Capítulo Trinta e Quatro

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O jantar na casa de Rick foi um tanto tenso. Ninguém falou nada durante o jantar todo, nem mesmo pra elogiar a bela comida que Rick havia preparado para nós. Mas o ambiente estava pesado demais para que qualquer coisa fosse comentada ou apreciada.

Sai de lá o mais rápido possível após ajudar a lavar os pratos e tirar a mesa. Carl não falou comigo em momento algum, nem demonstrou interesse em tal gesto, o que, de certa forma, me deixou aliviada. Sabia que provavelmente viria uma conversa para me encurralar e o que eu menos precisava agora era esse tipo de conversa.

Fui pra casa que era minha e da Enid e me deitei sobre a cama macia do meu quarto. Ah quanto tempo não me sentia confortável e em casa. Fecho os olhos sentindo a paz reinar, mas esse momento de tranquilidade dura pouco; alguém bate na porta.

-Pode entrar-digo ainda de olhos fechados. Escuto a porta ser aberta e sinto a cama afundar no local onde a pessoa se jogou. Abro os olhos. Era Daryl.

-Besteiro!-digo feliz me sentando e o dando um forte abraço.
-Oi, folgada.- ele diz e sorri. -Você nos salvou hein.

-Ah... Não foi nada demais.

-Eu sabia do seu plano desde o momento em que saiu de Alexandria. Bom, não só eu como Sasha e Abraham também, por causa daquele grupo. Não foi difícil ligar os pontos. Sabia que podia ou nos ajudar, ou nos atrapalhar. Mas votei mais na primeira opção, por que te conheço bem.

-Obrigada por confiar em mim, besteiro. - digo e ele sorri, o que era raro para Daryl Dixon.

-E como vai? E você e o Carl?-ele pergunta. Olho para o teto e solto um longo suspiro seguido de uma bufada frustrada.

-Na mesma, ainda separados. Ele me ignora e quando fala comigo é frio. É pior que os tempos em que nos odiavamos na prisão.

Daryl solta uma risada e eu o encaro sem entender. Qual a graça agora, Daryl?

-Ele te ama, Alice.

-Ah ama tanto que me trata que nem um saco de lixo no meio do caminho.-digo com ironia na voz.

-Ama sim. Só está bravo e, acima de tudo, magoado. Você não sabe o como ele procurou por você, Alice. O como ele tinha medo de que estivesse morta.

Dou de ombros. Nada disso valia se ele fica me tratando mal toda vez que me vê, isso quando não finge que não estou presente.

-Mas agora que estou aqui ele finje que eu nem existo, Daryl.

-Ele só está irritado com tudo que aconteceu. Calma, Alice. Ele vai vir falar com você.

-Talvez. Mas eu não contaria com isso.

[...]

O vento gelado da noite batia em meu rosto, me dando a leve sensação de liberdade. Com uma blusa fina sobre meu corpo, eu sentia o gelo me atingir, me fazendo estremecer a cada toque. Mas não foi o frio que me impediu de apreciar as estralas. Já era tarde da noite, e eu andava pelas ruas de Alexandria, admirando o céu. A lua brilhava intensamente e as estrelas estavam mais vivas do que nunca. A grama ainda molhada indicava que havia chovido a pouco tempo. A chuva era rara, mas ainda existia.

-Está uma noite bonita.-diz uma voz atrás de mim. Não preciso virar pra saber de quem é.

-Pois é. Fazia tempo que as estrelas não brilhavam assim.-digo olhando o céu estrelado. Sinto sua presença meu ao meu lado

Olhavamos para cima, o silêncio consumindo o lugar. Eu sabia que talvex fosse melhor manter as coisas assim, mas eu simplesmente não conseguia estar no mesmo ambiente que Carl e permanecer em silêncio quando tantas coisas precisavam ser ditas entre nós. Puxo a minha blusa e pego a arma pelo cano.

-Toma.-digo levantando a arma travada para Carl. -Ela te pertence. Me foi bem útil nesses dias.- digo e dou um fraco sordiso. Ele encara a arma por alguns segundos sem dizer nada e nem a pegar. -Pegue, Carl.

-Não.-ele diz. Ele levanta a cabeça e me olha. -É sua. Eu dei pra você.

-Mas...
-Sem mas nem menos, Alice. É sua, e não teria sentido eu aceira-la de volta. Foi um presente, e presentes não tem devolução.-ele diz calmamente. Eo o olho por um tempo antes de guardar a arma outra vez. Fica um silêncio por alguns minutos até Carl voltar a falar. -Meu pai me contou tudo. Desculpa por ter te julgado mal.

-Não tem problema. Como dizem: pra aprendermos as vezes precisamos errar.

-O que quer dizer com isso?

-Ah, você sabe... Pra aprender se algo da ou não certo, se tomamos a decisão certa ou não, só fazendo e vendo as consequências.-digo. Olho para meus pés. -O amor também é assim. -digo a última parte tão baixa, que acho que Carl não escutou.

-É.-ele diz.-Tem razão.

Pov: Carl Grimes.

Queria beija-la, abraca-la, toca-la. Mas não o fiz. Em vez disso fui um completo babaca a tratando como se ela fosse a culpada de tudo. E, mesmo sabendo que ela não é, simplesmente não consigo mais encarar Alice.

Sei que ela salvou nossas vidas; E eu a tratei tão mal. De qualquer modo, não posso esquecer tudo o que ela fez.

Mas ali, ao lado dela, não ppdia deixar de notar o quanto Alice continuava linda; por isso ao ver ela andando por Alexandria não pensei duas vezes antes de sair e ir atrás dela. Estava muito frio, e ela tremia ao meu lado.

-Não está com frio?-pergunto depois de um tempo em silêncio. Ela olha mim, e abre um sorriso. Ah esse sorriso.

-Estou morrendo de frio.-ela diz.

-Então por que não vai pra casa?- droga, por que estou a mandando embora?

-É. Talvez seja o melhor. Boa noite, Carl.- ela diz me dando uma última olhada antes de se virar e sair dali.

-Boa noite, Alice.

𝙰𝚙𝚘𝚌𝚊𝚕𝚒𝚙𝚜𝚎 • 𝚃𝚆𝙳Onde histórias criam vida. Descubra agora