Vida por um fio

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Helena ouvia vozes muito distantes, sentia dores em todo o corpo e não conseguia abrir os olhos.

- Ela é louca...

- Tentou matar os filhos, o marido a conteve.

- Se bateu contra a parede...

Queria gritar que estava defendendo o filho, que o louco era o marido mas sentiu muita dor e tudo o que conseguiu foi debater-se.

Sentiu um formigamento no braço e adormeceu.

- Ela deve ser mantida cedada, só você, Elaine pode permanecer no quarto. O Luis Guilherme irá pagar um extra por seus trabalhos.- ouviu uma voz firme, mas não reconheceu.

Helena havia sofrido inúmeras fraturas inclusive no maxilar, um dos chutes atingiu uma costela que perfurou um pulmão e por um fio ela não morreu afogada no próprio sangue.

A recuperação foi lenta e dolorosa, por sentir muitas dores era mantida cedada por longos períodos.

Após vinte dias conseguiu abrir os olhos e embora ainda sentisse dores agora eram suportaveis.

- Ela está acordada sim.- ouviu a enfermeira dizer no telefone.

Não conversava muito com Elaine pois sabia que ela estava ali a pedido do marido.

A enfermeira levantou-se para abrir a porta e Helena levou um susto ao ouvir aquela voz:

- Como você está? - era Luis Guilherme bancando o marido preocupado.

Helena sentiu o coração disparar e chegou a urinar de medo dele.

- Você sabe do que sou capaz, é melhor ficar calada, as crianças sentem sua falta mas se você fizer qualquer besteira não vai mais ve-las. Sabia que na Suiça existem ótimos colégios internos?

Helena não conseguia falar, estava trêmula e chorava, os soluços sacudiam seu corpo inteiro.

- Eu sei que você já entendeu o recado.- falou ele e saiu do quarto.

Com ajuda da enfermeira, Helena caminhava pelo quarto, as dores diminuiram consideravelmente e as marcas estavam desaparecendo. Ela falava com os filhos por telefone e as únicas visitas que recebia era do marido e de Carmosina que levava roupas e produtos de higiene pessoal.

- Mulé esse homem quase te mata.- cochichou Carmosina quando Elaine saiu do quarto.- Deixe ele, pro seu bem mais das crianças.

Elaine voltou com uma bandeja com um copinho e um comprimido.

- A senhora pode deixar que da próxima vez eu trago as revistas.- desconversou a mulher.

- Pode trazer.- concordou Helena.

Engole o choro, guerreira.Onde histórias criam vida. Descubra agora