Helena passou o fim de semana sozinha, Luis Guilherme estava envolvido na construção de um resort e viajou junto com Patrícia para o litoral para acompanhar as obras.
A jovem aproveitou para ler as poesias e copiá-las, realmente sua letra estava ficando muito bonita como Cecilia lhe dissera, a professora explicou que os convites eram escritos à mão o que os tornava mais elegantes.
Luis Guilherme chegou na segunda-feira e trancou-se num dos quartos que havia transformado em seu escritório.
Helena preparou o almoço e pôs a mesa conforme se lembrava, o marido serviu-se e começou a comer em silêncio.
- Aprendi com a Cecilia a maneira correta de pôr os talheres.
- Sinal de que meu dinheiro não tem sido gasto em vão.
- Passei mal ontem, fiquei meio tonta.
- Marque uma consulta, só me falta isso você adoecer.-reclamou ele - Você está pálida, podia ao menos passar uma maquiagem para parecer sadia.
- Não vai terminar o almoço?
- Tenho que modificar alguns detalhes do projeto, mas você não vai entender mesmo, melhor não explicar.
Quando Helena acordou na terça-feira o marido já havia saído, então ela resolveu fazer uma faxina no apartamento, trocou-se, vestindo um short velho e uma camisa de alças. Limpava uma janela quando deixou um pano cair, sem pensar muito, desceu pelo elevador para ir buscá-lo.
Luis Guilherme estacionou o carro na rua, podia ter pedido que alguém buscasse um documento que havia esquecido mas Helena não saberia encontrá-lo, se ao menos a mulher fosse mais inteligente, talvez como Patrícia que conseguia manter uma conversa interessante por horas a fio.
Estava entrando no prédio quando viu a esposa seminua desfilando pelo jardim de conversa com um funcionário, seu sangue ferveu e ele parou para esperá-la.
- Amor, acordei e não encontrei você.- disse ela.
- Precisei sair um pouco mais cedo, você está apreciando o jardim?- a voz dele era gentil e tranquila, o que animou Helena que a tempos não o ouvia falar assim.
- Eu deixei o pano cair e vim buscá-lo.
- Vou subir, você vem, amor?
Helena aproximou-se e ele a abraçou. no elevador encontraram uma amiga da mãe de Luis Guilherme que desculpou-se pela ausência no velório e enterro de Rosália.
Assim que abriu a porta do apartamento, Helena foi agarrada pelo braço pelo marido.
- Então eu viro as costas e você se veste como uma vadia oferecida?- a voz era rude, a mulher não conseguiu responder, surpresa pela mudança repentina do comportamento do marido.
- Mas o que eu fiz?- murmurou ela, já sentindo as lágrimas embaçando-lhe os olhos.
Ao invés de responder Luis Guilherme a arrastou até o quarto, fazendo-a encarar-se no espelho.
-Então é assim que se veste quando eu não estou?- vociferou ele e sem esperar resposta, deu um tapa na face da mulher que caiu no chão.
Helena encolheu-se e chorou.
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Engole o choro, guerreira.
Roman d'amourHelena acreditava viver um perfeito conto de fadas com direito a vestido branco, véu, grinalda e um príncipe que professava seu amor publicamente como um mantra sagrado. Mas, e na vida sempre há um "mas", a meia noite adentrou seu castelo de sonhos...