Capítulo 37

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Tao foi o primeiro a entrar. Não sob muito entusiasmo, pois a grande parcela do público torcia para Zamir. Mas ele não se importava. Confiante, aguardou pacientemente o rival. Aproveitou para ajeitar sua máscara marrom parecida com um bico de ave. Olhou para o banco onde deveria estar seu motivador; vazio, por sua decisão. Fitou, então, o banco do concorrente e avistou Ernest, Katherine, EnlaiT, Arkor, Leroy, Fuku e Zamir.

— Dê o seu melhor, NI — desejou EnlaiT a Zamir.

— Darei, marciano — sorriu Zamir.

Arkor e Leroy fecharam os dedos como quem daria um soco. Zamir entendeu o recado e fez o mesmo, tocando levemente a mão dos amigos; o cumprimento que ensinara. Aproximou-se de Ernest. Respirou fundo. Muitas lembranças passaram pela sua cabeça. — Desculpe-me — anunciou, para espanto geral. — Sei que te causei muito mal. A pessoa que conheceu na Terra não existe mais. Pensava que todos deveriam ser como eu e fazer tudo do meu jeito. Aqui, no meio dessa infinidade de seres, percebi quão pequenos somos e o quanto as diferenças pouco importam.

Ernest o abraçou com lágrimas nos olhos, surpreendendo-o. — Eu sempre fui chacoteado na minha vida, e meio que me acostumei. Eu só ficava triste pelos outros, os mais fracos de mente. — disse, tocando a própria testa. — Mas faremos o seguinte: não te perdoarei agora. Assim que vencer Tao, volte aqui e fale tudo de novo, aí eu te desculpo, fechou? — piscou com o olho direito e sorriu sem mostrar os dentes.

— Zamir? — Fuku estendeu o braço para cumprimentá-lo. — Deixe-me lutar em seu lugar. Eu tenho mais...

— Eu lutarei — interrompeu o outro, tentando não ser tão ríspido.

Fuku entendeu o recado. — Tudo bem, eu entendo. Boa sorte e... tome cuidado com ele. Não deixe que te toque. Você viu o que aconteceu com os gêmeos.

— Pode deixar, cabeça de ovo! E você ainda medeve uma luta de verdade. Você não lutou para valer daquela vez no treino. — sorriuna medida do possível — Mas agora preciso conversar a sós com Katy. Podemos? —perguntou para a garota, que assentiu.

O grupo se distanciou, deixando-os sozinhos.

— Katy, também gostaria de me desculpar com você. Não me lembro de tê-lo feito antes, apesar de ter tentado várias vezes — pausou. — É incrível como você ainda me deixa nervoso. É difícil te olhar e não pensar em te beijar. Você é linda. O amor da minha vida. Sempre foi e sempre será.

Aquelas palavras tocaram o fundo da alma da garota. Katy o abraçou com força. Uma gota salgada escorreu pelo seu rosto e pingou no ombro dele. — Tudo vai dar certo, Za — disse, dando um selinho nele e se afastando.

— Fuku. — Zamir o chamou novamente.

— Diga — respondeu Fuku, cabisbaixo.

O sujeito de traços finos aproximou a boca do ouvido do chinês. — Cuide dela.

O locutor, então, fez o anúncio e Zamir entrou na arena.

— Pronto para morrer? — esbravejou Tao.

Zamir Clark prendeu seu cabelo.

O cenário mudou para a quadra de esportes dos tempos da faculdade dele. Katy admirou-se com a perfeição dos detalhes. Zamir sorriu para onde deveria ter uma arquibancada. Imediatamente lembrou dos tempos em que jogava e do primeiro beijo em Katherine.

Tao aproveitou o breve momento de distração do adversário e correu até ele, mas subitamente voltou atrás, deixando a agonia e tensão transparecer nos olhos do oponente. Não houve ataque. Ele estava se divertindo, como um leopardo brincando com um antílope antes de devorá-lo.

PROTETOR DA GALÁXIAOnde histórias criam vida. Descubra agora