Capítulo 23 - Maria

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Nota da autora: Segura ai esse capítulo gigante que eu amo <3

-Burros? É sério isso? - exclama Dylan, passando protetor solar no nariz já que Jane está repetindo como é necessário desde que descemos do iate. Estou amarrando minha bagagem pesada nos fios trançados ao redor do burro. Assim que solto, faço uma careta só de pesar na dor que ele deve sentir subindo pelas ruas de Oía, que é a cidade onde ficaremos. Passo a mão no rosto peludo como se eu pudesse aliviá-lo de certa forma.

-Sim, muito sério. A não ser que você queira subir a pé, a decisão é sua. - devolve Jane, subindo em seu burro com a ajuda de um pequeno homem moreno com chapéu de pescador.

-Não! Adoro burros! Vamos de burros.

Dylan sobe no dele rapidamente. Tenho receio de montar um animal de quatro patas. Quando eu era criança meu pai queria me ensinar a andar de cavalo, mas assim que subi ele galopeou pelos campos depressa e eu acabei caindo no chão. Quebrei o braço naquele dia. Desde então prometi a mim mesma que nunca mais montaria.

-Vamos Kate! O que está esperando? - diz Jane ao bater duas palmas na frente do meu rosto. Pisco algumas vezes e vejo que o mesmo homem que ajudou Jane a subir estende a mão para mim, sorrindo.

Sorrio de volta e aceito sua mão. Passo a perna pelo burro e monto. Coloco as duas pernas para o lado direito e me seguro com firmeza.

Começamos a andar. A medida que subimos posso notar as pessoas pararem o que estão fazendo e nos observarem, de uma maneira que me incomoda. Tirando esse fato, Oía é fascinante. Boa parte das casas são brancas com detalhes azuis. E elas ficam quase que em cima umas das outras. O telhado de uma casa é quase o chão de outra.

As mulheres usam saias brancas, pulseiras repletas de miçangas e são bronzeadas, com marcas de biquíni na clavícula. Os homens não são muito diferentes, trocando as saias pelas calças largas de pano e camisas azuis, pretas, laranjas de botões.

Está tão quente e com um sol tão forte que entendo como é fácil todos daquela região serem tão bronzeados, já que em lugar nenhum consigo avistar uma sombra sequer.

Solto um longo suspiro e olho James. Ele está com os olhos franzidos observando cada rua, cada detalhe a sua volta. Segura no burro com as duas mãos e deixa no rosto uma expressão que não reconheço.

-Ah, finalmente! - exclama Jane, descendo do animal e deixando o alivio transparecer em sua expressão. Ela tira um leque preto da bolsa e fica se abanando, enquanto espera o homem tirar sua mala do burro. Me preparo para descer quando James aparece na minha frente. Ele segura na minha cintura e me ajuda a descer. Assim que coloco os pés no chão, o olho para agradecer, mas ele some do meu campo de visão.

Selo os lábios sem entender nada e pego minhas coisas com Dylan, que tira todo o peso do animal, e coloco o livro debaixo do braço. James paga o homem encarregado com notas diferentes. Seus cabelos já estão secos e dourados.

-Depois dessa eu preciso de um bom banho, estou morrendo de calor. - Jane entra pela porta de madeira pintada de um azul bem forte.

Piso no que parece ser um saguão de hotel. Pequeno, mas maravilhoso. Tem azulejos brancos no chão, bancadas de granito branca e lustres pratas no teto. No balcão, o qual Dylan se direciona, está uma mulher alta com os cabelos pretos presos em um rabo de cavalo.

-Me dê um minutinho. Vou atender uma ligação. Fique aqui! - Jane fala comigo, colocando o dedo na frente do rosto do meu rosto.

-Por que vocês sempre acham que eu vou sair correndo por ai? - pergunto indignada, mas ela já se afasta levando o celular ao ouvido. Balanço os braços sem saber o que fazer até que avisto alguém vindo na minha direção, com certa empolgação. Reconheço os cabelos loiros assim que chego mais perto.

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