Luis Guilherme era engenheiro recém formado que estava em Sergipe para apresentar um projeto para a construção de um grande hotel e conseguir um "cliente de peso" para o escritório que abrira em sociedade com colegas da faculdade em São Paulo.
Era filho único e órfão de pai, morava com a mãe, era alto, tinha olhos pretos assim como os cabelos que trazia bem cortados, lábios carnudos e traços harmoniosos, um rapaz bonito que chamava a atenção e embora não tivesse intenção, acabava por despertar paixões por onde passava.
Helena tinha concluído o ensino médio e desde então trabalhava como camareira no hotel, onde passava toda a semana indo pra casa a cada quinze dias, onde ficava com os pais e as duas irmãs e tres irmãos.
Era magra, baixa, tinha longos cabelos cacheados que trazia trançados, olhos castanhos claros ladeados por sardas que salpicavam o rosto delicado, os lábios eram finos e o sorriso doce que encantavam pela simplicidade e o jeito meigo de menina-moça.
Acostumada na lida desde pequena, não estranhara o serviço pesado do hotel, onde trabalhava o dia todo as margens das leis trabalhistas. Trabalhava arrumando os quartos, lavando roupas de cama e dos hóspedes, auxiliando na limpeza do hotel e na cozinha.
Luis Guilherme se permitiu um descanso naquele dia e foi conhecer o centro da cidade, tomava sorvete em uma pracinha quando uma senhora se aproximou e foi logo mostrando seu artesanato.
- São lindas as suas flores.
- Crochê feito a mão, leve uma vá?- pediu a senhora.
- Sua mulher há de gostar.- Não sou casado.
- Mar virgi santa um baita rapaz bonito deve ter as paqueras. Pois faça um agrado às moças.
Luis riu e sem saber bem o por quê, lembrou-se da camareira.
- Então vou ficar com essas presilhas de cabelos.
A mulher agradeceu e colocou as presilhas em um saquinho de presente com fitilhas vermelhas.
- Parece um bando de esfomeado.- resmungava Daiane ao levar as cubas de carne para reposição no refeitório.
- Também pudera, trabalharam pesado o dia inteiro.
- É nós também, Leninha e nem por isso comemos um boi todinho. Educadinho é aquele moço, come salada e tudo.
Helena olhou na direção apontada pela amiga e viu Luis Guilherme entre os demais hóspedes, não disfarçou um sorriso.
- Bora gente, que o mundo não se acaba em barranco.- Magda as dispersou.
Quando foi limpar as mesas, encontrou um pacotinho com fitilhas vermelhas com seu nome escrito a caneta.
Recolheu o pacote e mostrou à Daiane na cozinha.
- É pra ti.
- Pra mim?
- Vixi Leninha, tu conhece outra Helena?
- Mas pra mim, por que?
- Eu lá sei? Deve ser desses desavergonhados, ou do paulistinha. Bem que vi ele te encarando.
- Acho que não.
- E tu acha que esses peão tem letra bonita assim? Deve nem saber escrever.
Helena riu e abriu o pacote vendo as presilhas.
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Engole o choro, guerreira.
RomanceHelena acreditava viver um perfeito conto de fadas com direito a vestido branco, véu, grinalda e um príncipe que professava seu amor publicamente como um mantra sagrado. Mas, e na vida sempre há um "mas", a meia noite adentrou seu castelo de sonhos...