Capítulo 30

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Arkor fez com que as chamas de seu corpo apagassem por completo, revelando um sujeito negro com quatro linhas vermelhas na testa. Seus olhos alaranjados brilhavam. — Leve-me até Vaus — disse o patrono do planeta HAT-P-9b para Leroy. — Aquela esfera atrás de suas costas é perigosa. Já vi sua aura sendo usada.

O dragão amarelo sobrevoou e agarrou os ombros de Arkor, enquanto Melea e Kalphita entregavam um embate sangrento e avassalador. A patrona do planeta Éris carregava uma elevada pelanca em sua traseira, vazia, no aguardo de ser preenchida. Com uma agilidade incomum, procurava fincar sua boca em formato de canudo na oponente. Para isso, em cada canto de sua mandíbula, garras tentavam catrafilar a presa. Coincidência ou não, Kalphita também buscava uma forma de agarrar a participante com uma de suas oito patas e, assim, poder usar sua aura. Qualquer erro significaria o fim de ambas.

— É aqui que te deixo. O resto é com você. — Leroy soltou o companheiro de grupo, que se lançou no adversário.

O compartimento do dorso de Vaus se abriu, liberando uma esfera de material resistente. As tatuagens tomaram seu corpo cilíndrico e, com a aura desperta, levitou velozmente em direção ao outro.

Arkor estava em queda livre. Se não fizesse nada, aquela esfera o destroçaria. Próximo de colidirem, seu corpo ardeu em chamas. Quase não foi possível notar, mas surgiram em seus braços símbolos tribais azuis e pretos. — Você sentirá a ira do meu rugido ensurdecedor! — gritou o patrono do planeta HAT-P-9b ao liberar sua aura, fazendo a esfera perder força e cair. Entretanto o tempo de aura de Vaus ainda não estava finalizado, e a esfera massiva recuperou sua força e o projétil retomou seu destino.

— Eu serei seu oponente! — bufou Tikuy'r para Leroy.

O dragão aterrissou sorridente. — Tem certeza? Acho que será injusto, afinal sou muito mais forte do que você.

— Temos o mesmo Nível e Categoria. Veremos quem é o mais forte. — O participante do planeta Osíris bateu suas patas dianteiras no ar, ciscou o chão e correu em direção ao competidor. Seus pelos enrijeceram. Estava excitado. Lutas sempre o deixavam em êxtase, faminto por sangue. A saliva escorria dos dentes expostos. Queria sentir sua mandíbula cravar o inimigo.

Ao se aproximar do oponente, suas patas se preencheram de tatuagens e seu corpo ficou consideravelmente mais musculoso. Seu tamanho e sua brutalidade triplicaram. A pancada foi forte. Leroy foi arremessado para longe, deixando a plateia aflita. Todavia, o apadrinhado do planeta Harlem levantou, sorridente. Nada havia acontecido. Avistou Chucrute ao longe. O participante do planeta Ceres se arrastava lentamente em direção a Dajon, que se encontrava estranhamente estagnado desde o momento que o juiz iniciara a disputa.

— Pare de prestar atenção em outra luta — vociferou Tikuy'r, dando mais uma investida. Dessa vez, porém, Leroy se esquivou como um toureiro se esquivaria de um touro. Uma nova investida foi dada e Leroy se esquivou novamente. E de novo.

O javali estava cansado. Sua aura, esvaecida. Esse era o momento que Leroy esperava. O dragão amarelo não perdeu tempo e voou sobre o oponente, transferindo um golpe mortal.

Tudo saiu como planejado. O ataque foi certeiro na nuca do oponente, mas Leroy não comemorou. Não estava feliz. Na verdade, suas feições eram de dor. Olhou para seu braço direito e notou uma deformidade. Seu membro estava quebrado em três lugares. A plateia gritou em uma mistura de excitação e pena.

— Meu corpo é resistente, independentemente de eu usar ou não minha aura. Eu não cheguei até aqui à toa, você deveria saber. Eu sou invencível! — gargalhou Tikuy'r. — E digo mais! Tenho uma surpresinha para você. — Suas patas voltaram a ser preenchidas com tatuagens. O tempo da aura se recompor havia passado. Ele estava no jogo novamente.

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