Capítulo 1

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Golfo do México – Anos atrás.

Giovanna: Alfonso, Anahí, venham! O que estão fazendo aí sentados? Venham para a água.

Anahí olhou para Giovanna, sua irmã gêmea, que estava em pé na parte mais rasa da água, gesticulando em sua direção. O sol forte do mês de agosto brilhava sobre as águas límpidas do Golfo do México, salpicando a superfície ondulada como milhões de pequenos diamantes e transformando os cabelos castanhos de Giovanna em uma auréola dourada em volta de seu rosto delicado.

Giovanna: Venham logo! A água está uma delícia. Vamos furar algumas ondas. Venha Anahí, venha Alfonso. –ela insistia, em sua impaciência juvenil-

Anahí: Estamos fazendo um castelo de areia. -explicou com sua voz calma, não querendo contrariar a irmã, mas hesitando em interromper o que estava fazendo com tanto cuidado-

Alfonso Herrera, um garoto de doze anos, dois a mais que as gêmeas, imediatamente abandonou a torre que estava construindo para o castelo de Anahí e ficou em pé.

Alfonso: Estamos indo, Giovanna.

Giovanna: Venham logo. Venha, Anahí. –repetiu, enquanto corria para as ondas-

Alfonso sorriu quando ela mergulhou sem medo sob uma enorme onda. Ele gostava das duas, mas preferia Giovanna por ser mais corajosa, mais ousada e divertida.

Aquele sorriso doeu no coração de Anahí. A menina ressentia a atenção que todos dedicavam a Giovanna. A de Alfonso principalmente. Ele nunca sorria assim para ela. Ou melhor, ela não tinha capacidade para fazê-lo sorrir. Só Giovanna.

Giovanna era extrovertida, falante, alegre. Mesmo quando estava fazendo algo proibido, o que acontecia com bastante frequência, seu jeito, ao mesmo tempo doce e provocante, fazia com que as pessoas, seu pai principalmente, não se zangassem com ela. Todos gostavam daquela menina inteligente, determinada, que nascera para liderar.

Anahí, por sua vez, era tímida, de poucas palavras, uma sombra da irmã. Ninguém prestava atenção em alguém tão pouco interessante, que não provocava críticas nem aplausos. Só indiferença e tolerância.

Alfonso: Vamos. -Alfonso insistiu, seus olhos esverdeados ainda seguindo Giovanna, que acabara de emergir de seu mergulho imprudente- Podemos terminar o castelo depois.

Anahí baixou os olhos.

Anahí: Pode ir, Alfonso.

Era o que ele queria ouvir. Mal as palavras saíram da boca de Anahí e Alfonso já estava correndo pela areia na direção de Giovanna.

Anahí ficou o observando, seus olhos azuis cheios de desilusão e ressentimento. Já devia estar acostumada. Toda vez que Giovanna chamava, Alfonso abandonava o que estava fazendo, qualquer coisa, por mais interessante que fosse, para atender ao chamado dela. Por Giovanna ele esquecia tudo, tudo mesmo, principalmente ela, Anahí.

Mas a culpa não era dele, ela pensou resignada. Todos agiam assim com Giovanna. Ela sabia que apesar de serem gêmeas idênticas, tão idênticas que até mesmo o pai delas tinha dificuldade em distinguir uma da outra, possuíam personalidades completamente diferentes.

Giovanna era como o pai: ousada, corajosa, que adorava aventuras, que gostava de desafiar o perigo e vivia intensamente cada momento de sua vida. Era o tipo de pessoa que estava pronta para a vida, sem medo de nada e de ninguém.

Anahí, por outro lado, parecia-se com a mãe. Cautelosa, pensativa, introspectiva. Não corria atrás de aventura, não gostava de brincadeiras perigosas e pouco falava. As poucas vezes em que se metera a fazer algo mais arriscado, só o fizera porque fora induzida por Giovanna.

Mesmo entendendo porque as pessoas preferiam Giovanna, não conseguia evitar a tristeza que os motivos lhe causavam. Se tivesse que escolher entre as duas, ela também escolheria a irmã.

Suspirando, Anahí deu uma última olhada para o castelo inacabado e caminhou devagar para a beira da água.

Substitute [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora