Capítulo 36

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Calmo e sereno, Lloyd se aproximou de Leroy com seu sotaque despojado. — Leroy, eu já vi a nossa luta no momento em que acionei minha aura. Abaixe sua guarda. Eu não o matarei — sorriu, solícito. — Você perderá. Desculpe, mas é a verdade. Além disso, sei que entrou no torneio apenas para vencer Sho'nuff.

Ao ouvir o nome do amigo de infância, Leroy abaixou a guarda. Realmente havia entrado no torneio por aquele motivo.

— Desisto! — gritou o dragão amarelo, levantando um dos braços.

Zaphatar estava impaciente. Todas as lutas de Lloyd eram iguais. Sem ação. Talvez essa seja sua aura, convencer os outros a desistir, riu em seu trono.

— Será que posso me retirar? — questionou Leroy a Lloyd.

— Devemos esperar. Aquele assistente chamou o juiz para algo. Não parece coisa boa.

Sabendo que o destino de um dos participantes mudaria drasticamente, o juiz disse lentamente: — Retire-se, Leroy. O torneio acabou para você — respirou fundo. — Lloyd, você terá que lutar. Se houver mais alguma desistência, você será desclassificado. O público clama por lutas agitadas, não podemos mais permitir isso — gesticulou freneticamente. Voltou-se, então, para a plateia. — Vocês anseiam por uma grande batalha, não é mesmo? — A plateia gritou em resposta. — Então deem boas-vindas ao novo participante que lutará com Lloyd!

Sob palmas e vaias, o dragão amarelo cruzou com o participante que o substituiria. — Desculpe-me, Fuku. Não queria que isso acontecesse.

— Relaxe, Leroy, você fez o possível. Como vencer alguém que já sabe seu destino?

Os tambores batiam com vigor, fazendo a arquibancada vibrar. — Amado por uns e odiado por outros, nosso Categoria Sete está chegando. Será que ele tem o que é preciso para vencer a aura de Lloyd? Veremos agora! — o juiz olhou ameaçadoramente para os participantes. — Lutem!

O cenário votado foi o planeta futurista . Dezenas de carros voadores e estranhos arranha-céus tomaram conta do lugar. Impressionado, Fuku se aproximou de Lloyd e o cumprimentou. — Que lugar maneiro. Meu amigo Ernest adoraria morar num lugar assim e dirigir um desses carros.

— Provavelmente seu amigo iria adorar andar em um potente então. Quem sabe vocês não visitam meu planeta algum dia? — sorriu, sua boca formando um raio.

— Comecem a luta agora! — gritou o juiz.

Lloyd acionou sua aura e previu o futuro. Coçou a cabeleira branca e ajeitou seu traje. Por fim, balançou a cabeça em negação. — Não é possível. Como pude cometer esse erro? — balbuciou para si.

— Lloyd? O que está acontecendo? Precisamos lutar.

— Fuku, preste muita atenção no que direi. Eu cometi um erro terrível. Quero que me mate. Faça isso agora!

O terráqueo olhou estranho para o sujeito.

— Nós vamos lutar, mas nada muito violento. Minha aura é difícil de ser compreendida. O futuro só é revelado quando o participante me toca. Vi seu futuro. Você é muito mais do que aparenta ser.

— Mas... — o chinês não soube o que dizer.

— Para aqueles que tem a aura igual a minha, o futuro não pode ser alterado. Tenho minhas vantagens e desvantagens no torneio. Agora, para vocês, tudo pode acontecer. O que vi é apenas uma das possibilidades. Por sinal, sua aura é incrível, acabou inutilizando a eficácia do meu dom. Mas chega de conversa, pois o tempo está acabando. Preciso que me mate.

— Eu não entendo. Você é o grande favorito a vencer Zaphatar.

Gentil, Lloyd alegrou-se. — Não sou. Outro fará isso.

Fuku balançou a cabeça. — Não posso.

— Você não tem escolha. Já tivemos esta conversa e acabei deixando minha guarda aberta. Zaphatar está pensando em me matar enquanto conversamos. Logo lançará aquele maldito raio em mim. Fuku, você tem nas mãos a oportunidade de ter a minha aura, ou Zaphatar a terá.

A poucos metros da arena, as tatuagens do Protetor da Galáxia interino afloraram. Zaphatar não pestanejou e rapidamente mirou seu raio roxo em Lloyd, assim como o participante de Lone-Pine havia dito. A explosão levantou uma nuvem de fumaça. A plateia ficou agitada. Zaphatar gargalhou alto. — Venha aura, venha. Serei imbatível agora! — gritou.

A fumaça se dissipou junto com o cenário. A alguns metros da explosão, Fuku carregava o corpo de Lloyd. O juiz ficou eufórico, sem entender. — O que será que aconteceu? Precisamos rever a cena em detalhes! — O robozinho rapidamente mostrou os últimos momentos da luta. Segundos antes de ser atingido pelo raio de Zaphatar, Lloyd criou uma faca com sua energia corporal, e, pegando a mão desprevenida de Fuku, perfurou seu próprio abdômen. O rapaz, emudecido e assustado, arregalou os olhos, incrédulo. — Você não tomaria essa atitude — foram as últimas palavras de Lloyd.

O terráqueo ficou em estado de choque ao ver o sangue amarelado escorrer de sua mão. Sua primeira morte no torneio. Calado, entregou o corpo para os assistentes da arena.

— Nível Baixo, Categoria Sete venceu! Temos nosso primeiro finalista! — gritou o locutor.

Fuku continuou encarando sua mão enquanto a plateia comemorava em exacerbada euforia. Olhou para Zaphatar. O Protetor da Galáxia interino bufava, incrédulo, voltando a se sentar no trono.

—Categoria Sete, você precisa se retirar — avisou o locutor. — Precisamos começar a próxima luta. Zaphatar está impaciente. — Voltou sua atenção para a plateia. — Muitas emoções! O torneio está acabando e precisamos descobrir quem será o próximo finalista. Sem delongas, entrem Tao e Zamir.

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