Capítulo 27 - Encontrando com o passado

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Terça-feira, chegando mais cedo do que de costume.

Esse é um capítulo muito especial para mim. 

Espero que você gostem.


A empresa de segurança me avisou na quinta de manhã que haviam encontrado meu suposto irmão.

Suposto, pois minha mãe havia me dito que a mulher que havia fugido com meu pai tinha abortado a criança quando meu pai morreu, pois ela queria dinheiro e como não haveria mais dinheiro, não havia porque ela ter a criança.

Eu havia convivido com essa história a minha vida toda e agora descubro que ele pode estar vivo. Que meu avô escondeu isso de mim a vida toda e eu não entendia o motivo. Logo teria que ir lá atrás de respostas.

Encontrá-los era a única forma de saber o motivo do meu avô ter dito que eu precisava me reconciliar com o passado para ser feliz.

Muito a contragosto, pedi para Carla desmarcar minha reunião com a Ana e resolvi ir para o Rio tirar tudo isso a limpo.

Dispensei minha segurança, mandei Carla alugar um carro no Rio, peguei o endereço e parti para o Rio no primeiro voo da sexta-feira e de lá segui de carro.

Segundo os relatórios, eles moravam numa cidadezinha de 26 mil habitantes no interior do Rio, na região serrana, chamada Bom Jardim. Ficava a uns 120 km de distância da capital e a 20 de Nova Friburgo.

Cheguei na cidade por volta das 10 horas da manhã. Passei numa padaria, tomei um café e perguntei pela rua tentando obter informações, pois bastava eu colocar no GPS que eu acharia.

A mulher que me atendeu me ensinou a chegar no local, mas como boa dona de padaria de cidade pequena, quis saber quem eu procurava, quem eu era, de onde eu vinha e por aí diante.

Eu disse quem procurava e ela respondeu que conhecia Gabriel e mãe dele Beatriz. Disse ainda, muito entusiasmada, que não tinha uma pessoa na cidade que não conhecia e não amava Gabriel. Que ele era o queridinho de todos.

Ela me contou um monte de história sobre ele, mas eu não entendi quase nada, pois ela me contava como se eu o conhecesse e como se eu conhecesse todo mundo naquela cidade, mas eu não conhecia ninguém.

Cheguei finalmente a rua indicada e pelo número cheguei no local.

Era uma loja de variedades com duas portas, acima havia mais três andares, sendo que no último, pela sacada, devia ser um apartamento.

Entrei na loja, olhei em volta e então ouvi alguém gritar falando meu nome:

- Mãe, corre aqui, o Edu veio! O Edu veio!

Um rapaz de aproximadamente vinte e cinco anos veio até mim e me abraçou dizendo:

- A mãe sempre disse que você viria – e começou a chorar – e você veio. A mãe tinha razão.

Eu estava estático sem saber o que fazer, mas percebi que aquele devia ser Gabriel, meu irmão, não era mais meu suposto irmão, era meu irmão, pois o que senti quando ele me abraçou não me deixou ter nenhuma dúvida.

- Oi, Gabriel – falei abraçando-o – eu não vim antes porque ninguém tinha falado de você pra mim.

Ele se afastou e começou a bater as mãos em movimentos repetidos e sincronizados.

Uma mulher se aproximou, sorriu pra mim e disse para meu irmão:

- Eu disse que um dia ele viria, não disse?

Desejos e Mentiras (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora