Capítulo 16

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Enquanto aqueles pensamentos lhe ocorriam, o padre, com sua voz melodiosa que Anahí ouvia todos os domingos desde que era uma menina, começou a falar.

- Queridos amigos, estamos aqui hoje, nesta linda igreja, na presença de Deus, de amigos e familiares, para testemunhar o casamento e o compromisso de vida de um para o outro destes dois jovens... -ele fez uma pausa e sorriu para os noivos- Conheço Alfonso Herrera Rodriguez e Giovanna Puente Portilla desde que eram crianças.

Giovanna Puente Portilla.

Todos naquela igreja, incluindo o padre, achavam que ela era sua irmã. Mas ela, Anahí, era uma mentirosa e uma impostora. Sua cabeça começou a girar e foi só com muito esforço que conseguiu permanecer de pé e ouvir o que o padre estava falando.

A magnitude de sua farsa fez seu coração disparar tanto que temeu que Alfonso pudesse ouvi-lo.

Quando a mão forte e quente de Alfonso envolveu a dela, Anahí sentiu-se como que atingida por um choque. Foi impossível evitar o tremor que percorreu seu corpo. Ele fez-lhe um afago para assegurar que tudo estava bem, com certeza atribuindo seu tremor ao nervosismo característico de todas as noivas. Tinha os olhos cheios de amor, o sorriso lindo dirigido só para ela...

Alfonso, meu querido Alfonso... Meu grande amor...

Sem perceber, como que impelida pela força do amor daquele homem, Anahí esqueceu tudo, a culpa, o medo, o nervosismo. Só o que importava. Era que o olhar de Alfonso estava dirigido somente a ela. Giovanna estava longe, com outro homem. Seu amor por ele dava-lhe todo direito do mundo de estar lá, casando-se com ele, mesmo que num casamento de mentira. Seria esposa de Alfonso por algumas horas. Para quem não tinha esperança alguma, isso já se constituía numa grande vitória. Aquela conclusão trouxe-lhe uma enorme calma e foi assim, com os dedos entrelaçados nos de Alfonso, que ela levantou os olhos e encarou o padre.

Seu coração lhe dizia que tinha feito a coisa certa. Não havia outra alternativa em uma circunstância como aquela. Giovanna agira de um modo irresponsável e a obrigara a tomar aquela atitude. Depois da festa, assim que todos os convidados se retirassem, contaria a verdade a Alfonso. Ele não ia ficar nem um pouco contente. Talvez até tivesse preferido cancelar tudo se soubesse da verdade. Mas era tarde para aquelas conjeturas. Assim como tivera coragem de chegar até lá, teria coragem também para ir até o fim. Estava sendo a noiva de Alfonso naquele momento e tentaria ser feliz enquanto a fantasia durasse.

A cerimônia transcorreu como num sonho. Anahí respondeu às perguntas que lhe foram feitas sem titubear. E quando seu amado Alfonso colocou em seu dedo uma linda aliança, o padre falou:

- Eu os declaro marido e mulher.

Ao ouvir aquelas palavras, Alfonso a abraçou e os lábios dele encontraram os dela para um beijo tão doce e tão cheio de amor, que tocou o fundo da alma de Anahí. Separaram-se vagarosamente e ele a premiou com um sorriso terno e cheio de promessas.

Anahí daria qualquer coisa para ser a verdadeira Sra. Herrera, não só por aquele dia, mas para o resto de sua vida.

A música voltou a soar e Alfonso, sem esconder o sorriso, pegou a mão delicada e a guiou para a porta da igreja.

Quando chegaram na entrada principal, Anahí, Alfonso, as damas de honra, o pai de Anahí e a avó de Alfonso ficaram alinhados para receber os cumprimentos. Anahí parecia flutuar enquanto recebia beijos, abraços e apertos de mão. Foi fácil sorrir para todas aquelas pessoa. Foi fácil também responder sem se trair às inúmeras perguntas sobre a fuga de sua irmã "Anahí".

Logo a fila de cumprimentos acabou e partiram para a recepção. Enquanto caminhavam na direção dos carros, Hank os alcançou.

Hank: Anahí fugiu mesmo para o México para se casar com um cara que você nunca viu? -ele perguntou-

Anahí assentiu.

Alfonso: Hank estava interessado em Anahí. -declarou, seus olhos brilhando-

Anahí exerceu todo seu controle para esconder a surpresa que sentiu com aquela declaração. Hank estava interessado nela:

Anahí: Sinto muito.

Hank: Por que sente muito? Não foi culpa sua. Quem tem que sentir é ela.

Após isso, Alfonso colocou seu braço em volta da cintura de Anahí a guiando para a limusine estacionada na frente da igreja. O motorista sorriu enquanto segurava a porta de trás.

Uma vez dentro do carro, Alfonso a fez aproximar-se, segurando-lhe o queixo para poder olhar bem dentro dos olhos dela.

Alfonso: Não posso acreditar que finalmente estejamos casados. -ele falou ternamente-

Anahí: Nem eu. -disse. Seu coração batia desenfreadamente-

Ele abaixou a cabeça, sua boca capturando a dela num longo e excitante beijo.

Alfonso: Ainda bem que Hank não veio junto. -ele comentou quando interrompeu o beijo-

Anahí quis dizer que também preferia assim, mas a culpa a impediu, Alfonso olhou sério para ela.

Alfonso: Eu te amo, Sra. Herrera.

Anahí: Eu também te amo, Alfonso. Sempre te amei.

Era tão bom poder expressar seus sentimentos em voz alta, poder fazer aquela revelação olhando para os olhos dele, poder dizer àquelas palavras que estiveram encravadas em seu peito por tanto tempo.

Alfonso: Verdade, meu amor? Você sempre me amou?

Anahí: Sempre, Alfonso. Nunca amei outro homem. Só você. –confessou e ele a abraçou forte-

Alfonso: Vamos ser muito felizes, Giovanna.

Giovanna.

Durante alguns segundos Anahí tinha esquecido que seu casamento era uma farsa. Ouvir o nome de Giovanna naquele momento tão íntimo entre os dois foi como um balde de água fria em suas fantasias. Precisou de todo seu esforço para impedir que as lágrimas brotassem de seus olhos. Se pudesse parar o tempo, aquele seria o momento ideal. Poderia ser Giovanna para todo o sempre!

Alfonso: Por que as lágrimas, meu bem? -perguntou preocupado, vendo o esforço que ela fazia para evitá-las- Você não está feliz?

Anahí: Muito, Alfonso. Muito mais do que eu poderia sonhar. É que eu... Sempre choro quando estou feliz.

Alfonso: Você? Não acredito. Nunca vi você chorando, nem nos tempos de criança.

Anahí desviou os olhos. Estava falando a verdade, mas mentindo para Alfonso de qualquer forma.

Alfonso: Há muitas coisas sobre você que eu não sei, não há? -Anahí sentiu-se a mais miserável da face da terra-

Alfonso era um homem tão bom. E pensar no que ela e Giovanna estavam fazendo com ele...

Alfonso: Amor, não fique assim. Se você está mesmo feliz, olhe para mim, deixe-me ver seu sorriso lindo.

Se Alfonso soubesse o sacrifício que um sorriso exigia dela naquele momento, ele não faria um pedido daquele. Mas, para sua sorte, bem naquele momento, o carro parou no espaço reservado para eles em frente ao clube de campo. O excitamento dos convidados com a chegada dos noivos a fez esquecer momentaneamente de sua culpa. O sorriso saiu quase natural quando desceu do carro.

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