- Mar Virgi que pelo preço que o taxista cobrou ele nem devia ter feito aquele tanto de pergunta.- comentou Carmosina quando chegaram a delegacia.
- Ele deve ter estranhado pedirmos para vir pra cá. Não deve ser muito comum.
Carmosina balançou a cabeça, concordando com Helena.
Entraram na delegacia e foi Carmosina quem perguntou como deveriam fazer para dar queixa de Luis Guilherme, um policial mandou que aguardassem ser chamadas.
- Que demora toda é essa?- Carmosina começava a ficar impaciente após uma hora de espera.- Devem ter prendido os bandido tudo, só pode.
- E senhora aqui é assim mesmo, trata o pobre mal- resmungou um rapaz de bermuda que havia chegado a poucos minutos e estava algemado.
- Você nem me dirija a palavra, visse? Um baita macho desse sem coragem de trabalhar.
- Eu sou trabalhador senhora.
- Tô sabendo, apois trabalhador não fica algemado, não.
- Foi um deslize, sou vítima desse Sistema.
- Mas olhe só? Vítima é uma ova, isso é falta de coragem isso sim.
Helena já ia pedir que Carmosina se calasse quando foram chamadas a sala do delegado.
- Boa tarde. Em que posso ajudá-las?- o homem grisalho mal esperou que sentassem.
- Eu quero denunciar uma agressão que sofri do meu marido.- Helena sentiu um nó na garganta.
O delegado examinou-a por alguns segundos.
- Ele deixou alguma marca na senhora?
- Ele quase matou ela.- intrometeu-se Carmosina.
- Eu estava internada em uma clínica, as marcas desapareceram.
- Entendo. Como se chama seu marido?
- Luis Guilherme Saldanha Guimarães.
O delegado franziu a testa.
- O engenheiro?
Helena engoliu em seco e confirmou.
- E ele disse que dona Helena é louca de pedra.
- Seu marido tem algum laudo que afirme isso?
- Não. Ouça senhor delegado, tudo o que eu mais quero é sair daquela casa e criar meus filhos.
- Veja bem, a senhora afirma ter sido agredida mas não tem marcas ou exames que comprovem, se deseja realmente prestar queixa, precisa ir fazer o corpo de delito. Mas eu a aconselharia a voltar para casa e pensar melhor. Desentendimentos entre casais é normal.
- Oxe se dona Helena voltar lá, ai que ele mata ela mesmo. Mas a gente saindo daqui vamos direto procurar o programa do Alencar. Homem porreta que vai é mandar filmar essa delegacia e vai fazer o escarcéu na televisão, ainda ontem mesmo ele estava mostrando o caso duma dona que fez queixa contra o marido e o fio da peste matou ela.- Carmosina disparou a falar.
- Pois bem, o que posso fazer por ora é enviar uma viatura para acompanhá-las e mandar os policiais averiguarem a situação.
Helena não se conteve e começou a chorar baixo, precisava que prendessem Luis Guilherme pois só assim ela estaria salva.
- E isso lá vai servir de alguma coisa?- disse Carmosina.
- Minha senhora eu não disponho de muitas viaturas nem de tantos policiais assim. Mas enviarei para conversarem com seu esposo, se ele voltar a agredi-la a senhora venha aqui que tomamos providências.
- Oxe era pra tomar providência agora que a mulé ta viva. Pois o senhor já viu defunta falar?
- Tudo bem, eu aceito. Obrigado delegado.- Helena percebeu que Carmosina estava se exaltando.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Engole o choro, guerreira.
RomanceHelena acreditava viver um perfeito conto de fadas com direito a vestido branco, véu, grinalda e um príncipe que professava seu amor publicamente como um mantra sagrado. Mas, e na vida sempre há um "mas", a meia noite adentrou seu castelo de sonhos...