Capítulo 28 - Em busca de respostas

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Gabriel passou a ligar para mim todos os dias à noite e aqueles momentos passaram a ser especiais para mim. Ele me contava sobre o seu dia, sobre as pessoas que conheci e sobre sua família.

Ele era britânico. Às 19 horas em ponto o meu celular tocava e eu largava o que estivesse fazendo para conversar com ele. Afinal ele era meu único irmão e foram anos de distância sem explicação.

A semana foi bastante produtiva e cada vez mais Ana baixava a guarda. Ela se mantinha fria e tentava manter a distância, mas eu aos poucos ia me aproximando.

Com toda razão, ela estava magoada e ferida. Eu tinha sido um canalha com ela, mas eu a amava e a queria comigo, sem reservas.

No domingo, como sempre, fui visitar o meu avô e contei a ele tudo o que aconteceu. Falei muito sobre Gabriel e o quanto eu precisava que ele conversasse comigo sobre tudo o que aconteceu, pois havia muitas perguntas sem resposta que estavam me matando.

Ele permaneceu impassível, falando coisas sem sentido às vezes, como se aqueles momentos que ele recobrou a memória não tivessem existido. E eu continuei sem as respostas que eu precisava.

Então resolvi ir falar com minha mãe.

Liguei para ela e combinei que iria almoçar com ela. Cheguei no apartamento dela por volta do meio dia e ela estava me esperando com o almoço pronto.

- Meu Deus, Edu! – ela falou feliz – Não acredito que você veio me visitar!

- Não faz drama, mãe. Nos falamos e nos encontramos sempre – falei repreendendo-a.

- Até parece que as poucas palavras que trocamos, possam ser chamadas de conversa.

- Então estou aqui para conversar com a senhora – falei dando um abraço nela – está bom assim?

Ela ficou muito feliz com a minha visita e me senti culpado por não visitá-la mais vezes. Afinal com todos os defeitos, ela era minha mãe e do jeito dela cuidou de mim como pode e como deu.

Resolvi não tocar no assunto imediatamente, eu não queria que ela ficasse desconfiada. Eu precisava primeiro preparar o terreno para depois entrar no assunto que eu queria.

Almoçamos e passamos uma tarde tranquila. Dormi um pouco e quando acordei ela estava na piscina. Minha mãe mora numa cobertura no Morumbi.

A cobertura possui duas salas. Em uma delas há uma lareira a lenha e um piano de calda em laca branca e é integrada a espaçosa sala de jantar. Há uma ampla cozinha para grandes recepções, integrada a sala de almoço e lounge café.

Possui cinco suítes, sendo uma transformada em um luxuoso escritório. A outra é uma suíte máster com amplo closet,espaço para maquiagem, sala de banho, ante sala, jardim de inverno, lareira elétrica e frigobar, sendo que os banheiros possuem acabamento em mármore.

Há também rouparia, bar com balcão em mármore translucido, adega de vinho climatizada, elevador privativo, espaço goumet completo, projeto luminotécnico, sistema de som ambiente,duas dependências de empregada, portas blindadas e sistema de pânico.

Há câmeras wireless com 16 pontos, todas as venezianas do apartamento são automatizadas, ar condicionado central,deck de madeira com piscina /SPA aquecida, tela de projeção de 200 polegadas, sauna seca, living externo, 6 vagas na garagem.

Todas às vezes que venho aqui me pergunto por que minha mãe insiste em morar num apartamento tão grande e com tanta ostentação?

Depois que me apaixonei por Ana, acho que ela é porque ela é tão sozinha que precisa compensar se cercando de coisas materiais e isso me entristece profundamente, pois sou parcialmente culpado por toda essa solidão. Não tenho sido um bom filho.

Desejos e Mentiras (Concluída)Onde histórias criam vida. Descubra agora