Capítulo 10

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O despertador tocou ao som de Queen. Ernest já foi logo acordando e cantando a música A Kind of Magic. Poucos sabiam de seu fanatismo por músicas antigas. Principalmente dos anos 80, 90 e 2000. Enquanto se vestia, cantarolava This flame that burns inside of me. I'm hearing secret harmonies... It's a kind of magic.

Preparou um generoso café da manhã. Olhou para seu relógio de pulso com pulseira de couro branco. Passava das 9h. O pessoal já está para chegar. Mal concluiu o pensamento, a campainha tocou. Foi logo saudando ao abrir a porta:

— Seja muito bem-vindo!

— Bom dia, Ernest.

— Muito bom dia, Fuku. Você realmente chegou bem na hora. O café da manhã está servido. — O anafado vestia uma camisa vermelha com o símbolo clássico em amarelo da Mulher Maravilha. — Que legal, não sabia que pessoas do seu tipo podiam usar shorts.

O careca sorriu. — Vou te falar que vir aqui em pleno sábado de treino fez meu tio Ge ir à loucura. Até agora não estou acreditando que ele tenha deixado. — Fuku olhou então para as suas vestes. — Não entendi — disse, apalpando a roupa. — Como assim "pessoas do seu tipo podem usar shorts"?

O anafado fechou os olhos e coçou a nuca. — Não foi exatamente isso que quis dizer, desculpe — sorriu mostrando a língua. — É que você... não sei explicar. Para mim, você é um personagem de filme ou desenho — gargalhou. — A sua fisionomia, o seu costume e até... — suspirou. — Você luta! Sabe o quanto isso é maneiro? Você é um mestre ninja.

O garoto de olhos puxados sorriu, tímido.

— Venha! Entre. Vou te mostrar minha casa — disse, apontando para uma enorme sala preenchida por um papel de parede verde-água e alguns quadros abstratos. Porém o que realmente chamava atenção era a estante da sala repleta de variados modelos de videogames e centenas de jogos. Claro que não podia deixar de ser notada a gigantesca TV ligada a um potente home theater. Ernest tinha uma vida boa, repleta de fartura. Ninguém precisava dizer, bastava olhar para sua casa.

— Que casa linda — admirou o chinesinho, sem saber para onde olhar. — É a primeira vez que vejo algo tão... tão — simulou com as mãos algo grande.

— Meus pais ganham bem — disse simplesmente o outro.

— E onde eles estão?

— Viajando — disse, cabisbaixo. — Eles viajam muito.

— Entendo. — Fuku preferiu desviar o assunto. Sentiu no tom de voz do colega que aquele assunto o chateava. — E você pretende me mostrar todos esses jogos? — apontou para algumas dezenas de jogos espalhados no tapete felpudo verde-musgo da sala.

— Esses e mais alguns. E ainda jogaremos algumas partidas online. Só estou esperando minha parceira — apontou para outro cômodo da casa. — Vamos comer.

— Parceira?

Fuku ficara sem resposta, pois a campainha tocou e Ernest correu para atendê-la.

— Deve ser ela! — abriu a porta, entusiasmado.

— Olá, Agente Smith — sorriu Katy, mostrando o aparelho dentário.

— Olá, Trinity — o garoto retribuiu a referência. — Entre! O café da manhã já está pronto.

— Ele veio? — Katy abaixou o tom de voz e ajeitou sua enorme cabeleira.

— Nem acredito, mas sim. Ele está na cozinha. Ainda está tímido, mas acho que se soltará com o tempo.

Fuku aguardava para o início do café da manhã. Como não havia comido nada no dia anterior por conta da punição de Ge Shui, estava faminto. Admirava a fartura de alimentos e não via a hora de abocanhar um pouco de cada. Experimentaria de tudo. Seu estômago rugiu ferozmente no momento em que os amigos entraram no cômodo.

PROTETOR DA GALÁXIAOnde histórias criam vida. Descubra agora