Desde o ensino médio, Zamir e Katherine estudaram juntos na mesma classe, e não foi diferente no último ano do colegial. Foi nessa época que o garoto começou a se interessar por futebol americano, o que o tornou popular imediatamente. Com novos amigos, frequentava diariamente a academia da escola. Gostava de sentar-se no fundo da classe e não perdia a oportunidade de azucrinar os alunos "diferentes". Katy, como gostava de ser chamada, sentava no meio da classe e era a única a passar ilesa das brincadeiras devido à amizade e proteção de Zamir. Além de estudarem sempre juntos, também eram vizinhos.
— Balofo! Quando você transpira, sai cheddar — zombou Zamir, iniciando suas ofensas matinais ao pobre garoto próximo a Katy. A garota repudiava tais comentários, mas nada podia fazer. A classe adorava e aguardava ansiosamente por isso. Uma espécie de ritual antes do professor chegar. Ernest Smith, o anafado e pequeno garoto, fora matriculado naquela escola havia menos de uma semana. O pequeno de descendência mexicana tinha um singelo nariz arredondado e olhos estreitos. Por ser míope, usava óculos. Talvez pelo elevado peso, Ernest usava calças e camisas largas sempre em tonalidades escuras. Certa vez, após ser chacoteado pelas repetidas cores de suas vestimentas, tentou se defender dizendo que a cor escura o emagrecia.
— Olhe aqui atrás, senão eu... — Zamir pausara por alguns segundos. — É, não daria certo. Eu estava pensando em te trancar dentro do armário, mas você não caberia.
Ernest abaixou a cabeça. Sentiu-se indefeso. De repente, uma generosa bolinha de papel umedecida por cuspe foi lançada em sua cabeça. E outra. E mais outra.
Katy não resistiu. Olhou para trás com olhos raivosos. Ajeitou sua enorme cabeleira, retirando algumas mechas do rosto.
— Quem foi o imbecil que fez isso?
Zamir abaixou a cabeça, envergonhado. Sabia que não fora ele, mas fazia parte do grupo.
— Vamos! Diga-me quem foi. Quero ver se são homens e...
— E o quê? O que vai fazer, "boca de lata"? — provocou o garoto ao lado de Zamir.
— Sabia que era você, Brian. Só o mais imbecil do grupo faria isso.
Brian Wilson também era do time de futebol americano e jogava na defesa de seu time. Era negro, alto, tinha dreads no cabelo e era forte. Muito forte.
O grupo do qual Katy falava era formado por quatro integrantes, liderados por Zamir, que tinha Brian como braço direito. Fora eles, havia mais dois integrantes, porém de outra sala de aula.
— Por que você não cresce?
— Deus te ouça, Katy. Estes braços têm muito o que crescer. — Brian beijou seu bíceps esquerdo.
— Asqueroso!
Brian pegara dois dreads de seu cabelo e os enfiara nos buracos de seu nariz. Ainda fizera uma careta e mandara beijinhos para Katy.
— Seu nojento!
Zamir, observando o incômodo da amiga, deu um leve tapinha no braço do companheiro. — Chega.
— Bom dia, classe. — O clima de tensão foi cortado com a chegada do velho professor de matemática. — Antes que eu comece a lista de chamada, gostaria de falar um pouco sobre a prova. — Pigarreava entre uma frase e outra.
Ernest fungou. Sabia que tinha tirado a maior nota. Olhou de canto de olho para Katy. A garota realmente era radiante. Não ligara para as chacotas que recebera, mas gostaria de agradecê-la por defendê-lo. Precisava esperar o momento oportuno. Enquanto ele não chegava, admirava a vista da janela atrás da garota. O céu estava de um azul cintilante. Olhou para o relógio: ainda falta muito para o intervalo. Bufou novamente, entediado. Voltou a admirar a paisagem. Ernest era um sonhador e um nerd de carteirinha. Conseguia facilmente ser transportado para outra dimensão. Bastava querer. E, naquele momento, ele quis. Imaginou a nave estelar em formato de hambúrguer, Millennium Falcon, da série de filmes Star Wars planando sobre sua escola. Dela, saíram dois tripulantes, Jaspion e Jiban, personagens japoneses que fizeram enorme sucesso na década de 90. De repente, um som agudo ensurdecedor. Prédios são destruídos. Mais um urro feroz e surge um gigantesco T-Rex, saído diretamente dos filmes Jurassic Park. O dinossauro não perde tempo e corre de encontro à nave. Queria destroçá-la. A nave, então, transforma-se em um gigantesco robô. De dentro da nave, no interior da cabeça do robô, onde ficava instalado o centro de comando, Jaspion controla os braços, enquanto Jiban, as pernas. Havia mais um tripulante na nave; o capitão Jiraiya, que gerencia o tronco e a cabeça do robô.
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PROTETOR DA GALÁXIA
FantasiDeus nos protegeu por muito tempo. Porém, após ser derrotado pelo temível Zaphatar, um novo torneio foi aberto nos confins da galáxia. Agora cabe a Fuku, um pacato chinês, e seus amigos deixarem suas vidas na Terra para uma jornada repleta de desafi...