Capítulo 20

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Alfonso: Finalmente a sós. -ele disse e pegou-lhe a mão-

Anahí olhou para os dedos entrelaçados. Seus olhos captaram o brilho dos seus anéis.

Anéis de Giovanna, não seus.

Ela olhou a sua volta. Na poltrona ao lado, um casal já bem idoso fazia-lhes companhia.

- Parabéns. -a mulher a cumprimentou- Pela despedida que tiveram deduzi que são recém-casados.

Mesmo se sentindo a pior das mulheres, Anahí não pôde deixar de sorrir. Aquela senhora, com um sorriso tão doce e simpático, de olhar amigável, não tinha culpa de nada.

Alfonso: Casamos essa tarde. -informou, orgulhoso-

- John e eu vamos completar quarenta e oito anos de casados no próximo mês.

- Quarenta e oito anos de felicidade. -o marido completou galante. Seus olhos castanhos voltaram-se para Alfonso- Espero que você seja tão feliz com sua linda esposa quanto tenho sido com minha Margaret.

A mão de Alfonso apertou o ombro de Anahí.

Alfonso: Tenho certeza de que seremos.

Anahí sentiu um nó na garganta.

- Mas lembrem-se, é preciso muito amor entre vocês. E há uma outra coisa que devem fazer: nunca ir para a cama com raiva um do outro.

- É verdade. Esse é um excelente conselho para os casais. -o marido concordou- Mas se um dia acontecer de irem para a cama com raiva, resolver tudo lá vale muito a pena. É um jeito perfeito para uma reconciliação.

- Ora, John! -a senhora ralhou, abaixando a cabeça envergonhada-

Alfonso riu e acariciou a mão de Anahí. O outro casal começou a conversar entre eles e Alfonso beijou a mão da amada.

Alfonso: Vamos ser como eles. Felizes juntos até o fim de nossas vidas.

Alfonso, Alfonso, se você soubesse... Se pelo menos isso fosse verdade...

Alfonso: Não vejo a hora de chegar essa noite. -ele continuou, agora falando quase no ouvido dela, num tom baixo e íntimo- Tenho sonhado com este momento a tanto tempo! Quero tanto você.

Anahí mal conseguia respirar.

Por um longo momento seus olhares se cruzaram e assim permaneciam. Ela molhou os lábios e os olhos deles mudaram de direção.

Ele vai me beijar.

Com o desejo estampado nos olhos, Alfonso abaixou a cabeça e sua boca procurou a de Anahí.

O beijo foi eletrizante, cheio de promessas e paixão. Anahí esqueceu tudo e todos, exceto Alfonso, exceto o fato de amá-lo e desejá-lo tanto.

Você bem que podia ficar com ele. Basta ficar quieta. Se ele ainda não percebeu que você não é a Giovanna, você pode continuar fingindo.

Aquela ideia a paralisou. Calar-se e não contar a verdade a Alfonso? Se assim procedesse, se continuasse fingindo ser Giovanna...

Não! Não podia agir daquele modo. Seria muita loucura e um ato indigno dela.

Mas por que não poderia? O amor dava-lhe o direito. E para quem já tinha chegado até aquele ponto, ir até o fim não diminuiria seu "crime". Pelo menos desta vez faça o que Giovanna teria feito. Agarre o que você quer.

Anahí lembrou-se da expressão apaixonada no rosto da irmã quando afirmou que estava agarrando sua chance de ser feliz.

Anahí, que sempre fora tímida, nunca lutara ferrenhamente por nada. E agora o destino colocava em suas mãos aquela chance. A única que poderia ter. Se não a agarrasse, a vida voltaria a lhe dar outra oportunidade?

E as consequências? Ora, nas consequências pensaria depois. Ter Alfonso por uma semana compensaria qualquer coisa de ruim que viesse depois.

Mas que diferença faria enfrentar Alfonso naquele momento ou uma semana mais tarde? Estava arriscada a ser desprezada por ele do mesmo jeito se contasse a verdade agora. Então por que não arriscar?

Seu amor por Alfonso era imenso. Um amor lindo e puro, cultivado desde a adolescência. Por muito tempo não alimentara nenhuma esperança de tê-lo a seu lado, nem mesmo por um só dia. Agora poderia tê-lo por uma semana. Uma semana só deles.

Uma gloriosa semana...

O coração de Anahí disparou. Uma semana era o que precisava para poder desfrutar de seu amor na sua plenitude. Ficariam sozinhos e viveriam apenas um para o outro. Se perdesse tudo que tinha na vida, ainda lhe restariam as lembranças daquela semana. Para sonhar em suas noites solitárias. Para preencher o vazio de seu coração. O mundo poderia acabar, mas pelo menos, ela teria sido feliz.

Mas e a exposição em setembro? E todo o trabalho que você ainda tem a fazer?

E o que importava sua pintura naquele instante, se estava às portas do paraíso? Teria o resto da vida para pintar. Mas não teria nunca mais aquela oportunidade única de desfrutar uma intimidade com Alfonso como a que estava por acontecer.

Além do mais, depois que voltasse a Londres, estabeleceria um esquema de trabalho bem rígido e conseguiria terminar os quadros que faltavam para a exposição em setembro.

Com a resolução tomada, ela olhou para Alfonso. Observou seu perfil másculo. O nariz ligeiramente adunco combinava perfeitamente com a boca de lábios bem delineados. Tê-lo tão próximo a si remeteu-lhe à noite em que fora beijada por Alfonso, sendo confundida com Giovanna. Muitos anos poderiam se passar, mas aquele primeiro beijo nunca mais seria esquecido, mesmo sabendo que ele não lhe pertencia. O contato íntimo que tiveram naquele momento fez acender em Anahí a chama da paixão, queimando cada milímetro de seu corpo com a brasa do desejo, que poderia se repetir por mais uma semana, se tivesse a coragem de sustentar aquela farsa. Encostando a cabeça na poltrona, ela fechou os olhos. Anahí, você não pode perder essa oportunidade que a vida está lhe oferecendo. Pela primeira vez, haja por impulso e deixe o coração falar mais alto.

E então sua decisão foi tomada. Continuaria a ser Giovanna por mais uma semana. Lidaria com as consequências na hora certa.

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