Capítulo 15 - Dylan

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1996


Cidade do México, Residência Dos Castillo, Rua Nido número 48. Nove e treze da manhã.

Um pequeno garoto de olhos verdes corre pelo quintal de sua casa. Uma mão segura um pacote de biscoitos e a outra um avião de papel, que ele está prestes a jogar de cima da grande macieira da sua mãe. Coloca o pacote no chão e começa a escalar os troncos retorcidos. Quando chega lá no topo, se inclina para frente e lança o avião na direção do vento. Ele rodopia e aterrissa na grama. Está prestes a descer para repetir o processo quando seu pé fica preso em um galho e ele desequilibra.

-Ai! - reclama quando fica pendurado de cabeça para baixo. Olha para o pé e tenta desenroscá-lo, mas não consegue. Frustrado, pensa em gritar sua mãe quando nota que um garoto da mesma idade que ele aparece em seu campo de visão. Ele é magrelo, usa suspensório e seus olhos são tão azuis que quase chegam a ser violeta.

-Oi. - diz o menino, mordendo um pedaço de biscoito. - Eu sou o Milies.

-Ei, esses biscoitos são meus! - exclama inconformado. O garoto parece não se importar e continua a comer.

-Qual o seu nome? - pergunta inocentemente.

-Dylan. - responde sem paciência. - Será que dá pra deixar um para mim?

-Claro! - Milies repousa o restante dos biscoitos no chão. - O que você tá fazendo?

-Brincando de macaco, não vê?! - diz com sarcasmo. - Quem é você e o que está fazendo na minha casa?

-Ah, eu acabei de me mudar para aquela casa ali ó! - aponta para a esquerda. - Sua mãe convidou minha mãe e eu para vir conhecer a sua casa. Sua mãe disse que você estava aqui e que eu podia vir brincar com você.

Dylan resmunga alguma coisa bem baixinho.

-Eu vi o seu avião voando, foi muito legal. Foi você mesmo quem fez?

-É só um avião de papel idiota.

Milies encara os sapatos.

-Minha mãe não me deixa fazer avião de papel porque meu pai morreu quando estava pilotando um, daqueles de verdade sabe? Ela diz que eu não posso ficar lembrando ela o tempo todo sobre isso, ou ela vai ficar louca. - dá de ombros tristonho.

Dylan se sente culpado por ser tão rude com o garoto.

-Eu te deixo lançar o meu se você quiser.

Milies sorri.

-É sério?

-É, mas você precisa me ajudar a descer daqui. - explica, apontando para o pé preso. O menino assente com a cabeça e começa a escalar a árvore. Apoiado em um tronco grosso ele estende a mão para Dylan. Assim que Milies o segura, puxa o galho com força e Dylan sente que vai cair.

Mas Milies está segurando sua mão. E o ajuda a subir na macieira, mais uma vez.

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