Epílogo

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Katy! Planeta Terra chamando. Katy, está me ouvindo?

A garota olhava fixo para as estrelas, pensativa.

— Desculpe-me — riu de um jeito engraçado, ajeitando seu cabelo cortado na altura dos ombros. Tentou prendê-lo, mas desistiu. — Senti algo estranho do nada. Algo bom, sabe?

O rapaz ao lado concordou com a cabeça. Então mudou de assunto. — Gostou do filme?

— Com certeza! E mesmo que fosse um filme ruim, com boas companhias, sempre será um bom filme.

— Sem dúvida. Eu vou pegar um sorvete para nós. O de sempre? — perguntou, a alegria estampada na cara.

Katherine assentiu. — Sim! Chocolate.

A noite estava maravilhosa. O garoto caminhava sorridente na calçada de piso de concreto da praça próxima ao seu bairro, admirando as pessoas se divertindo. As luzes dos postes iluminavam o trajeto. Respire fundo. Você está indo bem.

Aproximou-se da barraquinha de sorvete e aguardou pacientemente na fila. Sua mão suava. Inspirou longamente. Você consegue, pensou.

Próximo dali, fitou Brian conversando com Zamir. Os dois combinavam de morar juntos, já que o primeiro abriria um restaurante em Athens, Ohio, perto da faculdade de Zamir. Enquanto esperava na fila, observava os dois brincando com uma bola de futebol americano. Jogavam-na um para o outro.

— Fuku! Seu sa-fa-di-nho — gritou Ernest, pegando-o de surpresa e deixando a careca do amigo avermelhada. Trajava um short laranja acima do joelho e uma excêntrica camisa social florida de manga curta azul-cobalto.

— Ernest, eu gosto dela. Quero tê-la em meus braços para sempre. Pronto! Falei.

— Calma! Calma. Muita calma. Você está indo bem. Até que enfim você conseguiu. Agora respire fundo e fale isso para ela. Não gagueje e, principalmente, não desmaie.

Fuku concordou.

— Quando vocês ficarão juntos para valer? — questionou Ernest.

— Algum dia. Não sei quando, mas ficaremos — disse o outro, confiante.

— Algum dia é o que dizem quando querem dizer nunca. Vá agora, Fuku.

— Mas... — Fuku pausou. — Sei que você também gosta dela.

— Fuku, eu... — Ernest gargalhou. — O que você acha que eu sou?

— Meu amigo?

Ernest gargalhou ainda mais alto. — Sim, sempre serei. Mas eu colocaria um "a" no final.

O chinesinho estranhou. — Você está me dizendo que é... — sorriu sem mostrar os dentes. — Jamais desconfiei.

— Meu amigo, eu uso camisa das Spice Girls e tenho um ódio mortal da cinturinha da Beyoncé. Eu sempre fui. Ela sabe. Meus pais sabem — olhou para baixo. — Você nunca percebeu?

— Nunca me importei com isso, então nunca prestei atenção. Para mim, você é o irmão que nunca tive.

Ernest o envolveu pelo pescoço. — Meu menino está virando um homenzinho.

— Próximo! — chamou a atendente de cabelo acaju e cintura larga.

— Gostaria de um sorvete de chocolate, por favor.

Fuku ajeitou o papel e envolveu a casquinha do sorvete delicadamente. — Agente Smith, estou indo.

— Boa sorte! Dará tudo certo. E não se esqueça do beijo de cinema, ok? — gargalhou, virando-se para a atendente. — Um sorvete de morango e outro de creme, por favor.

PROTETOR DA GALÁXIAOnde histórias criam vida. Descubra agora