Saímos do motel no final da tarde. Eduardo, durante todo o trajeto, ficou calado e pensativo, apesar de algumas vezes ele pegar a minha mão e levá-la aos lábios me olhando por breves instantes quando ia largá-la.
Olhei várias vezes pra ele, sendo que sempre estava com o semblante fechado como se estivesse muito preocupado e eu tinha certeza que a preocupação era comigo, pois havíamos combinado que seria apenas uma vez, mas a atração foi maior e ficamos juntos de novo.
Creio que ele deve estar pensando que agora eu pegar no pé dele e que vou me aproveitar da situação para conseguir privilégios na empresa. Contudo, do fundo do meu coração, espero que ele não esteja pensando isso, pois eu jamais teria coragem de me aproveitar de uma situação, muito menos de pegar no pé dele. Eu amo esse homem, mas tenho princípios bem definidos na minha vida.
Chegamos ao meu apartamento por volta das seis da tarde. Ele se virou para mim, olhou-me intensamente e deu um sorriso, contudo seu sorriso não conseguiu alcançar seus olhos.
Ele me puxou para ele e me deu um beijo suave e demorado. Acariciou meus cabelos e meu rosto lentamente e ia começar a falar, mas eu o interrompi. Eu queria que tudo terminasse tão lindo como começou, então eu disse:
- Não se preocupe, Eduardo. Eu sei que não cumprimos o que prometemos no Rio, mas eu fiquei com você hoje sabendo que seria só hoje. Não vou pegar no seu pé e nem pedir nada. – Fiz uma pausa e continuei – Só quero que você saiba que foi o melhor dia da minha vida.
Antes que ele falasse alguma coisa, beijei-o, desci, entrei no prédio sem olhar para trás. Hoje seria o início de uma nova fase na minha vida. Eu precisava colocar meus pés no chão e deixar de sonhar, pois apesar do que aconteceu entre nós, Eduardo estava fora do meu alcance.
Cheguei ao meu apartamento doida para descansar, mas uma gritaria começou assim que abri a porta. Estavam lá Cris, Manu e Carol.
- Conta tudo, Clarinha! – Gritaram ao mesmo tempo.
- Ele é lindo e gostoso demais! – Gritou Manu.
- É um Deus grego! – Falou Cris me puxando para o sofá.
- O negócio dele é grande? – Quis saber Carol.
Comecei a rir de toda aquela confusão e me joguei no sofá, mas elas não pararam até eu que não tinha jeito e eu comecei a contar:
- Foi a melhor noite da minha vida – falei sonhadora – ele é maravilhoso, carinhoso, delicioso e todos os "osos" que existirem.
- Mas é o negócio dele? – Insistiu Carol.
Coloquei minhas mãos sobre o meu rosto e elas subiram por cima de mim reclamando que era demais ele ser rico, bonito, gostoso e ter um negócio grande.
Rimos muito, mas não entrei em detalhes e não contei que esta era a segunda vez que ficamos juntos, pois o que aconteceu no Rio ficou no Rio e era um segredo meu e dele. De mais ninguém.
Cris e Carol foram embora já era mais de meia noite e eu precisava urgentemente dormir, mas Manu veio até meu quarto e como ela me conhece muito bem, sabia que havia acontecido muito mais coisas do que eu havia contado.
- Você está bem, Clara? – Perguntou calmamente.
- Estou com medo, Manu – falei arregalando os olhos brincando – você falar com essa calma e me chamar de Clara, é porque o negócio é sério!
Ela deu uma risada e continuou:
- Eu me preocupo com você, garota! Você é muito inocente e sonhadora e está apaixonada pelo gostosão, mas eu acho que isso não é uma boa coisa.
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Desejos e Mentiras (Concluída)
RomanceAna Clara é uma economista que trabalha há três anos na ENDEAVOR INCORPORAÇÕES, uma grande empresa de empreendimentos imobiliários de propriedade do empresário Eduardo Mendes Quental Júnior. Eduardo é um empresário de sucesso, acostumado a ter toda...