Capítulo 30

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Anahí: Oi, Dulce, desculpe. Mas foi mesmo a cor do seu cabelo que me confundiu. -quando a mulher disse seu nome, Anahí conseguiu lembrar-se de que uma vez, muitos anos atrás, Giovanna mencionara uma tal Dulce Maria que encontrou num seminário. Mas só. Por mais que tentasse, não conseguia lembrar do que Giovanna dissera sobre a mulher, exceto que tinham ficado juntas durante o dia- Foi ótimo ver você outra vez, também. E desculpe não a ter reconhecido logo.

Dulce olhou para Alfonso.

Anahí virou-se para ele, ainda lutando para se acalmar.

Anahí: Dulce, esse é meu... Marido. -tentava manter a calma a todo custo, para que não fosse desmascarada- Alfonso Herrera. Alfonso, querido, esta é Dulce Maria. Nós nos conhecemos alguns anos atrás num seminário em Nova York.

Dulce: Marido? Mas que surpresa. Prazer em conhecê-lo, Alfonso.

Alfonso: O prazer é todo meu.

Dulce: Mas então, o que estão fazendo por aqui? Férias?

O sorriso de Alfonso aumentou e seus olhos brilharam orgulhosos. Ele colocou um braço em volta da cintura de Anahí e a fez aproximar-se dele.

Alfonso: Estamos em lua-de-mel.

Anahí olhava para Dulce, sua mente trabalhando em ritmo acelerado para lembrar-se de mais algum detalhe que Giovanna dissera sobre a moça, mas absolutamente nada vinha a sua memória. Só lhe restava rezar para que a tal mulher não fizesse nenhuma pergunta que ela não soubesse responder.

Dulce: Escolheram um lugar lindo. Parabéns. Onde estão hospedados?

Anahí: Alugamos uma vila no lado oeste da ilha.

Dulce: Nós estamos no Palm Breeze, meu namorado e eu. Christopher deve estar em alguma loja. -ela falou, enquanto vasculhava a rua na tentativa de localizá-lo- Olhe, lá está ele. Christopher! -ela chamou, mas ele não a ouviu- Que pena, eu queria muito que vocês o conhecessem.

Oh, Deus, ela não vai nos deixar em paz. O que posso fazer? Como me livrar dela?

Dulce: Então, por quanto tempo mais vão ficar?

Alfonso: Mais quatro dias. –respondeu-

Dulce: Esta é nossa última noite aqui. -declarou. Mas antes que Anahí pudesse sentir alívio, a mulher acrescentou:- Se vocês não tiverem nada programado para esta noite, que tal jantarmos juntos? Assim, Giovanna e eu podemos recuperar um pouco do tempo perdido e vocês podem conhecer o meu namorado.

Era a última coisa que Anahí desejava. Passar uma noite lutando para não se contradizer não estava em seus planos. Mas como recusar? Que desculpa poderia dar? Giovanna não declinava de nenhum convite. Ela adorava sair com amigos. Com certeza, ficaria deliciada em ver Dulce outra vez e não pensaria duas vezes em aceitar. Resignada, olhou para Alfonso e sorriu.

Anahí: O que você acha, meu bem?

A noite acabou sendo um tormento para Anahí.

A sensação era de que estava atravessando um campo minado onde podia, a qualquer momento, pisar no lugar errado e ver tudo ir para os ares. Precisava estar alerta o tempo todo para não se trair. Precisava medir cada palavra, cada gesto. A tensão constante desgastava muito mais que um esforço físico.

Para sua sorte, no entanto, Dulce era o tipo de mulher que falava sem parar. O trabalho de Anahí consistia em assentir e sorrir, e fazer uma ou outra pergunta não comprometedora de vez em quando.

Christopher também falava bastante. Ele era bem alto, com cabelos escuros e olhos castanhos, que transmitiam muita alegria. Extrovertido, era uma excelente companhia. Se Anahí não estivesse tão preocupada com a possibilidade de ser desmascarada, teria gostado muito dele. Dos dois na verdade. Dulce revelou-se uma ótima moça, amável e bastante amiga.

Dulce: E vocês, namoraram muito tempo? -perguntou, sorrindo para Anahí e Alfonso-

Alfonso: Giovanna e eu nos conhecemos desde que éramos crianças. -respondeu. Ele colocou o braço em volta de Anahí e a beijou no rosto- E eu sempre a amei.

O gesto terno, a declaração tão pungente fizeram sangrar o coração de Anahí. Sua consciência escolhera bem aquele momento para atormentá-la com a enormidade da atitude que tomara... Do modo como estava enganando aquelas pessoas boas... Especialmente Alfonso, seu querido Alfonso. Fingindo embaraço por receber uma demonstração pública de carinho, ela abaixou a cabeça. Não podia olhar para Dulce e nem para Christopher. A culpa estava escrita em seu rosto. Sabia que esperavam que dissesse alguma coisa, mas nenhuma palavra lhe ocorria.

Mentirosa. Você é uma tremenda mentirosa. Não passa de uma desculpa miserável para um ser humano.

Alfonso: Demorou bastante para persuadi-la a se casar comigo. -continuou, afagando-lhe o ombro-

Dulce sorriu.

Dulce: Algumas mulheres gostam de se fazer de difícil.

Alfonso: Era isso que estava fazendo comigo, amor?

Anahí foi obrigada a olhar para ele. E viu ternura nos olhos esverdeados. Viu amor e confiança. Tudo o que ela não podia retribuir. Um nó se formou em sua garganta. Ela precisou esforçar-se muito para não deixar as lágrimas escorrerem pelas faces. Mas seu amor por Alfonso foi a sua salvação, foi o que a inspirou para encontrar as palavras certas, que continham só a verdade.

Anahí: Não sei. Tudo o que sei é que aquela pessoa, a que fez você esperar tanto tempo, já não está mais aqui. A pessoa que está ao seu lado nesse momento acha que você é o melhor marido do mundo. O marido que qualquer mulher gostaria de ter. Eu... Eu não posso imaginar o que seria viver sem você.

Dulce: Nossa, que lindo! Ouviu só, amor? -indagou. Christopher sorriu-

Alfonso respondeu com um piscar de olhos, mas eles, na verdade, diziam para Anahí o quanto aquelas palavras significaram para ele.

Conversaram mais um tempo, até que a orquestra começou a tocar uma seleção de músicas românticas. Anahí preferia ir embora, mas não encontrava uma desculpa adequada que justificasse a saída deles. Pensou em dizer que estava passando mal, mas não toleraria mais uma mentira.

Dulce: Vamos dançar? –convidou-

Alfonso: Ótimo. Giovanna adora dançar.

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