𝙰𝚙𝚘𝚌𝚊𝚕𝚒𝚙𝚜𝚎 • 𝚃𝚆𝙳

Você Não é Nada

Pov: Alice Hale.

            Quando a noite chegou e eu me deitei na cama para dormir, o sono não veio. Fiquei horas, e horas olhando para a janela, vendo a noite virar dia. Carl também não estava muito diferente.

            Ele estava quieto, no seu canto, sem dizer uma palavra, sem nem sequer encostar em mim. Ele estava chateado, e eu sabia.

             E eu fico ali, de costas pra ele, olhando aquela janela e a imensidão que ela mostrava. As árvores que ficavam ali, as árvores além dos muros, e mais e mais árvores. O que será que tinha no fim daquelas árvores todas?

              Quando os raios de sol começam aos poucos irem aparecendo, e o céu azul escuro começa a clarear, eu me viro pra Carl. Ele estava ali, deitado, me olhando.

-Carl...-eu começo, mas ele me corta.

-Não diz nada.-ele fala e me puxa pra perto dele.

             O abraço forte, e, naquele momento, era tudo o que eu conseguia fazer. O abraçar. Por que tinha coisas que eu simplesmente não conseguia falar. E eu não conseguia falar com ele sobre a morte do nosso filho.

-Você precisa dormir um pouco...-els diz.

-E você também.-eu digo e ele suspira.

-Não sei se consigo fazer isso.-ele diz. Como se eu conseguisse. Penso.

            Fico o olhando por um tempo, e ele fica me encarando. E ficamos ali, daquele jeito por um tempo.

-Ta, pode parar agora.-ele diz desviando o olhar.

-Sou muito intimidadora pra você, Grimes?-digo dando um sorriso fraco. Ele ri.
     
          Deito abraçada com ele, e ele fica mexendo no meu cabelo. Eu começo a pegar no sono, e antes que eu perca a consciência escuto ele dizer:

-Eu te amo, Alice...

[...]

          Acordo de manhã e Carl ainda estava dormindo. Dou um sorriso e o observo por um tempo.

            Depois que faço as coisas de rotina, saio do quarto e vou dar uma volta. Já não era tão cedo, e todos trabalhavam.

             Fico ali parada por um tempo, observando. O vento vatendo em meu resto. Fecho os olhos por um segundo, um pequeno segundo imaginando como teria sido as coisas se nada do que aconteceu a três anos atrás tivesse acontecido.

            Mas, ao sentir uma mão no meu ombro, meus pensamentos se perdem.

-Oi, Alice.-diz a voz de Michonne.

-Oi Michonne!-digo e dou um sorriso fraco.

-Carl me contou o que aconteceu... Eu sinto muito.-ela diz e me abraça. A abraço de volta e suspiro. Depois que ela me solta, volto a olhar pra comunidade.

-Sabe, eu fico pensando como seria as coisas se tudo tivesse sido diferente. Se eu tivesse dado um basta nas coisas antes da corda arrebentar. Minha mãe estaria viva. Rick estaria vivo. Meu filho... Também estaria vivo.

-Algumas coisas precisam acontecer... Pra que a gente aprenda e não repita o mesmo erro.-ela diz. Michonne e eu ficamos ali por um tempo, só olhando pra comunidade.

              E então, Enid aparece ali  tira do meu transe. Michonne da ums desculpa e sai dali.

-Que bom que te achei.-ela diz.

-O que houve?

-Precisamos conversar. Parece que Tyler sabe de algunas coisas.-ela diz e começa a andar em direção a sua casa. Ótimo. Era só disso que eu precisava.

           Sigo Enid, e logo chegamos na porta da sua casa. Antes de abrir, ela se vira pra mim.

-Tenta não mata-lo.-ela diz

-Eu tentarei, mas não prometo nada.

             Entamos lá, e Matthew olhava Tyler que estava no sofá, um olhar sério. E se Matthew estava sério, alguma merda tinha acontecido.

-O que houve aqui?-digo parando no meio da sala e cruzando os braços.

-Pergunta pra esse merda.-diz Matthew com raiva. Enid para ao lado dele e coloca a mão no seu ombro e sussura "para".

-O que está acontecendo aqui, Tyler?-pergunto. Ele fica olhando pras mãos e começa a guaguejar.-Para! Se acalme, eu não vou te matar! Agora, fala!

           Ele suspira e começa a falar. E a medida que ele ia falando, eu ia ficando cada vez mais com raiva.

-Quando eu fui embora com minha irmã, nós logo demos de cara com seu irmão... E... Ele torturou ela. E me torturou. Mike queria saber tudo sobre sua comunidade, sobre sua vida, sobre você. E... eu falei...

-Você o que?!-digo e indo ate ele.-Levanta. Agora.

           Tyler se levanta. Eu me aproximo dele e o encaro.

-Alice, olha...-ele começa, mas para quando dou um tapa em seu rosto. E logo depois, o soco. E o outro. E o outro. Até que Matthew me tira de cima dele.

-Qual seu problema, Tyler!-eu grito.

-Você teria feito a mesma coisa!-ele diz ali, deitado no chão.

-Eu preferia morrer do que entregar os meus amigos! Como você ainda tem a cara de pau de aparecer aqui, COMO?

-EU NÃO TINHA PRA ONDE IR.

-FODA-SE! NÃO É PROBLEMA MEU! VOCÊ ESCOLHEU ISSO.-berro. Quando me livro dos braços de Matthew, queviu que era inutil tentar me empedir, puxo a gola da camiseta de Tyler e o levanto do chão. Aproximo o rosto dele do meu e começo a falar.-Se eu te ver de novo na minha frente, eu vou arrebentar você. E agora você vai pra prisão, por que traição eu não vou aceitar. Você teve sua chance de fugir. Mas não foi. E ainda tece a coragem de voltar aqui. Então, agora aguente.

          Eu o solto e me viro de costas pra ele. Mas Matthew grita alguma coisa, e quando me viro de novo, Tyler estava com uma arma em sua mão a apontando pra mim...

-Não. Eu vou embora.

-Já cansei das pessoas apontando essa merda pra mim.-murmurou antes de chutar sua mão e a arma cair longe.-Você acha que me conhece, Tyler, mas você não sabe nada sobre mim.

            Puxo o cabelo dele pra trás e acerto seu rosto na mesa de centro da sala. Sangue começa a escorrer.

-Você se acha tão poderoso, e olha ai, está parecendo um fracote. Você não é nada.-digo e ele começa a gemer de dor.-Enid, chama o Uria e a Lynn pra mim. E diz pra eles virem com a chave da cela. Parece que alguém aqui está bem encrencado.