Capítulo 34

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Sentirá a ira do meu rugido ensurdecedor! — gritou Arkor ao liberar sua aura.

Zamir se antecipou e também gritou, modulando a intensidade das ondas para uma frequência alta, superior aos ouvidos de um felino. O som não incomodou Zamir, talvez pela adaptação de seus ouvidos à sua aura, porém fez Arkor ficar louco. O felino caiu de joelhos, levando as mãos instantaneamente aos ouvidos. O ruído foi tão ensurdecedor que ele nem foi capaz de ouvir seus próprios gritos desesperados.

O terráqueo, então, esperou o colega se acalmar para se aproximar. — Eu estenderia minha mão, mas acho que me queimaria todo. Você está bem?

Arkor conseguiu esboçar um sorriso, apagando suas chamas e estendendo a mão. — Eu sempre soube que perderia. A sua aura pode parecer com a minha, mas é muito mais forte.

— Eu sabia que não podia lutar corpo a corpo com você sem me queimar. Então lembrei das aulas de biologia sobre frequências de audição e arrisquei. Essa foi minha única estratégia — retribuiu o sorriso.

A luta seguinte também foi uma das mais interessantes que o Torneio viu. Não pela violência ou pelas reviravoltas, mas pela originalidade. Após o locutor apresentar os participantes, Lloyd e J'Föx ficaram de frente um para o outro. O primeiro, excêntrico em seu traje de filmes de Velho Oeste, tinha uma enorme cabeleira branca e o corpo formado por uma energia amarela. Quanto ao segundo, lembrou a Ernest uma antiga borracha Mercur; J'Föx era vermelho com a cabeça azul e tinha uma estrutura corpórea retangular. Sua pele emborrachada permitia que ele se moldasse ao seu bel-prazer.

O juiz deu início à luta, e as auras de ambos foram acionadas no mesmo instante. Todavia, não houve movimentação, e assim permaneceu por um bom tempo. A partida ficou parada, sem nada acontecer. A plateia, claro, vaiou. Não tardou para J'Föx erguer o braço. — Eu perdi — disse apenas.

Todos foram pegos de surpresa. J'Föx aproximou-se de Lloyd e o cumprimentou: — Foi uma boa luta. Parabéns pela vitória.

— Foi mesmo. Teve um momento que você quase venceu — sorriu o outro, solícito. — Se eu não conseguisse sair a tempo, seus braços me sufocariam até a morte.

— Também pensei que te venceria naquele momento, mas você tinha uma carta na manga, não é mesmo? — piscou para o adversário.

— Posso interrompê-los? — O juiz se aproximou dos competidores. — A plateia quer entender. O que houve? Por que entregou a luta? — questionou, apontando o microfone para J'Föx.

— Entregar? Jamais entregaria uma luta. Eu apenas perdi. Lutamos por muitos dias, mas, no fim, não houve jeito. Eu perdi.

— Você está dizendo que lutaram? Como?

Os participantes de Nível Alto, Categoria Dois se entreolharam e disseram ao mesmo tempo: — Nossa aura é de prever o futuro.

O som de admiração foi geral. Mesmo não demonstrando, até Zaphatar se impressionou. O kapteyriano se remexeu em seu trono. Soube que teria sérios problemas caso um dos dois lutasse com ele.

Em seguida, Fuku venceu Qhuramyshu sem grandes esforços ao som da banda Walk the moon e sua música Shut up and dance, graças ao ipod de Ernest e sua pasta "NOVAS". Comemorou e dançou, fazendo a plateia gargalhar.

Jhonny5 até tentou, mas Tao Chan foi impetuoso e o derrotou. Por sorte, teve uma morte rápida e sem sofrimento. NÅwgli 23D e Blake-Y também protagonizaram uma das mais sanguinárias lutas já vistas. O primeiro, similar a um unicórnio azul de pouca pele e ossos proeminentes, entrou imponente. Galopava vangloriando-se de sua avantajada cabeça de espada. Blake-Y, um besouro-rinoceronte de carapaça multicolorida, entrou em igual pompa para combatê-lo, exibindo seus pontiagudos chifres. A luta foi violenta. Ambos se dilaceraram, e ambos não aguentaram os ferimentos. Morreram antes mesmo que fosse anunciado um vencedor. Ranghar venceu Copuzullan; e Kim e Dim derrotaram Kuato. Mesmo não aparentando, os gêmeos eram incrivelmente fortes e poderosos.

— E chegamos à etapa final! Quero que recebam com muitas palmas os apadrinhados do planeta Harlem, Leroy e Sho'nuff

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— E chegamos à etapa final! Quero que recebam com muitas palmas os apadrinhados do planeta Harlem, Leroy e Sho'nuff.

A plateia foi à loucura com a entrada dos dragões. Sho'nuff olhava com desdém para seu inimigo. Com o ego inflado, primeiro ridicularizou a forma de luta do oponente, depois tentou desestabilizá-lo com críticas. — Leroy, Leroy — debochou —, você tem certeza que quer lutar comigo? Já se esqueceu das surras que te dei?

— Não acontecerá novamente.

Não acontecerá novamente — repetiu Sho'nuff, debochado. — O que está dizendo? Fomos treinados juntos e você nunca me venceu.

— Fomos melhores amigos desde a infância. Sei que seu novo "eu" é apenas uma casca. Entendo que você precisava de outra personalidade para se tornar o general comandante do exército, mas precisava perder minha amizade? Destruir minha vila? Sua vila! Nossos amigos e familiares. No final, valeu a pena? E agora estamos aqui. Este cenário, nossa casa. Lutando por algo muito maior do que... — não conseguiu completar a frase, pois Sho'nuff voou com toda força para cima dele, transferindo uma série de socos e pontapés.

Leroy liberou sua aura e utilizou uma técnica adquirida ao vencer um dos participantes; seus braços criaram uma barreira protetora. Não muito eficaz, mas suficiente para protegê-lo.

— Vai usar a aura de outros? É assim que pensa em me vencer? Não consegue com apenas a sua? Olhe para esse número — disse o dragão vermelho, mostrando seu antebraço. — Pense na quantidade de auras que tenho em meu corpo. Quer mesmo brincar disso?

Leroy sabia que podia usar algumas auras poderosas. Mesmo mais fracas, poderiam surtir algum efeito. Porém seu povo era orgulhoso, e ele não era diferente. Queria vencer da forma que planejou, apenas com suas capacidades. O dragão amarelo acertou o rosto do oponente, que voou longe, mas que se recompôs e revidou o golpe. A partida estava equilibrada.

Sho'nuff acionou sua aura. Sem perder tempo, atacou seu inimigo. As tatuagens de Leroy surgiram no mesmo instante, e o dragão amarelo também foi para cima de seu desafeto. Para a plateia, era como dois fogos de artifício descontrolados se batendo. De um lado, um raio vermelho. Do outro, amarelo. Os feixes de luz cortavam o céu. Ora se chocavam, ora se distanciavam. O raio vermelho ziguezagueava tentando atrapalhar o oponente. Em uma dessas manobras, Sho'nuff conseguiu acertar Leroy, derrubando-o bisonhamente. Um feixe amarelo entregou a trajetória de sua queda.

O dragão amarelo mal se recompôs e recebeu um novo golpe. O soco acertou em cheio o focinho de Leroy, que, com o impacto, destruiu uma considerável parcela do cenário.

— Quem é o mestre? Quem é o mestre? — vociferou Sho'nuff, ovacionado pela torcida.

Leroy estava tonto. Chacoalhou a cabeça na esperança de desembaçar a visão. À medida que se recompunha, a arquibancada vibrava.

— Quem é o mestre? Quem é o mestre? — repetiu Sho'nuff, descuidado.

— Eu sou. — Para surpresa geral, Leroy acertou um potente e arrasador soco no queixo daquele que um dia fora seu melhor amigo, fazendo com que a língua fosse arrancada e lançada para longe.

—Que vitória magnífica! — berrou o juiz, acompanhado pelo batucar da arquibancada. — Podem vibrar, podem comemorar, porque Leroy vai para a próxima fase!

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