Jornada tripla

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Helena enfrentou todas as dificuldades que surgiam em seu caminho para criar os filhos, Carmosina morou com eles por um ano e voltou para a Bahia, sua terra natal. Para conseguir arcar com todas as despesas, a mulher conseguiu um segundo emprego em um restaurante para lavar saladas e louças.

Com jornada tripla podia dar melhores condições aos filhos, porém não estava presente o tempo suficiente com eles e tentava compensar em seus dias de folga, com alguns meses conseguiu alugar uma casa em outro bairro com infraestrutura e a vida parecia entrar nos eixos...

-Você já escolheu o vestido?- perguntou para Ana.

- Mãe por mim a gente nem faria festa. Vai gastar muito dinheiro e a senhora já trabalha tanto.

- Deixe disso, já combinei tudo com a dona Janice e ela vai fazer todo o serviço de buffet  e vai descontando aos poucos, o salão já esta pago e agora que compramos todos os descartaveis, vai ficar pouca coisa.

- Dona Helena?- um homem moreno, alto de terno e gravata se aproximou.- É senhora? Apois tá se alembrando de mim?

- Claro, seu Paulo. Como o senhor está?- Helena apertou a mão do homem.- Há quanto tempo não nos vemos...

- Apois e não é? Depois que parei de trabalhar na sua casa, voltei pra minha terra mas as coisas também não deram certo por lá.

- Eu sinto muito, essa é minha filha Ana.

- Aninha? Mas está uma moça e eu te carreguei no colo quando era pequeninha.

- Sério? O senhor conheceu a Carmosina?

- Oxe Carmosina era minha amiga no trabalho. Pena que perdemos o contato.

- Minha mãe e ela são amigas, a Carmo até ajudou a criar a gente.

- Eu não moro mais com o Luis Guilherme.- explicou Helena.

- Entendo. Eu estou com o carro estacionado ali na frente, se quiserem uma carona...

- Não precisa, nós vamos de ônibus.

- Ah mãe, se o seu Paulo ofereceu é porque não vai ser nenhum incômodo, e essas sacolas estão bem pesadas.

Mesmo Helena fulminando a filha com o olhar a garota insistiu em aceitar a carona.

- E o senhor faz o quê?- perguntou Ana, dentro do carro.

- Eu trabalho como taxista depois das duas da tarde e de manhã faço estágio em um escritório de advocacia.

- Que legal. O senhor é advogado?

- Olha Ana não precisa me chamar de senhor não, te conheço desde miudinha.

- Então também não precisa chamar a minha mãe de senhora, né mãe?

Helena concordou com a cabeça enquanto a filha conversava animadamente com o homem.

Engole o choro, guerreira.Onde histórias criam vida. Descubra agora