente um ser similar a um boneco de teste. — Vamos ficar em um dos cantos da arena. São as áreas menos visadas.

— Preciso encontrar meu... — pausou. Sabia que Fuku não era seu amigo. Longe disso. Mas, naquele momento, precisaria falar a palavra "amigo". Seria mais fácil do que explicar tudo desde o início, e não tinha tempo para isso.

— Infelizmente, não podemos fazer nada. Se ele já não estiver morto, está por conta própria. Sem falar que ele é um alvo fácil com aquelas linhas na testa. Não podemos nos arriscar — balançou a cabeça. — Siga-me!

Correram para um dos cantos da arena e se esconderam no amontoado de pilhas de corpos. Ao fundo, ouviam os espectadores ovacionarem uns e vaiarem outros. O fedor da morte penetrava suas narinas. Não foi assim que Zamir imaginou o torneio. Para ele, seria algo mais digno. Deus o enganou. Não contou tudo. Não revelou os espinhos do caminho. Agora não havia mais volta. Teria que lutar até o fim.

Zamir olhou para o lado viu algo bem parecido com um ursinho de pelúcia marrom-claro. Mesmo achando que fosse do sexo feminino por conta de um suave laço rosa na cabeça e, claro, sua voz, não poderia garantir. Tudo era tão novo e diferente. O ser pedia desesperadamente por ajuda. Era possível notar lágrimas escorrendo de seus grandes olhos negros. Devido ao soterramento, conseguia mexer apenas seu minúsculo braço felpudo. O terráqueo estava agachado entre aquilo que fora o patrono do planeta AEgir e o patrono do planeta XO-1b. Queria ajudar, mas Arkor balançou a cabeça. — Não há o que fazer.

Não se sabe quanto tempo passou, mas, por fim, tudo cessou. Os gritos diminuíram. Katy estava aflita. Fazia muito tempo que não via os meninos. Vira Zamir se esconder, mas Fuku tinha desaparecido desde o ataque do patrono do planeta de diamante.