— Olá, Fuku.
O Protetor da Galáxia tateava por algo de seu planeta natal. Algo muito velho, mas que ainda funcionava devido às tecnologias de reparo que descobrira em outro planeta. Trajava o sobretudo com capuz, sua vestimenta oficial de Protetor da Galáxia, e um tecido vermelho-escuro nos olhos. Adaptou-se rapidamente à falta de visão, evoluindo no detalhamento com que passou a enxergar o campo energético dos indivíduos. Em pouco tempo, foi capaz de perceber sobrancelhas e até a cor dos olhos.
— Estranho ouvir uma voz por aqui. Ainda mais nesse dialeto esquecido pelo tempo.
— Perdoe minha intromissão.
— Vejo que nosso encontro não foi pelo acaso. — Fuku sorriu, entregando suas rugas. Em seguida, retirou de uma pequena bolsinha presa em seu cinto dois fones e os colocou nos ouvidos, deixando aparentes os fios brancos de sua rala cabeleira ao abaixar o capuz. O lugar estava parcialmente destruído pelo desgaste do tempo, ainda que Fuku tivesse se esforçado para preservá-lo.
— Encontros nunca são por acaso — disse a estranha voz. — Você não tem dificuldade para escolher as músicas? — questionou ao vê-lo apertar alguns botões.
— Já ouvi tantas vezes que decorei as posições. Por enquanto, estou só me preparando. Sempre que preciso resolver algo de grande importância, visito este planeta. Você deve saber da guerra que está acontecendo por todo Braço de Sagitário. O pior é que não é só na Via Láctea. Na última reunião com os Protetores das Galáxias, Agdrimovykail, a Protetora da Galáxia de Andrômeda, estava aflita. Somos muito amigos. Até brincamos sobre a fusão das nossas galáxias no futuro — inspirou e expirou ruidosamente. — Enfim, estou divagando. O fato é que ela também está enfrentando uma série de ataques em sua galáxia. E parece que não é a única. Algo saiu do controle e está influenciando grande parte dos Protetores das Galáxias. Isso, contudo, é problema meu — sorriu, virando o corpo para observar sua companhia. Espantou-se. O que viu não poderia ser real. Mesmo assim, seu coração acelerou. — Quem é você?
— Você não sabe quem eu sou?
— Já faz muitos milhares de anos que os seres humanos não existem. Então quem é você? Por que parece tanto com o meu mestre?
O sujeito sorriu, apoiado em um velho cajado amadeirado com dezenas de escrituras desconhecidas e um cristal pontiagudo na ponta. Sua aparência era exatamente a do velho Feng Shui.
— Esta imagem é para você se familiarizar. Se eu mostrasse minha verdadeira forma, seria demais para você.
— Eu já vi muita coisa. Talvez o bastante para não me surpreender.
— Você iria. — Aproximou-se de uma parede suja e retirou uma das fotos pregadas. — Isso foi no torneio?
— Meu amigo a tirou enquanto eu estava fazendo meu primeiro pronunciamento como Protetor da Galáxia. Essa roupa era ridícula, dou gargalhadas toda vez que vejo.
— E essa foto?
— São antigos amigos.
— Devemos sempre dizer seus nomes quando são pessoas queridas.
Fuku se aproximou daquele que parecia seu mestre. Sua presença o confortava. — Da direita para a esquerda, temos o divertidíssimo EnlaiT, meu melhor amigo, Ernest, o careca do meio dispensa apresentação e — gaguejou — esses dois juntos são... Zamir e... — pausou novamente — Katy.
— Vejo que não gosta de tocar nesse assunto. Entendo. — Então despregou mais uma foto da parede daquilo que seria um quarto abandonado. — E esses, quem são?
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PROTETOR DA GALÁXIA
FantasyDeus nos protegeu por muito tempo. Porém, após ser derrotado pelo temível Zaphatar, um novo torneio foi aberto nos confins da galáxia. Agora cabe a Fuku, um pacato chinês, e seus amigos deixarem suas vidas na Terra para uma jornada repleta de desafi...