Calmo e sereno, Lloyd se aproximou de Leroy com seu sotaque despojado. — Leroy, eu já vi a nossa luta no momento em que acionei minha aura. Abaixe sua guarda. Eu não o matarei — sorriu, solícito. — Você perderá. Desculpe, mas é a verdade. Além disso, sei que entrou no torneio apenas para vencer Sho'nuff.
Ao ouvir o nome do amigo de infância, Leroy abaixou a guarda. Realmente havia entrado no torneio por aquele motivo.
— Desisto! — gritou o dragão amarelo, levantando um dos braços.
Zaphatar estava impaciente. Todas as lutas de Lloyd eram iguais. Sem ação. Talvez essa seja sua aura, convencer os outros a desistir, riu em seu trono.
— Será que posso me retirar? — questionou Leroy a Lloyd.
— Devemos esperar. Aquele assistente chamou o juiz para algo. Não parece coisa boa.
Sabendo que o destino de um dos participantes mudaria drasticamente, o juiz disse lentamente: — Retire-se, Leroy. O torneio acabou para você — respirou fundo. — Lloyd, você terá que lutar. Se houver mais alguma desistência, você será desclassificado. O público clama por lutas agitadas, não podemos mais permitir isso — gesticulou freneticamente. Voltou-se, então, para a plateia. — Vocês anseiam por uma grande batalha, não é mesmo? — A plateia gritou em resposta. — Então deem boas-vindas ao novo participante que lutará com Lloyd!
Sob palmas e vaias, o dragão amarelo cruzou com o participante que o substituiria. — Desculpe-me, Fuku. Não queria que isso acontecesse.
— Relaxe, Leroy, você fez o possível. Como vencer alguém que já sabe seu destino?
Os tambores batiam com vigor, fazendo a arquibancada vibrar. — Amado por uns e odiado por outros, nosso Categoria Sete está chegando. Será que ele tem o que é preciso para vencer a aura de Lloyd? Veremos agora! — o juiz olhou ameaçadoramente para os participantes. — Lutem!
O cenário votado foi o planeta futurista . Dezenas de carros voadores e estranhos arranha-céus tomaram conta do lugar. Impressionado, Fuku se aproximou de Lloyd e o cumprimentou. — Que lugar maneiro. Meu amigo Ernest adoraria morar num lugar assim e dirigir um desses carros.
— Provavelmente seu amigo iria adorar andar em um potente então. Quem sabe vocês não visitam meu planeta algum dia? — sorriu, sua boca formando um raio.
— Comecem a luta agora! — gritou o juiz.
Lloyd acionou sua aura e previu o futuro. Coçou a cabeleira branca e ajeitou seu traje. Por fim, balançou a cabeça em negação. — Não é possível. Como pude cometer esse erro? — balbuciou para si.
— Lloyd? O que está acontecendo? Precisamos lutar.
— Fuku, preste muita atenção no que direi. Eu cometi um erro terrível. Quero que me mate. Faça isso agora!
O terráqueo olhou estranho para o sujeito.
— Nós vamos lutar, mas nada muito violento. Minha aura é difícil de ser compreendida. O futuro só é revelado quando o participante me toca. Vi seu futuro. Você é muito mais do que aparenta ser.
— Mas... — o chinês não soube o que dizer.
— Para aqueles que tem a aura igual a minha, o futuro não pode ser alterado. Tenho minhas vantagens e desvantagens no torneio. Agora, para vocês, tudo pode acontecer. O que vi é apenas uma das possibilidades. Por sinal, sua aura é incrível, acabou inutilizando a eficácia do meu dom. Mas chega de conversa, pois o tempo está acabando. Preciso que me mate.
— Eu não entendo. Você é o grande favorito a vencer Zaphatar.
Gentil, Lloyd alegrou-se. — Não sou. Outro fará isso.
Fuku balançou a cabeça. — Não posso.
— Você não tem escolha. Já tivemos esta conversa e acabei deixando minha guarda aberta. Zaphatar está pensando em me matar enquanto conversamos. Logo lançará aquele maldito raio em mim. Fuku, você tem nas mãos a oportunidade de ter a minha aura, ou Zaphatar a terá.
A poucos metros da arena, as tatuagens do Protetor da Galáxia interino afloraram. Zaphatar não pestanejou e rapidamente mirou seu raio roxo em Lloyd, assim como o participante de Lone-Pine havia dito. A explosão levantou uma nuvem de fumaça. A plateia ficou agitada. Zaphatar gargalhou alto. — Venha aura, venha. Serei imbatível agora! — gritou.
A fumaça se dissipou junto com o cenário. A alguns metros da explosão, Fuku carregava o corpo de Lloyd. O juiz ficou eufórico, sem entender. — O que será que aconteceu? Precisamos rever a cena em detalhes! — O robozinho rapidamente mostrou os últimos momentos da luta. Segundos antes de ser atingido pelo raio de Zaphatar, Lloyd criou uma faca com sua energia corporal, e, pegando a mão desprevenida de Fuku, perfurou seu próprio abdômen. O rapaz, emudecido e assustado, arregalou os olhos, incrédulo. — Você não tomaria essa atitude — foram as últimas palavras de Lloyd.
O terráqueo ficou em estado de choque ao ver o sangue amarelado escorrer de sua mão. Sua primeira morte no torneio. Calado, entregou o corpo para os assistentes da arena.
— Nível Baixo, Categoria Sete venceu! Temos nosso primeiro finalista! — gritou o locutor.
Fuku continuou encarando sua mão enquanto a plateia comemorava em exacerbada euforia. Olhou para Zaphatar. O Protetor da Galáxia interino bufava, incrédulo, voltando a se sentar no trono.
—Categoria Sete, você precisa se retirar — avisou o locutor. — Precisamos começar a próxima luta. Zaphatar está impaciente. — Voltou sua atenção para a plateia. — Muitas emoções! O torneio está acabando e precisamos descobrir quem será o próximo finalista. Sem delongas, entrem Tao e Zamir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
PROTETOR DA GALÁXIA
FantasyDeus nos protegeu por muito tempo. Porém, após ser derrotado pelo temível Zaphatar, um novo torneio foi aberto nos confins da galáxia. Agora cabe a Fuku, um pacato chinês, e seus amigos deixarem suas vidas na Terra para uma jornada repleta de desafi...