- Aqui está o pezinho.- explicava a médica, fazendo um círculo na tela.- Viram? Esses são os bracinhos.
Luis Guilherme tinha os olhos cheios de lágrimas, assim como Helena. Era emocionante poder ver o bebezinho e ouvir o coraçãozinho bater tão acelerado.
- Vocês querem saber o sexo do bebê?
O casal trocou um olhar e juntos disseram sim.
- Parabéns é uma menina.
Luis Guilherme deixou as lágrimas rolarem. Helena sorriu, teria uma filha, uma menina.
Os meses passaram rápido e no último trimestre da gestação, mudaram-se para a casa nova onde Luis Guilherme havia montado seu escritório para estar mais próximo a Helena.
Numa manhã de quinta-feira a campainha tocou, a empregada foi abrir o portão, Luis Guilherme lia alguns projetos no jardim e Helena havia entrado para ir pela quinta vez ao banheiro.
- Vim trazer alguns papéis para você assinar.- ouviu a voz de Patricia.
- Devia ter esperado que o Paulo iria buscá-los.- falou Luis Guilherme num tom de voz formal.
- O nordestino? Aliás sua empregada também tem aquele sotaque.- disse ela em tom de desprezo.
- Mão de obra barata. -comentou Luis Guilherme, Helena apareceu.
- Helena você está péssima, mas deve ser a gravidez.- falou Patricia fingindo brincar.
-Minha esposa está linda, na verdade ela é linda, você deveria experimentar não sabe como uma mulher fica atraente e luminosa na gestação.- respondeu Luis Guilherme e, antes que Patricia pudesse responder, continuou- Se era só isso pode ir, enviarei quando estiverem devidamente lidos e assinados.
- Pensei que fosse me convidar para conhecer a casa nova.
- Conhecerá no sábado, junto com os demais convidados.
Patricia se mostrou indignada e sem se despedir, foi embora.
Helena não escondeu a satisfação em ver como o marido tratava aquela quenga.
...
O sábado chegou e Helena cuidou de cada detalhe da festa, pessoalmente. Cecilia foi demitida por Luis Guilherme logo que ele descobriu que ela passava tudo o que acontecia entre o casal para Patricia, embora Helena sentisse sua falta, havia achado justa a atitude do marido.
Era uma recepção para cerca de setenta pessoas, a maioria ela conhecia de jantares, reuniões e do clube onde ia aos domingos com o marido.
As mulheres a cobriam de cuidados, as mais velhas praticamente a haviam adotado quando souberam que sua mãe estava longe, as mais novas queriam saber como era estar grávida e faziam-lhe perguntas.
- Sinto pena dessa Patricia.- comentou uma delas.
- Eu também, imaginem viver sem marido?- concordou outra.
- É uma infelicidade, finge que não sente solidão, mas pensem, uma mulher sem uma família?
Helena ouvia e concordava intimamente com o que diziam, mais por implicância de Patricia do que por compartilhar tais ideias.
- A noite foi maravilhosa.- disse Luis Guilherme, quando todos foram embora.- Você foi maravilhosa.
-Pensei que não daria conta.
- Você é uma dama, minha querida.- disse ele, beijando-a.
...
19 de Dezembro de 1993.
Luis Guilherme segurava sua filha recém nascida nos braços como se carregasse um tesouro, Helena se recuperava do parto normal enquanto era acompanhada por uma enfermeira.
- Ana Rosália Saldanha Guimarães.- disse ele, haviam decidido homenagear as avós dando à filha o nome de ambas, só o sobrenome Silva por parte de Helena não fora acrescentado por Luis Guilherme achar desnecessário.
...
Aquele foi o melhor fim de ano de Helena, a pequena crescia saudável e ela e o marido pareciam reviver a época do namoro.
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Engole o choro, guerreira.
RomansaHelena acreditava viver um perfeito conto de fadas com direito a vestido branco, véu, grinalda e um príncipe que professava seu amor publicamente como um mantra sagrado. Mas, e na vida sempre há um "mas", a meia noite adentrou seu castelo de sonhos...