Capítulo 31 - Pugna

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Nota da autora: É com muito pesar que eu posto aqui o penúltimo capítulo de Os Guardiões. O que significa que ainda vem o epílogo por ai, não se preocupem. Além disso, estou formulando também as curiosidades do livro, para que assim vocês entendam o porquê de muitaaaas coisas, como significado dos nomes e pequenos detalhes pra mim. Como ainda NÃO é o último capítulo não vou escrever os agradecimentos kkkk porque, acreditem, vai ser bem longo. Só gostaria de dizer que o capítulo em que mais chorei (PASMEM!) escrevendo foi esse kkkk Então prepara o coração que lá vem bomba! Amo vocês demais, coisas lindas <3

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Parece uma eternidade.

Minha respiração descompassada é a única prova de que ainda estou viva. Quanto mais perto chego da escuridão cinza, menos eu sinto meu coração bater e meu corpo me impulsionar para frente. Estou em um colapso. A cada passo furioso que implico sob a grama parece que o chão vai se abrir e me engolir, me estraçalhar. Não importa se isso realmente acontecer porque quando finalmente avisto os destroços de madeira que era a casa da minha avó já me sinto morta.

A dor me ataca violentamente.

Meus joelhos amolecem, mas permaneço em pé, me obrigo a ver a tragédia. Por um momento de lucidez, penso com verdadeira sinceridade que talvez as duas não estivessem lá dentro quando tudo foi engolido pela explosão. Mas é só um momento.

E o mesmo vento que o carrega traz a tona a minha realidade.

Me jogo em cima do amontoado e, com aflição, começo a puxar os escombros com uma força fora da minha capacidade. Minhas mãos queimam por conta do fogo e sou forçada a inalar a fumaça, mas nada me faz parar. Em uma mistura infeliz de choro e gritos, tento chamar por Helena e Lúcia.

Meus joelhos finalmente caem. Avisto uma cabeleira prateada no meio das madeiras. Afundando em lágrimas, tento puxá-la, mas não consigo. Lúcia está presa nos escombros. Digo que vou tirá-la de lá, mas não são palavras que saem da minha boca e sim um grito estridente. Me sentindo inútil, encosto a cabeça na dela e choro.

Está morta.

Tapo a boca com as mãos sangrando. O moinho pendurado no meu pescoço começa a esquentar em cima da minha pele. Acaricio suas madeixas em uma tentativa angustiante de confortá-la. Tremo da cabeça aos pés. Pensando em Helena, encontro forças para me erguer. Remexo nos pedaços de madeira com menos vontade, porque tenho medo do que posso encontrar novamente. Acho uma mão que luta para sair. Jogo para longe tudo que me impede de vê-la.

–Mãe!

Seguro sua mão com força. É a única parte dela que consigo tocar, que me conforta. Tento tirá-la dali, mas ela não se mexe nem um milímetro. Seus olhos castanhos estão me olhando com doçura. Puxo com mais força e nada. Um grande pedaço da construção está esmagando suas pernas. Move-lo é impossível, mas não deixo de me esforçar.

–Katherine... – ela sussurra. Sua cabeça está sangrando muito e há um corte profundo no seu braço.

–Eu vou te tirar daqui, eu vou...

Estou perdendo o ar a minha volta. Estou perdendo a minha mãe.

–Eu sinto muito. – sorri.

–Não diga isso. – um murmúrio consegue escapar no meio da enxurrada de lágrimas. – A culpa é toda minha!

–Eu te amo, minha menina. Você é a corajosa que jamais fui.

Seus olhos de fecham.

Seu fantasma aparece na minha mente segurando a minha mão para atravessar a rua e depois me ajudando a vestir para a escola. Sentadas à mesa do café da manhã, ela me dá um sorriso sonolento segurando as palavras cruzadas. Passeando pela rua, fazemos planos juntas. Vejo seus cabelos loiros balançando em um dia ensolarado. Sinto seu cheiro de alfazema e seu abraço apertado.

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