Segunda-feira, como sempre, acordei às cinco e meia da manhã, mas estou sem ânimo para me levantar.
Fico na cama me lembrando da festa do sábado, foi uma loucura eu ter ido, definitivamente eu não fui feita para esse tipo de vida, mas por outro lado, quando me lembro do que senti quando aquele estranho me tocou, começo a pensar se não estou perdendo alguma coisa.
As sensações foram dignas de serem cenas de um romance erótico, a mão na minha boca, mão firme, forte, mas ao mesmo tempo suaves, pois quando ele passou a mão pela minha barriga e foi subindo até meus seios foi o mesmo que ir do paraíso para o inferno e vice-versa.
E os seus lábios no meu pescoço, suave, quente, gostoso. Nunca senti nada igual.
Mas agora é hora de enfrentar a realidade, não vou voltar aquele clube nunca mais e não vou ver aquele estranho nunca mais, até porque ele não sabe quem eu sou e eu não sei quem ele é.
Então vamos à luta.
Coloquei as roupas de sempre, ou seja, calça jeans, camisa, sapatos confortáveis. Um coque bem preso para não sentir calor, pois tenho que pegar dois ônibus, o metrô e pra chegar a empresa onde trabalho, ando mais quinze minutos.
Não posso comprar um carro ainda, pois estou pagamento o apartamento que moro e nos dois primeiros anos as prestações foram altas, mas logo, logo ela estará mais baixa e então poderei comprar meu carro.
Eu não podia perder a chance de comprar o apartamento. Eu e Manu moramos aqui desde a época da faculdade, então quando o dono quis vender, eu não tive dúvidas, peguei o dinheiro que estava guardando para o carro e dei de entrada no apartamento.
Ele fica numa ótima localização no Butantã, próximo a USP e tem tudo o que se precisa na maior facilidade.
Manu queria comprar de sócia comigo, mas na época ela estava desempregada e não foi possível, mas dividimos as despesas e isso facilita para mim.
Seis e meia, pego o ônibus, depois o metrô, depois outro ônibus, caminho quinze minutos e às dez para as oito chego na empresa.
Sou assistente do diretor de captação de recursos da ENDEAVOR INCORPORAÇÕES, uma grande empresa de empreendimentos imobiliários que está entre as maiores e mais bem conceituadas do país.
Eu trabalho numa equipe de cinco pessoas, dois homens e três mulheres.
Meu papel na equipe é de finalizadora dos trabalhos de forma a tornar claro e simples para os leigos, como meu chefe que é ótimo de papo, charmoso, bem relacionado, mas que não entende bulhufas de números.
Então eu monto os relatórios de forma bem simples, faço as apresentações e mastigo tudo para ele, então ele pega nosso trabalho e diz que é dele, mas nenhum de nós liga, pois ele é o chefe e nós ganhamos para isso.
Segunda-feira é dia de reunião de diretoria, normalmente acompanho Maurício para salvá-lo em caso de necessidade, mas esse salvamento nunca acontece, pois ele é muito bom de enrolação.
Eu adoro ir a estas reuniões, fico antenada em tudo o que acontece na empresa e tenho oportunidade de ver nosso chefão, que todos chamam de poderoso chefão, menos na frente dele, é claro.
Às dez, meu chefe põe a cabeça fora da porta de sua sala e avisa que terei que acompanhá-lo a reunião, pois iremos apresentar os resultados dos estudos de viabilidade que eu estava terminando.
- Vai ver o poderoso chefão hoje, hein Clarinha? – Fala Joana do outro lado da sala.
Fico vermelha igual pimentão, pois todos sabem que nutro um amor platônico por ele, apesar de não ser só eu, a maioria também nutre.
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Desejos e Mentiras (Concluída)
عاطفيةAna Clara é uma economista que trabalha há três anos na ENDEAVOR INCORPORAÇÕES, uma grande empresa de empreendimentos imobiliários de propriedade do empresário Eduardo Mendes Quental Júnior. Eduardo é um empresário de sucesso, acostumado a ter toda...