Bodas de Zinco

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Helena conformou-se com sua vida de casada, afinal como mulher tinha que fazer o impossível para manter sua família.

Luis Guilherme conquistava cada vez mais status e clientes. Posava de marido ideal e chefe de família responsável, mas em casa humilhava a esposa e a agredia. Com o passar do tempo as agressões foram se intensificando e por motivos banais, um negócio que não dava certo, uma briga no trânsito ou o simples prazer de bater.

Helena suportava calada pelo medo de perder os filhos.

No ano de 2002, faltando dois meses para completarem dez anos de casados as bodas de estanho/zinco, Helena preparava um lanche na cozinha quando sua filha entrou correndo.

- Mamãe o papai quer bater no Guilherme.

Helena correu para o jardim onde o marido segurava o filho pelo braço e gritava com ele.

- Você vai apanhar para aprender a me respeitar.

- Para com isso Luis.- ela o empurrou com tanta raiva que ele caiu, Helena puxou o filho pelo braço e correu com ele para o quarto onde Ana já estava.

Conhecia o marido e sabia que não deixaria por isso mesmo, trancou as crianças e ficou em frente a porta.

Luis Guilherme estava furioso e tentou tirá-la dali como ela não saía, começou a espancá-la.

Helena caiu no chão mas ele continuou a chutá-la, ela ouvia as crianças chorando lá dentro, sentiu um gosto de sangue na boca, vomitou e ainda assim ele a chutava.

Do quarto as crianças ouviam o pai chingar a mãe e um som semelhante ao que ouviam na cozinha quando Carmosina batia nos bifes com o martelinho.

Algum tempo depois tudo ficou em silêncio. Helena estava imóvel e ensaguentada, Luis Guilherme estava ofegante, passou as mãos pelos cabelos e percebeu que havia exagerado.

Saiu dali e fez uma ligação, minutos depois voltou e erguru o corpo da esposa, levou-o até o carro e jogou sobre o banco como se fosse um saco de batatas.

- Por aqui.- sinalizou um homem de cabelos grisalhos e jaleco branco.- Ponha ela na maca.

Luis Guilherme obedeceu. O homem a cobriu com um lençol e saiu rapidamente empurrando a maca, Luis voltou para casa

Engole o choro, guerreira.Onde histórias criam vida. Descubra agora