Capítulo 40

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A notícia da melhora de Georgina correu rápido. Na tarde daquele mesmo dia seu quarto estava cheio de amigos e de flores.

Georgina: Cruzes, este lugar está cheirando a velório. -falou sorrindo, mas feliz com as atenções que estava recebendo-

Alfonso também sorriu.

Alfonso: Acho que podemos ir embora, o que você acha? Com tanta gente aqui para cuidar da vovó, podemos sair e respirar um pouco.

Anahí concordou no mesmo instante. Estava cansada de fazer o papel de Giovanna para todos, que ainda perguntavam por "Anahí".

Despediram-se de Georgina, prometendo voltar na manhã do dia seguinte, e escaparam do quarto.

Alfonso: Acho que vou até o escritório. -falou, enquanto apertava o botão do elevador- Quando conversei com Caroline hoje pela manhã, ela me disse que minha mesa estava um caos.

Anahí: Alguma coisa errada com a mudança?

Alfonso: Não, com a mudança está tudo bem. Provavelmente é algum outro assunto relacionado com fornecedores, que no nosso caso é uma rotina.

Anahí se sentiu uma verdadeira egoísta. Aquele tempo todo, além do problema de saúde de Georgina, estivera tão consumida por seus próprios problemas que esquecera que Alfonso também tinha o escritório para administrar. Como se não bastasse, você vai acrescentar mais um problema ao pobre rapaz. Imagine como vai ficar a cabeça dele. A avó no hospital, a empresa com os seus problemas do dia-a-dia e mais a mudança e, para coroar tudo, você vai dizer a ele que o fez de bobo, que o casamento dele é uma farsa, e a mulher que ele pensa ser a dele não passa de uma impostora. Já imaginou no impacto que sua revelação vai causar?

Anahí: Tudo bem, Alfonso. Você vai para a empresa e eu vou até minha casa resolver algumas coisas.

Alfonso: Você não se importa, amor?

Anahí: Não. Claro que não.

Alfonso: Vou ver o que tenho pela frente e vou fazer de tudo para voltar logo para casa.

Anahí: Não tem problema. Não se preocupe comigo.

Estavam a caminho do estacionamento quando encontraram Enrique Portilla, com uma enorme caixa de presente nas mãos.

Enrique: Já estão indo embora? -ele perguntou para Anahí-

Anahí: Como Georgina está bem melhor e seu quarto cheio de visitantes, eu gostaria de aproveitar para sair um pouco. Estou aqui desde a manhã.

Enrique: Tem razão. Mas antes de ir, venha tomar um café comigo. Desde que vocês voltaram ainda não conversamos direito.

Era tudo que Anahí não queria. Mas como recusar? Giovanna teria adorado a ideia.

Anahí: Está bem, papai.

Despediram-se de Alfonso e foram até a lanchonete do hospital.

Quando já estavam servidos, Enrique começou pelo assunto que Anahí mais temia falar.

Enrique: Você tem falado com sua irmã?

O coração de Anahí deu um salto no peito.

Anahí: Tenho.

Anahí estava com medo do pai. Por que seu sentimento era sempre aquele quando o encontrava? Que estranho poder ele exercia sobre ela para deixá-la na defensiva daquele jeito?

Enrique: Quando?

Anahí: Falei com ela na segunda-feira à noite è ontem.

A expressão dele era de incredulidade e irritação.

Enrique: Onde ela está?

Anahí: Na casa dos pais de Carlos, em Vera Cruz.

Enrique mexia seu café pensativo, mas Anahí sabia que a bateria de perguntas ia continuar.

Enrique: Estão casados?

Anahí: Estão.

Ele pensou sobre a novidade por um longo minuto.

Enrique: Por que ela não me ligou?

Anahí encolheu os ombros, pensando bem no que iria dizer para não levantar suspeitas. E também porque queria ficar o mais próximo da verdade possível.

Anahí: Talvez ela esteja com medo de ligar para o senhor.

Enrique: Típico dela. Exatamente como sua mãe. Com medo da própria sombra.

Anahí: Isso não é justo, papai. E... Eu não gosto de ouvir o senhor falar desse jeito.

Os dois olharam surpresos um para o outro. Nem Giovanna costumava contradizer o pai.

Anahí: Mamãe era uma pessoa maravilhosa, gentil e delicada. -ela continuou, agora que tocara no assunto- Ela era uma altruísta. Todo mundo gostava muito dela. Eu a amava.

Enrique: Eu a amava também. -ele corrigiu, ainda muito espantado com as palavras da filha-

Anahí: Se a amava como diz, então não fale essas coisas sobre ela.

Enrique: Eu não quis ofender.

Anahí: Talvez não, mas machuca de qualquer modo, sabia? –ela estava espantada por sua coragem, e ao mesmo tempo sentindo como se tirasse um peso enorme de seus ombros. O sentimento de alívio era muito bom. Se soubesse disso, teria enfrentado o pai muito antes- Mamãe não era uma pessoa fraca muito menos covarde só porque não gostava de contratempos. Anahí também não gosta. Mas temos que gostar das pessoas como elas são.

Enrique: Ora, não vai me dizer que não foi covardia sua irmã fugir sem me dizer nada.

Anahí: Foi uma decisão repentina e ela pode não ter tido outra opção.

Enrique: Isso é besteira.

Anahí: Não é besteira. Todos nós sabemos como o senhor fica quando contrariado, papai. Acho que ela não quis estragar a festa do casamento provocando uma discussão.

Enrique: Bem, mas até onde sei, ela arruinou a festa do mesmo jeito. Não se falava em outra coisa durante a festa a não ser da fuga daquela infeliz.

Anahí: E é isso que preocupa o senhor? O que as pessoas falam sobre nós?

Enrique evitou olhar para ela.

Enrique: Não, minha filha. Não é com isso que estou preocupado.

Quando ele voltou a olhar para ela, sua expressão exibia preocupação.

Enrique: Acha que Anahí vai me ligar um dia?

A dor nos olhos dele chocou Anahí. Será que ele se importava com ela? Será que sentia pelo menos um pouco de preocupação por ela?

Substitute [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora