Capítulo 12 - Olhos cinza

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Nota da autora: Antes de vocês começarem a ler esse capítulo, eu gostaria de dizer que os capítulos que se passam no México são os meus preferidos hahahaha espero que também cativem vocês! EU AMO ESSE CAPÍTULO GENTE É O MEU TERCEIRO FAVORITO! Beijos amores 

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Sons de tambores ecoam por todos os lados. No chão há poeira demais, só de se pisar ela sobe e minhas narinas a inalam contra a minha vontade. Está escuro no meio da confusão. Vejo muitas pessoas, mas ninguém que cheguei a conhecer. Todo o cenário parece um grande show de rock, mas não escuto música tocando.

Apenas o som dos tambores.

Ando com as mãos no bolso sem saber o que fazer ou a quem procurar. De repente uma pessoa me parece um tanto familiar. Veste um vestido branco, com o cabelo solto balançando de um lado outro. Dança freneticamente com um homem de jaqueta de couro velha e desbotada. Solto um espirro, coço o nariz e ando até lá, me esguiando de alguém com um copo vermelho de bebida na mão.

Quando chego perto o suficiente a pessoa se vira.

É Jane. Está completamente diferente do que me acostumei a ver. Sem maquiagem, sem brinco, sem o colar com o farol na ponta. Apenas seus olhos negros brilham intensamente como se estivesse lançando o fogo no tempo. Parece abatida demais e logo sinto uma sensação horrível de tristeza varrer meu corpo.

–Jane? – seguro em seu braço quando a chamo e sinto como sua pele está fria. Jane vira o rosto completamente e sua expressão séria me assusta um pouco.

–Você não me achou? – pergunta por entre os lábios rachados e sem cor. Ela nem parece olhar para mim que estou na frente dela. Encara o vazio, um rumo qualquer.

–Como assim Jane? – questiono me sentindo tonta. Talvez seja os tambores ficando mais altos.

–Você não me achou! – afirma

–Você não me achou!

–Você não me achou!

–Você não me achou!

Repete a frase perturbadora e um sorriso macabro surge.

–Você não me... Kate. – Jane me chama, mas sua voz mistura com a de outra pessoa.

Acordo.

Estou suando e pendendo o corpo para trás na cadeira do táxi. Meu rosto está molhado de lágrimas. Dylan me olha como se eu fosse paranormal, ou como deve olhar quando se está preocupado demais com alguém. Os sons dos tambores se foram assim como Jane. Foi apenas um sonho. Um pesadelo, na verdade, para adicionar na lista. Algo que minha mente precisa recalcular. Me endireito e coloco a cabeça entre os joelhos, procurando ar para respirar, desejando que o enjoo suma.

–Vai ficar tudo bem. – ele esfrega as minhas costas. Puxo o ar. Tentei dormir nos aviões o tempo inteiro, mas os pesadelos não me deixaram pregar os olhos. Em um ela estava presa pelos pés em um vazio. Na outro, ela corria de mim, que tentava salvá-la.

Meus pensamentos estão fora de orbita. Talvez seja isso. Minha cabeça está girando ao redor de muitas coisas ao mesmo tempo me deixando completamente transtornada.

–É fácil dizer. – sussurro erguendo a cabeça, limpando o rosto úmido e quente com as mãos. O México, ao contrário de Miami, está completamente quente. E ainda são oito da manhã – o sol mal chegou para dizer bom dia. Faz, no mínimo, quarenta graus. Minha blusa de manga comprida está arregaçada até o cotovelo e prega na minha pele, como se estivesse tentando fundir a ela. Meu cabelo está preso em um rabo de cavalo desarrumado e os fios estão molhados na minha testa.

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