Os Guardiões

Capítulo 20 - Traidor

Cidade do México, Rua camena número setenta e dois. Oito e vinte e quatro da noite.

Um grupo de pessoas entra em uma casa velha, no final de um beco escuro e sombrio. Mesmo diferentes fisicamente, todos tem algo em comum: uma marca em relevo no pescoço com as siglas da Organização. Pisam no chão de madeira. A casa é aberta, como um caixote. Não há paredes dividindo quartos. Não há janelas.

Alguém lamenta alto no fundo de um amplo cômodo.

-Foi fácil? - pergunta um rapaz gorducho e baixinho para um homem mais de idade, com sangue nas mãos.

-Sim, senhor.

O rapaz saca o celular e caminha junto com o restante. Assim que as chamadas cessam um ruído sai do outro lado da linha:

-Senhor Rubens? - chama pelo líder.

-Estou ouvindo. - responde.

Ele para de frente a uma cadeira de madeira. Sentado nela está um homem de terno e olhos violeta. Suas mãos estão amarradas e uma fita adesiva está pregada nos seus lábios.

Iluminam o rosto dele. A luz reflete seu estado deplorável. Está coberto por sangue e escoriações. Esbugalha os olhos e tenta gritar, mas a fita abafa.

-O Rastreador Milies está conosco, senhor. Precisamos de uma confirmação para executar a ordem.

-Matem esse verme! - fala tão alto que todos escutam. Milies se contorce na cadeira, lagrimas rolando pelo rosto. Desligam do outro lado da linha e o rapaz gorducho volta a colocar o celular no bolso. Se aproxima do homem amarrado e puxa a fita de seus lábios de uma vez só.

-Por favor Enrique, mi compañero! Yo no hiciste por mal! Eu imploro, por favor. Poupe a minha vida! - suplica com desespero.

Enrique puxa um papel do casaco e se afasta.

-Agente número 201, Rastreador...

-Não, não, não...

-... Milies. Você será executado por ordem no nosso líder, Odell Rubens, sob a acusação de traição a Organização...

-Eu não os trai!

-... e por exposição do elemento a um Guardião, sem aviso prévio. - termina de ler. As mulheres se retiram do local quando Enrique dá um passo a frente e estende a arma, mirando-a nos olhos violeta.

Uma tensão paira no ar. Um cheiro de pólvora. Sangue vivo respinga na parede.