Capítulo 15

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Seu pai, as outras quatro damas e a coordenadora do casamento esperavam a noiva no vestíbulo. Maite Perroni, a melhor amiga de Giovanna, foi a primeira a ver Anahí. Seus olhos escuros brilharam.

Maite: Giovanna, você está linda!

Os outros também se aproximaram, elogiando o vestido, a grinalda, o penteado. Enrique Portilla, muito elegante, tinha o orgulho e a felicidade estampados em seus olhos azuis e não escondia seu encantamento.

Enrique: Meu anjo, você está linda. A noiva mais bonita que já vi. -confidenciou ao seu ouvido-

O sorriso terno e aquele brilho em seus olhos eram dedicados a Giovanna, mas Anahí se permitiu pensar por um instante que era a filha preferida do pai. Ele inclinou-se e a beijou no rosto, delicadamente.

Mas logo aquele sentimento, mescla de amor, medo e ressentimento que sentia sempre ao saber que seu pai preferia Giovanna ressurgiu em seu coração.

Anahí: Obrigada, papai. -ela sussurrou-

Liz Preston, a coordenadora, entregou-lhe o buquê, uma exótica combinação de flores de laranjeira, orquídeas e miosótis. Depois andou à sua volta, acertando a grinalda e ajustando a cauda, totalmente alheia ao esforço de Anahí para controlar o terremoto que destruía seu coração dentro do peito. Será que seu pai não ia perguntar por ela, Anahí? Quando alguém iria perceber que estava faltando a única irmã?

Maite: Giovanna, onde está Anahí?

Aquele era o momento que Anahí mais temera desde que tomou a decisão de assumir o lugar da irmã.

Mesmo tendo sido Maite a primeira a sentir falta da outra, ela respondeu olhando para o pai.

Anahí: Eu não sei como dizer isto, papai, mas... Anahí fugiu. –falou e Enrique demonstrou não estar entendendo-

Enrique: Fugiu? Como fugiu? Para onde?

Anahí: Ela... Ela fugiu com um homem que encontrou há duas semanas. Eles se apaixonaram loucamente e resolveram fugir.

Por um momento, ninguém disse uma palavra. Seu pai empalideceu, depois encontrou a voz novamente.

Enrique: Que absurdo é esse que está me dizendo? Não pode ser verdade. Logo Anahí? Mas por que tiveram que fugir? Ele é algum criminoso por acaso? Por que você não me contou antes?

Anahí olhou para os rostos atônitos à sua volta. Precisava ser uma boa atriz para sair-se bem em uma situação como aquela. Então, imitando Giovanna, ela encolheu os ombros como quem não estava se importando muito com o fato. Com uma voz até que bastante tranquila, começou a contar a história de Carlos e Giovanna, substituindo o nome dela pelo seu. E no final de seu relato, foi tomada por uma inesperada calma e de uma certeza absoluta de que, naquela circunstância, o que estava fazendo era a única coisa a fazer.

Outro fato que a surpreendeu foi a facilidade com que enganou aquelas pessoas, especialmente seu pai. Bastara ter aparecido com o vestido de noiva de Giovanna, o anel de noivado no dedo e todo mundo assumiu que ela era Giovanna, sem dar importância a qualquer outro detalhe. Mas restava Alfonso. Como ele reagiria? Ele também se deixaria enganar? Tomara Deus que sim, ela rezou baixinho.

- Você sabe se Anahí pretende casar-se com esse tal de Carlos? -uma amiga de infância das duas, perguntou- Não entendo por que ela não avisou ninguém.

Anahí forçou um sorriso imitando Giovanna.

Anahí: Acho que fugir assim torna o casamento mais romântico, vocês não concordam?

Maite: Inacreditável. –comentou- Por que logo hoje, bem no dia do seu casamento? Ela não podia esperar pelo menos até depois da cerimônia?

Todos concordaram com Maite e começaram a emitir sua opinião, mas foram interrompidos pelos primeiros acordes da marcha nupcial.

Anahí olhou para o pai. Chegara o momento da verdade. O que ele faria?

Enrique: Não se preocupe, meu anjo. Vamos esquecer a ingrata da sua irmã. O importante aqui é você. Este é o seu casamento. Não vamos estragá-lo por um ato leviano de uma pessoa egoísta.

Escondendo a mágoa causada por aquelas palavras, Anahí pegou o braço que ele lhe oferecia e dirigiram-se à entrada da igreja. Será que seu pai teria usado as mesmas palavras se soubesse que quem fugira fora sua filha predileta?

Enquanto aguardavam que Liz Preston desse o sinal para seguirem, Enrique Portilla inclinou-se e murmurou em seu ouvido:

Enrique: Fui sincero, meu amor. Esqueça sua irmã. Cuido dela mais tarde.

O casamento foi exatamente como Anahí fantasiara inúmeras vezes em sua vida. O sol brilhando do lado de fora atravessava os inúmeros vitrais, espalhando luzes coloridas sobre os convidados. A música tomava conta do ambiente, anunciando a chegada da noiva. Fragrância das rosas e camélias perfumavam o ar. Em cada banco um pequeno buquê, unidos por uma fita de cetim branca enfeitava singelamente o ambiente. O movimento da cabeça dos convidados para vê-la entrar, as exclamações sussurradas de admiração, seu pai conduzindo-a lentamente na direção do altar era a realização de um sonho sempre acalentado. E o mais importante de tudo, a pessoa que a aguardava no altar, rodeado por seus padrinhos, era justamente o homem que amara a vida inteira, e diante do padre, ambos se tornariam marido e mulher para o resto de suas vidas.

O coração de Anahí pareceu parar de bater por um lapso de tempo quando seu olhar encontrou o de Alfonso.

Alfonso, só estou fazendo isto por amor. Espero, do fundo de meu coração, que você me entenda e me perdoe.

Santo Deus, como ele estava bonito. E o sorriso? Nunca fora mais belo, cheio de amor, que iluminava as feições simpáticas, rivalizando com a luz do sol forte daquele dia iluminado. Se pelo menos aquele sorriso fosse dirigido a ela... Se pelo menos ela fosse a noiva de verdade e Alfonso pudesse ler em seu coração todo amor que sentia por ele...

Anahí não desviava os olhos do rosto de Alfonso enquanto caminhava a passos lentos, conduzida pelo braço do pai. A poucos metros do altar ambos pararam e ela foi obrigada a olhar para o pai conforme exigia o protocolo. Enrique sorriu, os olhos azuis cheios de amor e orgulho. Por um momento, um brevíssimo momento, um terrível sentimento de culpa a invadiu. Estava enganando todas aquelas pessoas, enganando seu pai, enganando Alfonso.

Seja, forte, menina. Não é hora de ter um ataque de consciência. Agora é tarde. Vá até o fim. Pense em Alfonso. Não foi por ele que você tomou essa decisão? Apenas tome cuidado para não se trair. Uma distração qualquer e o vexame será dobrado.

Substitute [ADP]Onde histórias criam vida. Descubra agora