Acordei no domingo por volta das dez da manhã. Encontrei ao meu lado um lindo buquê de flores do campo e um recado de Eduardo avisando que havia ido visitar o avô, mas que retornaria o mais rápido possível.
Sorri, lembrando de tudo o que aconteceu desde a festa. A única coisa que me preocupava era Edgar, pois o soco havia sido forte e eu só sabia notícias dele por Manu.
Recado esse que foi motivo de uma briga entre eu e Eduardo, pois ele viu e ficou possesso dizendo que eu estava proibida de falar e de pensar no Edgar.
No momento eu relevei, pois ainda era recente, mas o fiz prometer que teríamos uma conversa sobre isso depois, afinal eles eram amigos de muito tempo e não seria justo brigarem por minha causa.
Tomei um banho, coloquei uma camisa do Eduardo e sorri, pois quando ele chegasse me faria tirar na hora, pois estava levando muito a sério esta história de ficarmos pelados o final de semana todo.
Mandei um recado para Manu e as meninas. Outro para Edgar e fui para cozinha em busca de alguma coisa para comer, pois eu estava morta de fome.
Fiz uma omelete e quando comecei a comer ouvi o barulho de chaves e de porta abrindo. Então meu coração começou a bater descompassado, pois apesar de estarmos juntos de verdade, tudo parecia um sonho. Logo eu precisava abraçar o meu sonho para ter certeza que era real.
Corri para a sala e fiquei estática com o que vi.
- Eduardo, eu..... - a mulher começou a falar e parou tão surpresa quanto eu.
A loira do Rio de Janeiro estava ali em carne e osso e tinha a chave do apartamento de Eduardo!! Eu estava completamente estupefata.
- O que você faz aqui??? – Ela perguntou tão surpresa quanto eu.
Eu não consegui falar nem uma palavra sequer. Era como se eu tivesse perdido toda a capacidade de raciocínio e de fala, tal a surpresa de encontrá-la ali, pois se ela tinha as chaves do apartamento, significava que havia algo muito sério entre os dois.
Percebendo o meu estado, ela relaxou. Colocou a bolsa numa mesa na entrada, caminhou como uma felina prestes a atacar sua presa. Sorriu maliciosamente e atacou:
- Não é que Eduardo resolveu comer as funcionárias do último escalão da empresa. Ele costumava ser mais seletivo.
Sem parar de me olhar e analisar, ela sentou elegantemente numa poltrona, cruzou as pernas, deu uma risada e continuou:
- Mas, menina, não se acostuma, pois Eduardo gosta de variar às vezes, mas no final a única mulher da vida dele sou eu. Só eu consigo dar o que ele precisa.
E continuou lá como se fosse a dona da casa e eu a doméstica que havia sido pega fazendo alguma coisa errada.
Por fim, levantou, foi até o quarto e voltou com dois cabides cobertos pendurados no braço e avisou:
- Não vou atrapalhar o final de semana de vocês – falou com desdém – eu só vim pegar dois vestidos que vou precisar em uma viagem que farei semana que vem. Há outros no closet e peço encarecidamente que não use, caso contrário terei que jogá-los fora e são vestidos que Edu adora.
Eu permaneci ali parada, estática, sentindo um desespero silencioso tomar conta de mim. Eu comecei a tremer violentamente, era como se um frio tivesse tomado conta do meu corpo e da minha alma.
O meu único pensamento era fugir. Sair dali e voltar para meu apartamento que era o único lugar onde eu me sentia segura, mas não podia, pois eu não tinha dinheiro, minha bolsa havia ficado no carro do Edgar. Eu não tinha roupa, pois havia sobrado muito pouco do meu vestido e a calcinha estava rasgada e jogada em algum lugar no carro.
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Desejos e Mentiras (Concluída)
RomanceAna Clara é uma economista que trabalha há três anos na ENDEAVOR INCORPORAÇÕES, uma grande empresa de empreendimentos imobiliários de propriedade do empresário Eduardo Mendes Quental Júnior. Eduardo é um empresário de sucesso, acostumado a ter toda...