Capítulo Trinta e Cinco

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Pov: Alice Hale.

Na manhã seguinte eu fui até a casa que era de Jessie antes dela morrer. Ninguém havia a ocupado depois de sua morte. Uma lágrima escorre pela minha bochecha ao lembrar de Sam, Ron e Jessie. Eu gostava muito deles. Principalmente de Sam. Me dói muito saber o jeito como ele morreu, sentindo tanta dor. Ele não merecia isso, era somente uma criança. Eu subo as escada e entro no quarto que era de Sam e seus desenhos ainda permaneciam ali, colados na parede. Passo minha mão delicadamente por cima de cada um deles.

Pego um dos desenhos e o dobro. O escondo dentro do meu bolso, para sempre ter uma recordação de Sam. Ele foi uma pessoa que marcou minha vida, e eu faria questão de nunca esquece-lo.

Vou até o quarto de Ron; lá tinha uma foto minha e dele em cima de uma mesinha. Lembro que fui sair com Aiden, e achei uma câmera polaroid. A trouxe, e tiramos essa foto. Pego a foto e a guardo no meu bolso também. Assim, poderia me lembrar dos momentos bons que vivi nessa casa e com essa família.

Desço as escadas e saio dali antes que eu acabasse ainda mais triste.

-Estava fazendo o que ai?-pergunta Carl grossamente aparecendo na minha frente. Esse garoto é muito bipolar. Ah essa bipolaridade dele já está me irritando!

-Não é da sua conta, Carl. E eu não te devo satisfações.-digo estupidamente, devolvendo na mesma moeda. Carl me olha com deboche.

-Foi ai lembrar do seu namoradinho? Que fez isso comigo?-ele diz e aponta para o olho. Foi Ron que atirou no Carl?

-O que....

-É isso mesmo. Foi o Ron quem atirou em mim, Alice.

-Eu não...

-Não sabia? Ah claro que não. Como ia saber? Você foi embora antes mesmo de saber se eu ia sobreviver ou não.

-Carl...

-Alice, você é egoísta.-ele diz. Sinto meu sangue ferver.

-Olha aqui Grimes, estou bem longe de ser egoista. Eu joguei fora minha felicidade e minha segurança pra manter vocês vivos, seu estúpido ingrato! Você acha que se eu não tivesse atirado no meu próprio pai que você estaria aqui feliz e vivo pra contar história? Muito pelo contrário, você estaria lá, trabalhando pra ele, matando pessoas, virando um monstro ou até morto. Agora, não venha apontar o dedo na minha cara e me dizer que sou egoísta. O egoísta aqui é você, que só pensou em você e não nos outros ao seu redor, em nenhum minuto! Em algum momento você se colocou no meu lugar? Parou pra pensar se eu queria isso? Se eu realmente quisesse me afastar de vocês, nunca teria permanecido naquela droga de prisão, ainda mais com você enchendo meu saco minuto sim minuto não!-digo e Carl fica boquiaberto, chocado demais com minhas palavras para dizer algo. Então, eu continuo. -Então você cale essa sua boca. Você não é obrigado a gostar de mim ou falar comigo, mas respeite o que fiz por vocês. Podemos viver em paz ou evitarei o seu caminho. Você quem sabe, Grimes. Eu cansei, cansei de você, de seus joguinhos e de sua imensa frescura.

Me viro de costas e volto a caminhar. Não escuto Carl dizer nada; E quer saber? Dane se se ele tivesse dito algo. Carl passou dos limites e eu estava de saco cheio.

[...]

Alexandria estava silenciosa e tranquila. Mas logo minha tranquilidade acabou quando eu estava caminhando em direção a minha casa.

"Não estamos namorando, Alice" foi o que ela disse para mim. Mas era mentira, com tantas que eu tinha escutado dela nos últimos meses. A minha frente, Carl beijava Enid. Ao ver isso sinto como se leva-se uma pancada no estômago e tenho vontade de fugir pra longe dali, mas estava presa. Travada.

-Alice...?-chama uma voz atrás de mim. Me viro automaticamente, ainda sem conseguir dizer nada. Era Matheus. -O que houve, estou te chamando a minutos.

Seu olhar cai sobre Enid e Carl e Matheus fica tão chocado quanto eu com aquela cena que seria capaz da fazer qualquer um vomitar o almoço todo.

"E eu vou te proteger e te amar até o último momento da minha vida."

-Podemos sair daqui, por favor?-pergunto e Matheus assenti. Caminhamos lado a lado, sem rumo.

-Eu não acredito no que vi.-diz Matheus.

-Pois é..-digo de braços cruzados, olhando para meus próprios pés. Chuto uma pedrinha que estava ali e ela rola pra longe. Suspiro. -As coisas mudam tão rápido.

-É...-diz Matheus desanimado. -O amor é como uma droga. Vicia e só causa dor.

-Quando o coração cansa de ser machucado, ele muda.-digo. -Mas meu coração é trouxa e nunca cansa de amar e ser magoado.

-É, Alice... Pelo menos você não gosta da mesma pessoa desde os 6 anos de idade.

Sorriu ao me lembrar do dia em que Matheus chegou na minha casa e deu um selinho em Enid. Ela ficou furiosa. Deviamos ter uns 10 anos, mas ela ainda assim o atacou.

-Sabe, o que me motiva a viver são essas pessoas.-Digo. -Sem elas, eu já estaria morta.

-Sabe, Alice, as coisas estão tão difíceis, que talvez estejamos querendo só as coisas fáceis. Se o fácil é morrer, as pessoas se matam. Mas não é assim, todos temos um motivo para ainda estarmos vivos, concorda?

-É, Matheus, talvez você esteja certo. Mas dessa vez eu farei a coisa mais fácil; Parar de amar Carl Grimes.

[...]

Estava deitada no sofá da sala, encarando o teto; o silêncio dominando o local e trazendo uma tranquilidade incrível. Estava quase dormindo, quando a porta é escancarrada e duas vozes invadem meus ouvidos, rindo. Enid e Carl.

-Ta Carl, tanto faz. Amanhã a gente vai lá de novo. -dizia ela, quando entrou na sala. Assim que me veem, os dois param de conversar. -Oi, Alice... Tudo bem?

Dou de ombros me levantando do sofá. Caminho até a cozinha e pego um copo, o enchendo de água.

-Alice?-chama Enid. Ela aparece ali, com Carl logo atrás de si. O menino chato e grudento.-Você está bem?

-E você se importa?-digo e logo depois tomo a água.

-Claro que me importo, é minha melhor amiga.

Dou de ombros mais uma vez.

-Tanto faz.

-Por que está estranha? O que aconteceu?

-Nada, Enid. Não terá mais que conviver com minha "esquisitice".

-Como assim?

-Vou embora daqui, Enid.

𝙰𝚙𝚘𝚌𝚊𝚕𝚒𝚙𝚜𝚎 • 𝚃𝚆𝙳Onde histórias criam vida. Descubra agora