Lar doce lar

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Na viatura, Helena enchia os filhos de beijos. Finalmente estava livre e agora poderia cuidar das crianças e de si mesma.

- Não vamos subir a favela.- avisou o guarda.

- Apois  daqui já é meio caminho andado.- falou Carmosina.

Helena agradeceu a carona enquanto o filho ainda todo empolgado por ter andado na viatura se despedia dos policiais.

Ana segurava firme a mão da mãe, estava assustada com toda aquela gente que falava alto e andava de um lado pra outro.

- Daqui dá pra ir a pé mesmo.- falou Carmosina pegando as malas.

- Deixe que eu ajudo.- Helena pegou uma mala cor de rosa de rodinhas e uma mochila.

- Apois eu levo dona Helena que já estou acostumada.

- Você não tem que me chamar mais de dona, Carmosina. Somos amigas e nunca vou esquecer tudo o que fez por mim.

- Deixe disso. A senhora sempre foi muito boa comigo.

Caminharam por quase meia hora antes de chegarem ao barraco de Carmosina, era todo feito de tabuas e paletes, o chão era um cimento grosso e embora fosse humilde era limpo e organizado.

- Vamos colocar as roupas ali.- apontou a empregada para uma comoda onde havia uma televisão.- Vou fazer uma jantinha pra gente, vocês fique a vontade.

Ana e Guilherme estranharam a casa que na verdade era um cômodo grande divido pelos móveis, o guarda roupa separava o quarto da cozinha e não tinha sala, o banheiro também de madeira era do lado de fora e só cabia uma pessoa, havia uma privada e um chuveiro com um balde embaixo que como Carmosina  explicou, servia como descarga.

Helena ajudou Carmosina a lavar a louça após a janta.

- A senhora desculpe ter te trazido praqui, mas amanhã mesmo a gente leva as crianças pra escola e já procura um hotel.

- Eu que tenho que pedir desculpa por invadir sua privacidade.

- Oxe e pobre lá tem privacidade? Com esses barracos tudo juntinho até se peidar lá a gente sente daqui.

Helena riu.

- Os pequenos que vão estranhar, moraram a vida toda naquela casa enorme.- comentou Carmosina.

- Vai ser bom pra eles, porque aquela casa enorme e moderna podia ser tudo mas nunca foi um lar como é aqui.

Engole o choro, guerreira.Onde histórias criam vida. Descubra agora