Capítulo 47

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Seu pai. Anahí lembrou-se de que tinha prometido ligar para ele aquela manhã para dar o telefone dos Ponce em Vera Cruz. Talvez fosse melhor ir até o escritório dele e dizer que "Anahí" não estaria em casa o dia todo e que ela ligaria para ele no dia seguinte.

Não, melhor não ir. Melhor telefonar. Com os nervos abalados como estavam, não seria prudente arriscar a sorte. Poderia trair-se ao encontrar seu pai, cara a cara. Teria que enfrentá-lo, sim, mas não naquele dia. Não antes de ter resolvido seu problema com Alfonso.

Anahí: Alô, papai. Tudo bem com o senhor? Só estou ligando para avisar que falei com Gio... Anahí a noite passada.

Santo Deus! Eu quase disse Giovanna!

Enrique: Ótimo. E você disse que quero falar com ela?

Anahí: Disse sim, mas ela e Carlos foram para a cidade do México hoje e só vão voltar bem tarde. Ela prometeu ligar amanhã.

Será que ele percebera que quase dissera Giovanna?

O coração de Anahí estava batendo tão forte, suas pernas tremendo tanto, que ela temeu não aguentar por muito tempo em pé.

Enrique: Tudo bem, meu anjo. Acho que posso esperar mais um dia. E você, como está? Vai passar o dia no hospital outra vez?

Oh, graças a Deus ele não percebeu nada.

Anahí: Eu... Ainda não sei. Acho que vou ligar para a avó de Alfonso e perguntar se ela precisa de mim. Se precisar, vou sim.

Enrique: Bem, meu anjo, não vou te prender mais. Você e Alfonso vão passar por aqui no fim de semana?

Anahí: Nós... Ainda não fizemos planos para o fim da semana, papai. Perdemos a hora esta manhã e Alfonso teve que sair correndo.

Enrique: Apareçam para jantar domingo em casa. Josie sempre faz comida demais.

Anahí: Obrigada, papai. Vou falar com Alfonso e depois ligo avisando.

Anahí estava se sentindo mal quando desligou. Respirou fundo várias vezes antes de pegar o carro e ir para casa. Quanta mentira, envolvendo tantas pessoas. Chegara ao seu limite. Não podia continuar enganando as pessoas que amava. Estava cansada de imaginar a reação delas quando soubessem a verdade.

Deus era testemunha de que tentara. Embora um pouco tarde, é verdade, mas tentara falar com Alfonso. O que mais poderia fazer além disso? Nada. Tinha ligado para Giovanna e para seu pai. Tentara falar com Alfonso, mas o esforço fora em vão. O que restava a fazer era rezar para que Alfonso voltasse logo da viagem, assim poderiam conversar naquela noite. Até lá, ia esforçar-se ao máximo para parar de se preocupar, caso contrário, acabaria ela numa cama de hospital.

Mas como pensar em outra coisa além das possíveis consequências de seu ato impensado de duas semanas atrás? Dentro de casa, sem nada para fazer, andando de um lado para o outro, Anahí agonizava aos poucos.

Com lágrimas nos olhos, foi para o quarto, tirou as roupas que escolhera com tanto cuidado e colocou um short e uma camiseta. Depois, tentando não pensar sobre o que estava fazendo, começou a empacotar tudo o que lhe pertencia, ou melhor, a Giovanna, corrigiu-se. Nada lá era dela. Nem as roupas, nem os móveis. Muito menos o homem que conhecia como marido. Ela usurpara tudo isso, como uma ladra que ia receber o castigo merecido.

A entrevista com Vrable durou menos tempo que o advogado esperara, para alívio de Alfonso que poderia voltar para Londres antes do previsto. Aquilo era ótimo, porque poderia passar no escritório antes de ir para casa e relatar a Enrique o que conseguira com aquela testemunha-chave.

Antes de deixar Beaumont, no entanto, usando o celular, Alfonso ligou para casa, já que o celular dela ainda estava com a mensagem de caixa postal.

Anahí atendeu no segundo toque.

Alfonso: Oi. -ele falou, sentindo aquela onda de felicidade quando ouvia a voz dela-

Anahí: Olá.

Alguma coisa estava errada com Giovanna. Ele podia sentir no tom de voz dela. Seria aquele mesmo problema que ela tentara falar na noite anterior e depois de manhã antes de ele sair para o escritório? Que problema ela poderia ter? Alfonso, em seu estado total de felicidade, até se esquecera de que sua esposa pudesse estar em apuros.

Mas sou mesmo um verdadeiro idiota! Como pude me esquecer disso?

Alfonso: Estou a caminho de casa, meu bem. Vou passar no escritório primeiro e devo chegar em casa por volta dás sete.

Anahí: Tudo bem.

Alfonso: Não se preocupe em preparar o jantar. Quero ir ao hospital hoje à noite e depois vamos a um restaurante. -depois, suavizando a voz, ele continuou:- Querida, sei que não tenho sido um marido muito dedicado ultimamente, mas esta noite vamos conversar como você me pediu. Agora, com vovó melhor e os problemas na empresa praticamente resolvidos, vamos ter calma e tempo. Prometo que vou lhe dar toda atenção e juntos vamos resolver o que quer que esteja incomodando você. Está bem assim?

Anahí: Alfonso, você não tem sido negligente...

Alfonso: Tenho, sim. Sei disso. Mas a situação vai mudar. Eu te amo muito. Logo mais estarei aí.

Eu te amo.

Uma lágrima escorreu pelo rosto de Anahí. Alfonso era maravilhoso. Ela não o merecia. Não depois do que fizera com ele e do que estava por fazer.

O trânsito estava bom de modo que Alfonso e Pete Shearer chegaram no escritório um pouco antes das seis. Depois de agradecer ao advogado pela ajuda, Alfonso foi direto para o vigésimo andar onde ficava o escritório de Enrique Portilla. Pilar sorriu quando Alfonso entrou.

Alfonso: Enrique ainda está aqui? -ela assentiu-

Alfonso bateu na porta e entrou.

Enrique: Como foi lá? -perguntou, encostando-se em sua cadeira-

Alfonso: Muito bem. -respondeu, colocando a maleta sobre a cadeira próxima. Tirou o paletó, afrouxou o nó da gravata e sentou-se na frente de seu sogro. Quando começou a relatar o que Vrable dissera, o interfone soou-

Enrique apertou um botão e falou:

Enrique: Estou ocupado, Pilar... -ele começou a dizer a secretária, mas interrompeu-se quando foi informado de quem estava do outro lado da linha. Seu rosto iluminou-se- Verdade? Anahí está na linha? Pode passar a ligação. –respondeu ao interfone- É minha filha fujona. -ele falou para Alfonso, com um sorriso de felicidade estampado no rosto-

Substitute [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora