Capítulo 18

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Alfonso estava preocupado com Giovanna. Eram evidentes os sinais de cansaço no rosto dela. Também, ele pensou, além da tensão que antecede o casamento, com todos os preparativos, Giovanna ficara muito abalada com a fuga de Anahí. Ainda bem que a festa estava chegando ao fim. Mais quinze minutos e eles estariam se preparando para a viagem.

Ele sorriu ao pensar na lua-de-mel. Tinha alugado um chalé em Colombé, no Caribe, que conhecera cinco anos atrás, quando ele e dois amigos passaram uma semana na ilha. O lugar perfeito para um casal apaixonado. A casa fora construída no alto de uma colina com uma vista deslumbrante para a enseada. Além do mais, oferecia total privacidade.

Alfonso não via a hora de mostrar o lugar para Giovanna. Mesmo gostando de agitação, ele acreditava que na lua-de-mel ela apreciaria o isolamento que teriam lá. Seria como estar no paraíso. Tudo que teriam que fazer era descansar, comer, nadar, tomar sol... E entregarem-se às delícias da paixão.

Seu corpo reagiu à ideia.

Giovanna tornara-se sua esposa daquele dia para sempre. Sua querida esposa.

Maite: Vamos, Giovanna, ajudo você a se trocar. -Maite se ofereceu-

Anahí: Obrigada.

Maite: E o buquê, você não vai jogar?

Anahí: Oh, céus, já ia me esquecendo.

Maite: Mas alguém se lembraria, tenha certeza.

Maite e Anahí subiram alguns degraus e anunciaram que o buquê seria jogado. Cerca de quinze moças juntaram-se ao pé da escada, todas querendo ser a próxima noiva. Anahí riu, virou-se de costas para elas e atirou o buquê sobre a cabeça.

Uma garota magra, por volta de dezoito anos, cujo nome Anahí não se lembrava, foi a contemplada.

Anahí e Maite subiram outro lance da escada e se dirigiram para o quarto de vestir onde as roupas de viagem de Giovanna estavam preparadas. Maite abriu a porta e as duas entraram.

Depois de ajudar Anahí a remover o vestido e a grinalda, Maite pegou uma calça jeans e uma blusa de seda que Giovanna tinha escolhido para usar na viagem.

Depois de vestida, Anahí soltou e escovou os cabelos, deixando-os cair em ondas naturais sobre os ombros. Olhando para sua imagem no espelho, espantou-se com os sinais bastante visíveis de cansaço que lhe circundavam os olhos. Mas tudo desapareceria assim que esclarecesse tudo a Alfonso. Falar a verdade tiraria um peso enorme de seus ombros.

Pegando a bolsa de Giovanna, ela virou-se para Maite e disse com um sorriso forçado:

Anahí: Acho que estou pronta.

Maite: Você está linda.

O brilho nos olhos de Maite trouxe lágrimas inesperadas aos olhos de Anahí.

Maite: Ora, o que foi isso?

Anahí: Nada, acho que estou nervosa.

Maite: Não precisa ficar nervosa, Giovanna. Alfonso é uma excelente pessoa e vai ser um ótimo marido. Sei que você tinha algumas dúvidas sobre esse casamento, mas quem não as tem? Eu cheguei a pensar em fugir no dia do meu. Mas essa insegurança logo passa. E nunca me arrependi por ter me casado com Koko.

Como Anahí não confiava em sua voz para falar, tudo que fez foi abraçar a amiga. Em seguida, desceram para o salão.

Alfonso, a avó dele, o pai de Anahí e grande parte dos convidados esperavam a noiva ao pé da escada. Alfonso tinha trocado seu smoking por uma roupa esporte, porém muito elegante, composta de calça marrom, camisa creme e uma jaqueta num tom mais escuro. Ele estava maravilhoso como sempre, Anahí pensou. Mas ela sempre o achara elegante, não importando a roupa que estivesse usando.

Ele sorriu para ela, os olhos escuros expressando admiração e amor.

Amor por Giovanna, não se esqueça.

Anahí forçou um sorriso.

E então, todos falavam ao mesmo tempo, uns despedindo-se, outros dando conselhos maliciosos e votos de boa viagem. Georgina Herrera esperou até que os convidados e os organizadores se afastassem para aproximar-se de Anahí. Seus olhos escuros, tão parecidos com os de Alfonso, estavam inundados de carinho.

Georgina: Obrigada, minha querida. Você e Alfonso me fizeram muito feliz. Ter nossas famílias unidas é a realização de um desejo que acalentei a vida inteira.

Anahí: Eu também estou muito contente. -falou. Será que depois que soubesse da verdade, Georgina Herrera voltaria a falar com ela? Anahí gostava muito da senhora e não suportaria ser desprezada por ela-

O pai de Anahí foi o último a se despedir dos dois. Ele enlaçou a filha num forte abraço.

Após alguns minutos, em meio a uma chuva de arroz, como mandava a tradição, Alfonso e Anahí correram para o carro que os aguardava.

Ela ria e acenava, mas seu coração por dentro estava chorando. Era o fim de seu conto de fadas. Em mais alguns instantes ela passaria a bruxa, como num piscar de olhos. E que Deus a perdoasse.

Mesmo sabendo que o pior momento estava para chegar, Anahí sentiu alívio ao se ver longe dos convidados e parentes. Não aguentava mais fingir uma felicidade que estava longe de sentir.

E como Alfonso reagiria à sua confissão?

Alfonso, alheio aos pensamentos dela, procurava livrar-se dos amigos e padrinhos que tentavam impedir que ele se juntasse a Anahí.

E três deles acabaram entrando no carro junto com Anahí. Paul, que fora um colega de colégio de Alfonso, riu da expressão de surpresa de Anahí.

Paul: Não se preocupe. Vamos só até o aeroporto. Não podemos deixar que vocês partam sem uma despedida muito especial.

Maite entrou também, tentando se justificar:

Maite: Koko sugeriu que eu viesse também, pelo menos para te dar apoio moral, já que não vão se livrar desses daí.

Alfonso, resignado, finalmente entrou e sentou-se próximo a Anahí, colocando um braço em volta dos ombros dela.

Alfonso: Sinto muito, meu amor. Não pude evitar.

Anahí: Não tem importância.

Tinha importância sim. Como iria dizer a verdade a ele antes de embarcar? Precisava privacidade para contar toda a sórdida história. Não podia arriscar a fazer de Alfonso alvo de piadas de seus amigos. Já não bastava o que ele iria sofrer?

Ela recostou no banco e deu um suspiro resignado. Não havia nada que pudesse fazer.

A mentira teria que continuar por mais um tempo.

Substitute [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora