Capítulo 24 - James

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Nota da autora: Oi amores, tudo joia? GUESS WHAT?? Chegamos hoje em 7 no ranking de fantasia!!!!!! UUUUUUUUUHUUULL! Fiquei feliz demais, e devo tudo graças a vocês. Por isso, sei como muitos esperam, ai está o capítulo que conta a história de James. A mais triste de todas :( Os próximos capítulos saem só semana que vem. Amo vocês!

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1997

Oía, Residência dos Chronis, número 12. Meio dia e trinta.

É uma tarde quente e ensolarada em Oía.

–Eu juro que desempacotei os talheres. Você é que não está procurando direito! – um homem loiro de meia idade entra na cozinha repleta de plásticos bolha, caixotes de papelão com etiquetas e sacolas de pano. Uma mulher mais jovem que ele, de cabelos castanhos e olheiras profundas, vira-se com as mãos na cintura e uma expressão nada contente no rosto.

–Egan, não me faça ir naquele monte de entulho que você chama de garagem de novo. Já passam de meio dia e eu mal comecei a fazer o almoço. E não posso servi-lo sem os talheres! – repreende, fazendo gestos com a mão. Egan lhe dá um sorriso cansado, beija sua boca e depois diz:

–Ora, se eu não os encontrar comemos com as mãos mesmo!

A mulher ri e, antes de deixá-lo sair para o quintal, bate o pano de prato nas costas dele. Ele observa, enquanto atravessa o gramado, seu único filho brincar com uma arma de plástico que espirra água. Entra na pequena casinha a parte e acende a luz.

Começa a abrir as caixas da mudança, sem muito ânimo. Quando finalmente encontra o rolo de metal reluzente dos cabos dos garfos, o ar já cheira a bife e batatas. Prestes a sair, pula um amontoado de coisas desajeitadamente e acaba tropeçando e caindo. Uma caixa, que estava em cima de uma prateleira de madeira, cai na sua cabeça.

–Mas que droga! – xinga, esfregando o cocuruto com raiva. Senta na poeira e olha para o que lhe causou tanta dor. O conteúdo lá dentro são diversas fitas de filme antigas. Todas têm nome e data escritos de caneta, menos uma. Intrigado, Egan franze as sobrancelhas e rapidamente começa a procurar pelo velho projetor do seu pai.

O encontra, conecta na tomada e direciona para a parede branca. Encaixa a fita com dificuldade e aperta o botão. Não vê nada na parede, inicialmente, mas depois de alguns segundos o rosto do seu pai aparece na frente da câmera.

–Tudo bem. Eu tenho pouco tempo para fazer isso. – sua voz diz.

"Bem, olá! Eu não sei quem está assistindo a esse vídeo... er, então... se for alguém da Organização, vá a merda, mas se não... Olá meu filho. Ou neto, não sei. Você deve estar se perguntando o que estou fazendo aqui. Adiei esse gravação por décadas, mas acho que não posso mais fazer isso. Afinal, James está por vir!"

"Não tenho muito tempo então vou ser bem breve: eu sou um Guardião. Egan, se você estiver vendo isso, toda aquela história que eu vivia te contando quando você era criança sobre os quatro Guardiões dos elementos é verdade. Ah, meu filho! É tudo verdade! Eu controlo a água, desde que completei dezoito anos. Veja só."

O senhor na projeção para de falar para colocar uma bacia cheia de água na frente da câmera. Depois disso, movimenta as mãos e a água paira no ar, dançando em um ritmo lento. Egan mal consegue acreditar no que seus olhos veem.

"Pois bem, acho que isso foi uma demonstração suficiente. Perdoe seu velho pai por não ter contado antes, mas acontece que eu não queria colocar você e sua mãe em perigo. Espero que no futuro você entenda."

"Agora me escute, Egan. Pode parecer loucura, mas isso é verdade. A história é real. E isso significa que a Organização também é. Quando James nascer, eu vou partir. Porque ele é o Guardião sucessor da água. Tenho certeza disso. Assim que isso acontecer, o novo alvo será ele. Eles virão atrás do meu neto e eu preciso que você o proteja até que ele atinja os dezoito anos.

"Ora, eu sei o que está pensando, mas não faça perguntas difíceis agora porque não tenho tempo para respondê-las. Só prometa que você protegerá o seu filho, Egan, meu neto, daqueles que querem lhe fazer mal. Não deixe que eles o levem!"

"Eu amo muito você, meu filho, e espero que diga a James que eu o amo também e que sei que ele se tornará um grande Guardião."

"Droga! Tem alguém vindo!"

"O elemento, Egan, o elemento está escondido no poço lá no..."

A gravação acaba e o estalo do compartimento da fita se abrindo acorda Egan de um transe. Percebe então que está chorando. Limpa o rosto com as mãos e encosta o corpo no projetor, em choque pelo o que acabou de ver. Escuta sua mulher o chamando para o almoço de dentro da casa, mas não consegue se mover.

–Papai, vamos comer! – o menino de olhos azuis e a camisa molhada de água entra na garagem. Egan o avista e vê nele o reflexo do pai.

–Estou indo, James. – responde com ternura.

O garoto segura na mão dele e o puxa para fora. Enquanto se deixa levar pelo filho, diz a si mesmo que vai cumprir a promessa. E antes que eles entrem na casa, Egan observa o colar de poço no pescoço do menino reluzir, na tarde quente e ensolarada de Oía.

2010

Oía, Residência dos Chronis, número 12. Uma e cinquenta da noite.

James está dormindo no seu quarto, se remexendo e balbuciando algo sobre um poço de água. Não acorda quando o barulho da porta da frente sendo arrombada soa pelos corredores. Muito menos quando seu pai entra descalço, aflito.

–James, meu filho. Acorde! – sussurra, tentando manter a calma. O rapaz desperta assustado e pingando suor.

–O que foi? – reclama, esfregando os olhos. Mas seu pai não tem tempo para conversa. Agarra-o pelo braço e o arrasta até onde sua mãe e irmã esperam. Elas estão completamente apavoradas.

–O que está acontecendo? – pergunta confuso. O senhor abre a porta dos fundos e, em silêncio, manda eles fugirem. As duas obedecem prontamente e James, prestes a fazer o mesmo, para na frente do pai e repete a pergunta:


–O que está acontecendo?

Egan engole em seco.

–Eles estão atrás de você, meu filho. Eu sabia que esse dia chegaria. Agora vá! Vá logo! – murmura. Sem entender, James faz o que ele pede. Os dois correm pelo quintal, passam pela garagem e pulam o muro baixo. A silhueta das duas mulheres está longe e eles tentam alcançá-las.

Nenhum dos dois vê quando um Atirador distante dispara sua arma.

Egan cai no chão.

–PAI! – James grita e volta correndo alguns passos. A bala está cravada no seu peito e ensanguentando sua camisa do pijama.

–Corra James! Pegue sua irmã, sua mãe e desapareça! – exclama, lutando para respirar. O rapaz pensa em dizer que não vai deixá-lo, mas outro som de tiro enche o ar e deixa uma bala no braço dele. Assustado, levanta-se e volta a correr, deixando as lágrimas molharem seu rosto.

Olha para trás por uma última vez e vê o corpo do seu pai no chão. Mas o que não consegue enxergar é que Egan sorri e antes de dar o seu último suspiro diz para si mesmo:

–Eu consegui.

Os GuardiõesOnde histórias criam vida. Descubra agora