Capítulo 7 - A fuga

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Assim que me ponho de pé corro desesperada atrás dele. Ouço sons de tiros e vejo James virar de vez em quando com uma arma na mão, mirando a janela. Percebo que há alguns pontos pretos quando tento olhar para frente, mas continuo a correr assim mesmo. James está indo em direção a um carro. Antes que o alcancemos algo me atinge e eu tropeço na neve. James segura meu braço e me joga com violência contra a porta do veiculo.

Ele aperta o alarme e eu entro rapidamente. O estrondo dos tiros contra o vidro - que pelo visto é blindado - me assusta. James entra e força minha cabeça para baixo. Fico na posição que ele manda, apertando com força meu crânio com as duas mãos. Ele gira a chave e arranca com velocidade. Ainda estou meio atordoada quando o som de tiros contra o vidro se cessam.

-Pode levantar agora. - ele arqueja, mas ainda está em alerta. Subo o tronco com cuidado e sinto uma dor latejante na parte de trás do braço, perto do ombro. Parece que está queimando. Meu rosto se contorce e levo uma das mãos até o local. Ela volta com muito sangue e tremendo.

-James! - sussurro incrédula. Como não senti isso acontecer? Ele olha para meus dedos sujos e esbugalha os olhos tanto quanto eu.

-Droga! Mais que droga! - grita quando empurra o meu corpo para frente.

-O que houve? - pergunto confusa.

-Você levou um tiro. Tente não se mexer até nós pararmos em um lugar seguro, está bem? - Ele parece mais aflito do que eu. Respiro pela boca.

Ótimo! Mal comecei e já levo um tiro!

-Não senti na hora. - murmuro.

-Por causa da adrenalina. E também porque aqueles filhos da mãe só atiram em lugares que não há muito risco de morte. Atiram e já vêm sorridentes com uma gaze na mão.

-Por que fazem isso?

-Porque nos querem vivos para suas experiências. Imbecis! - bate no volante com força. - Jane vai me matar.

Limpo minha mão na calça jeans. A dor é suportável, mas parece que cresce gradativamente. Sinto a bala dentro da minha pele e tenho vontade de arrancá-la com as unhas.

Noto que James olha para o retrovisor com aflição e pisa no acelerador. Faço o mesmo e vejo que uns três carros escuros nos seguem. Quem dirige é uma incógnita, já que os vidros não me permitem enxergar.

Abro o portá-luvas, na tentativa de encontrar alguma coisa que pudesse nos guiar, e me deparo com várias bugigangas. Há CD's antigos dos Beatles e do Elvis, uma camisa amarrotada e balinhas de escritório. Olho para o banco de trás e vejo um mapa.

James gira o carro em uma curva violenta e minha cabeça bate contra o vidro.

Ótimo! Próximo passo: fratura craniana.

-Desculpe! - ele diz assim que aperto a testa com a mão e lhe lanço um olhar furtivo

-Está tudo bem.

Volto para o mapa, agora caído no chão. Olho para a estrada com medo de James fazer mais uma curva violenta e abaixo para pegá-lo. Meu braço dói com o movimento e acabo gemendo de dor. Quando consigo alcançá-lo, abro-o imediatamente.

-O que você está fazendo? - James quebra o silêncio olhando para o mapa rapidamente e depois para o retrovisor.

-Está na cara que você não conhece nada de Miami e muito menos eu. Então ou o mapa vira o nosso melhor amigo ou nós vamos passar a eternidade sendo estudados como ratos de laboratório pela Organização. E o pior: juntos! - digo enfatizando. Por sorte o mapa é de toda aquela região da Flórida. Observo que na borda há uma marca de batom, estampada em um beijo.

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