Capítulo 41

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O terráqueo permaneceu na pose de ataque, olhando para o corpo inerte de seu oponente. Uma luz focou nele enquanto fogos de artifício estouravam em algum lugar. Na arquibancada, seres levantavam e sentavam, fazendo uma onda. Os que torciam contra logo foram embora.

O juiz se aproximou de Fuku. — A luta terminou, Protetor da Galáxia — sorriu e se ajoelhou, reverenciando-o.

Mesmo sem enxergar, Fuku sentiu o campo energético púrpura do juiz próximo a ele. Então fitou a arquibancada. Dezenas de cores cintilavam como uma caixa de lápis de cor. Fuku finalmente relaxou os músculos.

— O que farão com ele? — perguntou, apontando para Zaphatar.

— Ele ficará aqui. Nada podemos fazer quanto a isso.

— Mas eu preciso dele. Ele...

Enfurecido, Zaphatar levantou-se de qualquer jeito. Seu corpo estava diferente, como uma caveira ambulante. Assim como Katy havia visto em outra ocasião. — Você me humilhou na frente de todos — esbravejou o ser magérrimo e decrépito entre uma tosse e outra. Por vezes engasgou.

— Eu não fiz por querer.

— Você pagará por isso. Eu ainda te vencerei, Categoria Sete, e recuperarei minha honra. Nossa luta ainda não terminou — anunciou recolhendo o cubo negro da arena e dando as costas para todos.

— Zaphatar, por favor, eu preciso dela. Você prometeu. Eu não usei minha aura. Diga onde ela está — o terráqueo gritou, desesperado. — Eu suplico! Zaphatar! — calou-se ao deixar de perceber a energia negra de Zaphatar. — Aonde ele foi?

— Sinto muito, Protetor da Galáxia, mas ele mentiu. Lembre-se que a aura só pode ser usada dentro do torneio, e ele terminou. Nada pode ser feito — finalizou o locutor.

Foi como se Fuku levasse um soco no estômago. — Não! Não pode ser! Não, não, não! Eu preciso encontrá-la. Eu preciso... — o rapaz começou a chorar. Sentiu de repente um acalorado abraço. Não precisou da visão para saber de quem se tratava. — Ernest, ela... Eu preciso encontrá-la.

— Cadê ela Fuku? Cadê ela? O que aconteceu? Por que ela não retornou? Você precisa trazê-la de volta, está me ouvindo? — Ernest o abraçou desesperado. Um abraço apertado. Choraram juntos. E ficaram assim por um bom tempo.

— Vou encontrá-la custe o que custar — Fuku limitou.

— Você irá, meu amigo. Estamos juntos nessa. Nós te ajudaremos — sussurrou em meio às lágrimas. — Mas precisamos nos acalmar. Neste instante nossas emoções estão falando acima de nossa razão e Katy iria querer que ficássemos felizes. Vencemos o torneio. Você vai precisar ser forte. Enxugue suas lágrimas e vá receber seu título. Você agora é o nosso protetor — tentou sorrir na tentativa de motivar seu amigo.

Fuku caminhou para fora da arena sob ovação. Ernest o acompanhou até a entrada do corredor, porém foi proibido de ir além. Os assistentes do torneio levaram Fuku até uma sala, onde limparam-no. Deram-lhe um banho a vapor e fizeram curativos no seu braço e nos seus olhos. Por fim, vestiram-no como um Protetor da Galáxia deveria se vestir. Calçou uma sandália de couro branco e, amarradas em suas panturrilhas, fitas douradas. Já cobrindo seu corpo, uma túnica branca com detalhes geométricos em dourado e, ao redor do pescoço, cobrindo seus ombros, uma echarpe vermelha em renda transparente. Na testa, uma fina coroa dourada de três pontos, com uma pedra verde-água no centro de cada ponto. Fuku sabia que estava ridículo, mas não podia dizer nada. Seu desejo, claro, era sair o mais rápido daquele lugar para procurar Katy.

— Senhor, está tudo pronto — disse o locutor, adentrando o recinto. — Vamos?

Fuku nada disse, apenas assentiu com dificuldade. Uma enorme mandala dourada e rígida, com dezenas de símbolos desconhecidos por ele, estava sobre seus ombros, acoplada em suas costas.

PROTETOR DA GALÁXIAOnde histórias criam vida. Descubra agora